O passado: Líria(parte 2)

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(Líria P.O.V ):

-O que é você?-perguntaram para mim enquanto formavam um círculo à minha volta.

-O que sou eu?-perguntei de volta tentando me levantar do chão mas um deles estava me segurando. Não dá para fugir.

Monstro. Demônio. Assassina. Morte. Verme.Vaca. Ameaça. Destruidora. Perigo. Insubordinada. Desmenbradora. Tenho vários apelidos que não gosto mas o que eu mais odeio é "Líria". Eu odeio a mim mesma. Eu odeio meu nome. Eu odeio odiar. Eu odeio matar. Odeio obedecer. Odeio ser o que eu sou. Odeio ser solitaria. Acima de tudo, odeio ser odiada.

-Eu... eu não sei o que eu sou.-falei abaixando a cabeça.

-Pois eu lhe digo. Você é um pesadelo ruim.-disse o cara que estava me segurando. Pesadelo? Essa é nova.-Pesadelos tem que acabar não acha?-

-Sim, acho!-respondi. Todos os garotos riram.

-Ela aceita a própria morte.-disse um entre risos.

-Me matem logo! Só façam isso ser rápido!-falei fechando os olhos.

-Não nos dê ordens! Pirralha.- Eles devem ter entre 17 e 18 anos. Ah, como são idiotas. Estão me atacando, que tenho 12 anos em grupo e não conseguem me matar.

-Logo! Por favor! -gritei. Eu já sei como funciona. Depois de todos esses anos... Estou sozinha, para sempre. Ninguém consegue por um fim na minha vida, ninguém. O mundo está contra mim e não me deixa nem morrer.

-Já que está pedindo com tanto jeitinho...- Um deles armou um canivete enquanto o outro levantava minha cabeça para mostrar o pescoço.

-Droga! Demoraram demais!-murmurei.

Essas tentativas suas só me deixam mais irritado. Agora, mate-os!

Aquele sorriso de sempre se formou na minha boca e o meu corpo perdeu o controle. Eu ainda posso ver tudo e escutar também mas não posso fazer mais nada só assistir.

É péssimo ter que ver tudo aquilo mas não posso fechar os olhos. Não mais.

-Eu pedi...-murmurei quando aquilo tudo acabou.-Eu pedi que me matassem logo.-

Me virei para ir embora. Aquela cena de vários corpos no chão não me assusta mais. O céu... o céu vai chorar mais uma vez hoje.

-Eu sou triste?-perguntei para o céu. -Como é ter sentimentos o suficiente para chorar? Eu gostaria de saber... senhor céu da tarde...-

Fazer uma lágrima sair do meu rosto é impossível, afinal não sei o que é tristeza nem felicidade.

-Deus, por que me odeia tanto?-perguntei para o céu. O cheiro do sangue começava a ficar forte.-Eu sou algum monstro? Algum demônio? Um pesadelo?-

O céu da tarde é bonito mas eu prefiro a lua, a lua parece menos vulnerável.

Ninguém respondeu a minha pergunta. Deus já me abandonou há muito tempo.

Um dia antes de conhecer o Darius:

Amanhã é o meu aniversário. Parabéns adiantado para mim mesma.

Acho que se eu vir pelo lado positivo, fazer mais um ano de vida significa que vai demorar menos para eu morrer.

-Líria!-Era a professora falando. Estava na cara o medo que ela estava sentindo.-É... a sua vez de...limpar a sala...depois...da aula!-

Eu assenti com a cabeça e desviei o olhar. A professora suspirou aliviada. É o que se espera de uma escola nova. Cheguei aqui ontem e já ouveram pessoas mortas, se bem que há outras pessoas como eu nessa sala.

Existe a garota de cabelo curto, acho que seu nome é Kura, ela vive se metendo em brigas com caras mais velhos e sempre ganha.

Tem a outra garota, a tal Júniper. Ela se destaca por ter sido dada como morta num hospital mas aqui esta ela, viva. Uma semana depois registraram ela como viva.

Um garoto chamado Kurt que sempre apanha depois das aulas e ninguém nunca viu os caras que batem nele.

O inteligente Sayen, esteve na mesma situação que a Júniper mas ele não tem registros de sobrevivência.

E por ultimo, o garoto mais estranho, o tal Darius. Popular entre as garotas, bom nos esportes e burros nas provas. Ele é bem suspeito, afinal todos que se aproximam dele são assassinados dias depois.

Ah! O que é isso? Uma sala de aberrações?Bem, que seja. "Ele" disse para eu não me envolver com esses garotos estranhos.

-Prazer em conhecê-la! Sou Alexander, o seu supervisor. Por favor, venha comigo!-disse uma homem alto parando bem ao lado da minha mesa. Me levantei e fui atrás dele. Fomos até a parte mais vazia da escola e ele me parou.

-Olá, Líria.-disse a voz dele.-gostou do disfarce que arrumei para lhe vigiar?-

Não respondi nada só fiquei o encarando.

-Não vai falar nada? Ótimo. Isso significa que não tem nada a esconder e que vai me obedecer não é?-Eu assenti com a cabeça e ele pôs a mão no meu cabelo.-Corte o seu cabelo depois daqui. Não consigo ficar nessa forma por muito tempo então até seus sonhos.-

Ele desapareceu.

-Nã quero ter que vê-lo.-murmurei e só escutei sua risada como resposta.

-Parece que tem um grupo interessante com sede de sangue indo na sua direção, Mate-os!-

Eu o obedeci. Só não sei quando vou poder parar.

Absolute soul: Os escolhidosOnde histórias criam vida. Descubra agora