Nos dias que seguiram, Apollo sentiu que Eduarda estava mais leve, mas tranquila. Parece que ter algum domínio sobre Antonino fez muito bem a ela. De fato, nenhuma decisão importante da vida da menina tinha sido tomada por ela.
Durante muito tempo Nino guiou a vida dela à seu bel prazer, depois o pai Murilo e o tio Ramon tinham tomado as providências sobre seu casamento e então depois do nascimento de Thierry ela tinha se tornado nada mais que uma mãe dedicada ao filho que trabalhava no bistrô do melhor amigo e fim de vida útil.
Eduarda não saiu, não tentou se relacionar novamente. Ela não viajava, não tinha nenhum interesse além da vidinha muito cotidiana que levava. Mas agora com o retorno do ex marido e pela primeira vez tomando as rédeas da situação, a moça estava radiante.
-Então, essa semana é a do Nino?
A chef olhou para o amigo com ares divertido.
-Não faça com que eu me sinta uma cortesã.
Apollo riu alto com a escolha de palavra dela. Até nisso, sua amiga querida era antiquada.
-Longe de mim. Só achei que era uma sequência simples. Uma semana para cada, já que me disse que o Nino exigiu direitos iguais e você jantou com o Bryan ontem.
-Não quero que isso se torne algo mecânico. Quero apenas ser livre nas minhas escolhas porque é a primeira vez que tenho alguma escolha. Bryan está esclarecido sobre os pontos e o Nino vai ter que suar um pouco a camisa pra me ter de volta.
Olhando pra ela em descrença, Apollo franziu o cenho. Aproximou-se dela e colocou a mão na sua testa fingindo medir sua temperatura. Duda riu da brincadeira.
-Não estou doente. E sim, ainda amo aquele brutamontes sem alma. Mas simplesmente não posso me doar sem nenhuma resistência. Não mais, não depois de tudo.
-Mas ele vai vencer no final. Nós dois sabemos disso.
-Não é uma competição Apollo. É apenas um momento que quero me permitir. Saber que eu tentei outro caminho. Ter a certeza de que pela primeira vez na vida, eu estou em equilíbrio e posso dizer que eu me amo tanto quanto eu o amo. E que eu posso me dar a oportunidade de gostar de outra pessoa se isso for possível. Sentimentos não são imutáveis e eu quero saber o quanto os meus podem ser lapidados ou quem sabe até modificados...nunca se sabe.
Naquela semana, Antonino levou Eduarda para jantar em um restaurante fino. Ele foi agradável, divertido e encantador. Falou sobre seu trabalho, seus planos, a equipe que comandava. Conversaram sobre o Thierry e as coisas que sonhavam pra ele. A noite foi encantadora.
Quando estacionou na frente da casa dela, ele desligou o carro e se virou pra ela. Eles se olharam e caramba, deveria ser proibido ser tão bonito. Nenhuma palavra foi dita, ele apenas se curvou até ela e a beijou como somente ele sabia beijar.
Nino não queria pensar que estava compartilhando aquela boca maravilhosa, que aqueles lábios suaves tinham beijado outro, mas foi impossível e seu instinto de homem das cavernas aflorou. Ele a queria só para si e seu beijo deixava bem claro a quem ela pertencia, embora a menina estivesse resistente em admitir isso.
Foi difícil se afastar, mas Eduarda delicadamente conseguiu interromper o contato boca-a-boca. A voz estava derretida quando ela tentou ser firme.
-Preciso entrar Nino.
-Melhor beijo sempre.
Ela sorriu tímida.
-Considerando sua experiência de campo, me sinto lisonjeada.
Ele a beijou de novo, mas suavemente agora.
-Sim, é melhor você entrar.
A excitação dele estava tão evidente que eles riram. Eduarda deu uma piscadinha sexy e saiu do carro confiante. Nino ficou extasiado, colocou a mão no coração e atirou a cabeça pra trás como se estivesse enfartando. O rapaz ficou olhando enquanto ela caminhava rumo à sua casa e ca.ce.ta.da...como tinha deixado uma mulher dessas escapar? Estava adorando essa nova Eduarda e mal podia esperar quando estaria de uma vez por todas de volta em sua vida.
A saída com o Bryan só rolou na outra semana. Lana chegou atrasada para ficar com Thierry e se desculpou com voz afobada.
-Desculpa Duda, te atrasei para o seu compromisso...
-Sem problemas, eu e o Bryan aproveitamos para tomar um drink antes de ir.
-Não vão perder a reserva do restaurante por minha causa, vão?
-Não vamos a nenhum restaurante. Vamos pegar um cinema e temos comer alguma coisa na praça de alimentação do shopping e fique tranquila que temos algum tempo até a sessão começar.
A moça sorriu aliviada e o casal saiu em seguida. A babá discou rapidamente e a voz de um Antonino ansioso atendeu no primeiro toque.
-Onde eles foram?
-No cinema do shopping. Só pode ser o do centro porque saíram daqui em cima da hora.
-Valeu Lana.
Nino desligou e fez outra chamada.
-Mãe? Preciso que vá ao shopping. É, agora mãe...
Eduarda estava na fila do cinema quando viu tia Nick e tio Ramon comprando os ingressos. Ficou tensa. Caramba, não era possível que eles iriam assistir ao mesmo filme. A fila andou e Bryan colocou a mão nas costas dela para que eles avançassem.
-Está tudo bem? Ficou séria de repente.
-Nada demais.
-Vamos?
Eles seguiram o fluxo e entraram no cinema confortável e grande. Sentaram-se bem no alto que era onde ela gostava de ficar. Sua atenção estava toda na porta de entrada e tentou relaxar. Imagina que o tio Ramon iria assistir uma comédia romântica, claro que não e até onde sabia nem mesmo a tia Nick tinha hábito de ir ao cinema.
Bryan estava falando alguma coisa com ela que não sabia bem o que era, os olhos sempre voltando para as pessoas que continuavam a entrar. E então seu pesadelo. Os pais de Antonino estavam vindo em sua direção. Que droga, não queria que eles a vissem com o Bryan.
Nesse tempo todo que Antonino esteve distante, eles foram muito presentes na vida do neto. Visitavam Thierry com regularidade, eram avós atenciosos , carinhosos e muito dedicados ao menino. Eles a apoiaram desde o primeiro dia até agora e nunca tinham visto a menina com ninguém, o que eles pensariam se soubessem que bem agora que o filho deles se mostrava arrependido e responsável, ela tinha decidido viver um pouco sua vida?
Os ex-sogros olharam para ela e sorriram quando a viu. Pararam para cumprimenta-la.
-Duda, que surpresa te ver aqui.
Tia Nick se curvou para beijá-la e tio Ramon fez o mesmo. Ambos olharam para o Bryan e Eduarda se sentiu na obrigação de apresenta-lo.
-Ah, esse é meu amigo...o Bryan.
Cumprimentos foram trocados e o casal subiu mais uma fileira e se sentaram atrás dela. Nunca mesmo que deixaria o rapaz sequer pegar na sua mão com os avós do seu filho atentos a cada movimento seu. Sua noite tinha sido arruinada, mas fazer o quê? Muito azar ir ao cinema no mesmo dia que os pais do Nino também tinham resolvido fazer programa de casal.
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A Cozinheira - "4o.Coligado aos Agentes da BSS"
RomansaNino aprendeu desde cedo que a vida era para ser vivida. Sexo, festas e garotas bonitas estavam no topo das suas prioridades. Ele era o garanhão da escola. Um conquistador nato que nunca ouviu um "não" de nenhuma das garotas que almejou levar pra ca...