Capítulo 4

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Minha primeira aula é inglês. Ainda bem que não estou mais no Brasil. Aquelas regras me deixam totalmente confusa. Aqui na Califórnia as escolas são melhores. No começo foi difícil mas depois de uns 4 meses eu me acostumei.
Tudo é tão diferente aqui. Eu tenho saudades do Brasil, meu pai mora lá. Vou visitar ele algumas vezes. Mas está difícil de ir pra lá esse ano, não se vejo ele nesse ano. Faz uns 8 meses que eu não o vejo. Falo com ele quase todos os dias mas a saudade só aumenta.
A professora começa a passar uns exercícios la lousa, isso me traz a realidade de novo. Ela diz para escrevermos o que estamos sentido no momento. Eu realmente não entendo minha professora, ela gosta de passar produção de texto em aula de inglês. Melhor não dizer nada e apenas ecrever. Começo meu texto:

O que estou sentindo nesse momento? Tem tantas coisas que estou sentindo que não sei qual delas vou escrever. Bom, vou escrever o que mais sinto nesse momento.
Sinto saudades, saudades do meu pai que está no Brasil. Saudades de quando era do Brasil. Mas sem dúvidas que aqui é melhor. Bom, na maior parte do tempo. Deixei muita coisa lá que tenho saudade. O incrível da saudade é: quando estamos longe a saudade é imensa, mas quando estamos juntos parece que nunca houve saudades daquela pessoa.
Bem, a outra coisa que estou sentindo... bom, acho que é amor. Mas é aquele amor que não é correspondido. A paixão que eu sinto é totalmente errada. Mas acho que a vida é assim, de amores não correspondidos e saudade.
Acho completamente estranho gostar de alguém que eu falei apenas duas vezes na vida. Todos acham isso, mas quem sou eu para falar de amor? Uma garota simples no 2º ano do colegial. Antes que pire de amor por alguém que só sabe meu nome, vou tentar esquecer. O esquecimento é uma coisa difícil. Acho que eu não sei esquecer, só sei arquivar as coisas. O que é realmente esquisito, esquecer seria bom se eu soubesse como faz.
Melhor eu parar por aqui antes que eu escreva quase uma bíblia sobre o amor e a saudade que eu sinto.

Terminei de escrever e entreguei para a professora. Depois de alguns minutos o sinal toca. Minha segunda e terceira aula é educação física. Acho desnecessário ter duas aulas seguidas. Cansativo demais. Estou no vestiário me trocando. Coloco uma legging cinza e uma regata preta. Chegando na quadra a professora avisa que teremos aula com mais uma turma. E por minha surpresa é a turma de Peter. Até então estava na arquibancada, a professora chama todos para o centro da quadra. Entro na quadra torcendo para que ele não me veja. Para meu azar quando boto meu pé na quadra ele me vê e anda em minha direção.

- Lara! Que coincidência a professora juntas nossas salas, né?
- Né! - digo com um sorriso nervoso.
- Que horas vai ser sua última aula? Espero que termine no mesmo horário que a minha.
- Fico aqui até a oitava aula.
- Ah que sorte, eu também. - ele disse depois de um suspiro de alivio.
- Escolham duplas. Vocês terão que fazer um circuito em duplas. - a professora falou e Peter olhou para mim com um sorriso.
- La, quer ser minha dupla? - Peter disse me olhando com carinha de dó.
- Ahn... pode ser.

Depois de duas longas aulas de educação física volto à sala. Peter estava, aparentemente pelo menos, muito feliz por ter feito dupla comigo. Minha aula agora é de matemática.

Depois de mais duas aulas, uma de matemática e a outra de geografia é o almoço.
Cheguei no refeitório peguei meu almoço e fui me sentar junto com Kauê e Lo.

- Fiquei sabendo que fez dupla com Peter. - Lorena disse.
- Como você sabia? - falei num tom com curiosidade.
- Ué, quase toda escola sabe já. - Kauê disse rindo.
- Que? A escola toda já sabe? To perdida...
- Oii La! - Meu Deus Peter ta sentando ao meu lado.

Uma paixão secreta... ou quase.Onde histórias criam vida. Descubra agora