Capítulo 6:Líria!

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-Obrigada por esclarecer isso Kura!- falei irritada. Voltei a andar na frente dela.

-Não foi o que eu quis dizer!- disse ela desesperada. -Não foi...-

  Quem ela pensa que é? Eu não sou um fardo. Eu sei me defender, eu sei lutar. Se eu pudesse provar para ela, estaria tudo resolvido. Se eu não tivesse passado três meses dormindo nada disso seria problema, mas não sei se impediria a lágrima que deixei cair. Ela é a minha melhor amiga e está dizendo isso, então o que os outros devem pensar de mim?

-A senhorita está bem?- perguntou uma velha senhora. 

-Sim, estou bem!- falei. Me lembrei do dia em que fui atacada. Era uma velhinha igual a aquela. Eu já vi um monstro, então por que a Kura disse aquilo? 

-Tem certeza? A senhorita pode tomar um chá na minha casa para se acalmar.- ela falou sorrindo. Desde aquele dia eu não aceito mais ajuda de estranhos. 

-Realmente estou bem. Não precisa!-falei sorrindo nervosa. Ela pegou a minha mão e começou a puxa-la. -Não, não precisa!- 

A Kura pôs a mão no ombro dela de forma assustadora. 

-Ela está comigo!- ela disse. A senhora se virou e olhou para a marca que ficava na mão da Kura. 

-Ah! Sinto muito! Já estou indo!- ela saiu correndo e correu demais para uma velhinha. Então ela realmente era um monstro também. Que sorte a minha, né? Só para não dizer o contrario. Eu voltei a andar e a Kura ficou para trás. 

Foi aí que eu me lembrei que é a segunda vez que ela me salva do mesmo tipo de monstro e eu nem sequer agradeci. Ela é a minha melhor amiga, se continuar assim vamos nos separar e a culpa vai ser minha. Ah! É complicado manter amizades. Okay. Vou agradecer e pedir desculpas. 

-Kura...- murmurei. -Desculpa por ter feito todas aquelas perguntas e obrigada por...-  

Eu me virei e ela não estava mais lá, só havia um monte de gente para lá e para cá. Quando ela ficou assim? Desaparecendo do nada e me deixando falando sozinha... É melhor eu voltar para o castelo, não tenho nada para fazer aqui sem ela. 

-Oi, Líria!- Falou o Sayen aparecendo repentinamente na minha frente. Obviamente eu levei um susto. 

-Nossa! Você me assustou.- falei me respirando fundo.

-Foi mal. Eu deveria ter avisado!- falou ele sorrindo. -A Kura me pediu para ficar com você enquanto ela comprava algumas coisas. Na verdade, ela ameaçou me matar caso eu não fizesse isso.-

Eu ri. Essa é bem a cara da Kura... Ele riu também.    

-Ela teve que te ameaçar para isso?- 

-Não é que eu não quisesse ficar com você no lugar dela, é só que ela... me obrigou sem... necessidade...- 

-Hum... Sei...-

Nós estávamos numa aldeia super movimentada e conversando no meio dela, então é óbvio que as pessoas estavam escutando a nossa conversa esquisita.

-Vem comigo! Vou te mostrar um lugar incrível que encontrei!- ele pegou o meu braço e saiu me puxando para algum lugar.

-Espera aí! Eu... não consigo correr como vocês ainda!- Acho que ele não escutou. Bem, o melhor jeito de aprender é na pratica, mas não sei se dá para aprender tropeçando a cada centímetro que se passa. Olhei em volta e vi um homem puxando varias pessoas com correntes, provavelmente escravos. Por que não fazemos nada? Vamos simplesmente ignorar? Uma garotinha de aparentemente 6 anos, olhou para mim e sorriu, inocente.

Absolute soul: Os escolhidosOnde histórias criam vida. Descubra agora