Capítulo 6

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P.O.V Di
Assim que acordei não sabia exatamente onde estava e nem que horas eram, minha visão demorou um pouco para se acostumar com a claridade do quarto completamente branco. Não senti meu braço esquerdo então virei para olha-lo e deparando- me com um gesso assinado pelos parças, pelos meus pais, minha irmã, Ana Lu, Má, Angélica, Bia e pela Ju. Só então lembrei o porque de estar naquela cama de hospital com um dos meus braços imóveis: a Ju. Tudo que aconteceu, ela e o Victor, minha briga com ele, em seguida com ela, minha declaração, o carro vindo em minha direção, e a pancada, se repetiram em minha cabeça.
Meus pensamentos foram interrompidos por uma médica que adentrou no que deveria ser meu quarto.
- Diego, que bom que você acordou!
- O que você quer dizer com isso?
- Levando em consideração o que poderia ter acontecido com você, seus ferimentos foram leves, porém o impacto do carro contra o seu corpo deixou sequelas em sua cabeça, o que o levou a dormir por 3 dias.
- 3 dias?!?!?
Tanta coisa pode ter acontecido nesse tempo...

P.O.V Ju
Meu corpo congelou ao ver o Di, caído no meio da rua sangrando, desmaiado por minha culpa. Obriguei as minhas próprias mãos a discarem 119 no celular:
- Atropelamento, na rua Coronel Arco Verde, número 678. Diego Duarte 17 anos.
Depois de desligar, o meu corpo só sabia cumprir uma função, que era a de chorar como um bebê. Alguns segundos depois minha mãe apareceu desesperada e nós choramos juntas perto do Di.
- Vai dar tudo certo Di, eu prometo.- sussurrei mais pra mim do que pra ele.
Quando a ambulância chegou, os paramédicos fizeram algumas perguntas para minha mãe do tipo se ele bebia, se ele tinha problemas com drogas, as quais me fizeram ter ainda mais raiva de mim mesma. O Di era um dos caras mais certinhos em relação a esse tipo de coisa, odiava bebida alcoólica, não chegava nem perto de drogas, nunca dirigia o carro sem o consentimento do seu pai, e por minha causa, o Di pode nunca mais andar, falar, ou viver.
Afastei esse pensamento da minha cabeça e entrei na ambulância junto com a minha mãe e um Di desacordado.
Enquanto andávamos á toda velocidade, recaptulei tudo o que aconteceu desde que ele apareceu na porta do meu quarto.
Eu estava lendo Red Hill quando ele apareceu no meu quarto e disse que me viu beijando o Victor, começou a falar coisas que eu não conseguia entender do tipo " Eu que sempre estive aqui pra você, não ele", e então ele se declarou pra mim, o que me fez questionar todos esses dois anos que eu passei achando que era só amiga dele, em seguida ele praticamente jogou na minha cara que tinha mentido pra mim sobre dormir com a menina avulsa, obviamente eu fiquei chocada, mas ele saiu voando pela escada, o que se não estivéssemos em uma situação desesperadora eu consideraria no mínimo idiotice descer 14 andares, e depois só vi o carro atingindo-o.
Minha mãe me tirou do meu devaneio avisando que havíamos chegado e no segundo seguinte a maca do Di foi inundada por vários médicos, o que fez com que eu já não conseguisse mais ver o meu melhor amigo.
Não sei em que ponto da madrugada eu acabei dormindo na cadeira de espera, só sei que fui acordada pela minha mãe dizendo que os pais do Di iriam receber um diagnóstico da médica dele.
Levantei, Andei até a máquina de café e pedi um capuccino, quando me virei pra sair um par dos olhos mais lindos me encarava da cadeira mais próxima.
Não podia ceder, não falaria nunca mais com ele, nosso pseudo relacionamento pode ter matado meu melhor amigo.
- Victor, vai embora...
- Vim saber como tá o seu amigo. Fiquei sabendo do acidente.
Quando ele virou um pouco mais o rosto, percebi um roxo em seu olho
- Que roxo é esse no seu rosto?
- Seu amigo ficou nervosinho por que eu te beijei.
- O Di nunca faria isso! Ele não é agressivo.
- Não é o que parece né?
- Depois a gente conversa Victor, o meu Di precisa de mim.
- Certo, vai lá cuidar do coitadinho " do seu Di"mesmo, que eu já tô indo!

Senti meu olho encher de lágrimas e me senti impotente, por mais que eu tente evitar, o Victor meche comigo.
Voltei pra onde minha mãe estava e ela me falou que o Di não teve nenhum ferimento grave, mas devido ao impacto, ele estava em coma na UTI. Essa foi a gota d'agua, tudo o que aconteceu e eu segurei o choro, desmoronou nesse momento.
A última coisa que me lembro foi de adormecer no colo da minha mãe no meio da sala de espera.

Os dois dias que se arrastaram foram o que chamam de "fundo do poço", o meu sentimento de culpa crescia proporcionalmente as horas que passavam e o Di permanecia desacordado. Minha mãe concordou que eu faltasse aula pra descansar em casa, mas eu não saí de perto da porta da UTI exceto para tomar banho e comer, meu celular ficou desligado em casa para evitar contato do Victor , mas atualizava as meninas sempre que podia, pelo celular da minha mãe. Revezava os turnos da noite com a mãe e a irmã do Di mas sempre voltava de manhã antes das 6.

Na tarde do terceiro dia eu estava sentada na minha cadeira de costume, que já tinha até a marca da minha bunda, quando percebi um entra e sai mais constante na UTI. Fui perguntar para a enfermeira se algo havia mudado no quadro do Di, quando vi pela janelinha do quarto dele que a médica conversava com meu melhor amigo que estava acordado! Passei pelos seguranças, enfermeiros e literalmente invadi o quarto:
- DII!!!
Corri pra cima dele e o abracei com toda a força que guardei nos últimos 3 dias.
- Vou deixar vocês a sós, mas como ainda estamos na UTI, só serão 5 minutos. - a médica avisou
- Me desculpa Di! De verdade!
- Você não me empurrou na frente do carro, empurrou? - ele falou rindo com seu bom humor de sempre, a prova de comas.
- Sério, nunca vou me perdoar por isso e...
Acho que ele me perdoou de fato, já que no segundo seguinte nossos lábios estavam grudados..

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