Advérbios ou adjetivos como marcadores de diálogos:
Frequentemente, escritores querem ter a certeza de que seus leitores percebam a emoção que eles precisam transmitir no diálogo, então eles exageram e "douram a pílula" adicionando adjetivos ou advérbios nas marcações.
Veja exemplos:
--- Maria Júlia! O quê você está fazendo aí? --- Tom perguntou em tom raivoso.
--- Saia já daqui! --- disse Mario altivamente.
--- Não te interessa! --- respondeu Carla enraivecida.
Esses advérbios ou adjetivos são muitas vezes desnecessários e redundantes. Embora muitos leitores não se incomodem com eles, editores e agentes literários irão notar o escritor imaturo.
Raramente, em poucas ocasiões, um advérbio cairá bem numa marcação. Certifique-se de que o seu uso irá realmente adicionar algo que já está explicito, e lembre-se, mostre e não conte.
Escrevendo diálogos intermináveis
Se você notar que um só personagem tomou metade de uma página falando, você tem um problema. Não vai parecer um diálogo e sim um monólogo.
- Quebre diálogos com ações
- Quebre com pequenos trechos de cenários
-- Evite monólogos
Já aconteceu de você estar lendo um diálogo --- um personagem fala, o outro responde, e então outro e, em algum ponto você perde a trilha e tem que voltar para entender quem está falando o quê?
Algumas dicas para facilitar a vida do leitor:
Exemplos:
Com marcação: --- Cai fora! --- disse Ana.
Colocando o nome: --- Cai fora, Maria!
Colocando alguma descrição física: Ana cruzou os braços --- Cai fora.
Diálogos clichês
Assim como personagens estereotipados, algumas frases ficaram manjadas por muito uso.
Elas já deveriam ter sido aposentadas há tempos, mas elas soam tão familiares que muitos escritores nem percebem o clichê.
--- seus olhos eram mais azuis que o céu
--- quando a vida te dá um limão, você faz uma limonada
--- fria como o gelo
--- venenosa como uma cobra
-- um deus grego
--- negro como a noite
--- branca feito um papel
Esses são apenas uns clichês entre muitos, pense, lembre-se e fuja deles. Invente coisas novas. Outro dia eu li:
Ela estava se sentindo um coqueiro na neve. Original, divertido e de fácil compreensão.
Seja criativo e único!
Muito dialeto
Evite dialetos e muitas gírias, a menos que você seja um estudioso da área ou conhecedor profundo da linguagem local.
Fica muito legal, romântico, mas quando exagerado, cansa!
Mauricio de Souza criou um caipira perfeito, o Chico Bento, mas lembre-se de que ele nasceu no interior de São Paulo, em Santa Isabel, cresceu ouvindo o som e as palavras do Chico.
No próximo capítulo vou falar sobre cenários.
Se ainda tiver dúvidas ou sugestões sobre diálogos, me escreva! Será um prazer se eu puder ajudar.
Boas letras!
www.jaquebeloto.com
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Como Estruturar Seu Romance
Non-FictionNesse livro vou dar dicas de como elaborar um romance. Criando diálogos, personagens, cenas e muito mais. São conhecimentos que adquiri através de vários livros que tratam de ficção americana, além de workshops que participei em Nova York. Claro que...