A armadilha do personagem clichê

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Se há uma coisa que me irrita, é assistir ou ler algo cheio de clichês. Um aqui outro lá,  até dá para engolir,  mas tem uns que me fazem fugir como vampiro do alho.

E nós escritores tomamos muito cuidado para não cair nessa armadilha, porém as vezes fica difícil de identificá-los.

Então escolhi alguns, aqueles que acho bastante comuns:

O detetive desleixado, aquele que come pizza fria e se veste mal. --Se bem que se for bem trabalhado, pode ser charmoso.

O psiquiatra que dorme com as pacientes.  - esse não tem jeito, sempre imagino um cafajeste.

A prostituta de bom coração  - argh - já deu né?

O tira alcoólatra - sem saco pra ele.

O politico corrupto - é um baita clichê, ainda mais aqui na república da banana, mas acho que esse, ainda temos que engolir.

O professor atrapalhado - não posso nem falar nada, tive um professor desses de física, ele era todo sem jeito e se vestia mal, mas era lindo. Acho que dou um desconto pra ele.

A loira burra - acho que essa não vai mais nem em piadas né?

A enfermeira gostosa -- mas ainda mexe com o imaginário masculino

O lindão que sofreu maus tratos na infância -- chega de Christian Grey, please!

A amante manipuladora -- essa dá raiva, mas tem muitas por aí.

A esposa traída e bobinha -- prefiro uma esposa que parece ser assim ,mas no fundo é uma cobra.

A carola fofoqueira-- ainda são divertidas ... lembra da dona Teodora personagem de Laura Cardoso em Gabriela? Se tiver uma veia cômica, fica ótima.

A virgem fogosa -- essa tem muitas -- mas dá pra variar pondo uma bem linda, ao invés de uma mocreia.

Sabe qual o problema com o clichê? É que eles são previsíveis. Nenhum leitor curte uma trama que está cheia de personagens que vão fazer exatamente o que esperam deles.

O legal é quando aparentemente o personagem é clichê, mas damos uma nova vida a ele, ele se trona cheio de surpresas e irreverente e tudo de bom.

Quem se lembra do personagem Felix, a bicha má, interpretado brilhantemente por Mateus Solano? Todo mundo achava que ele seria sempre um poço de maldades, mas ele era divertido, humano, sarcástico e às vezes até bonzinho.

Então pense bem antes de criar seu personagem, se vai ser clichê, faça-o surpreender, ninguém aguenta o presumível.

No próximo capítulo, vou falar sobre a narrativa e o ponto de vista. Isso temos que decidir antes de tudo, ou depois vai ficar uma bagunça se não determinarmos o tempo correto da narração.

Se alguém discorda, ou gostaria de acrescentar clichês, fique a vontade. Gosto de receber sugestões, elogios e até críticas.

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