Capítulo 14

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Sugestão de música: Treat you better – Shawn Mendes
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P.O.V Di
Decidi atender o telefone, mesmo que fosse a última pessoa com que eu quisesse conversar naquele momento ou pelos próximos 50 anos.

- O que você quer com a Juju? – Falei curto e grosso.
- O que você está fazendo com o celular dela? – Ele disse ignorando minha pergunta.
- Ela foi tomar banho e deixou o celular na minha cama – Tenho que confessar que falei aquilo de propósito para atingi-lo.
- Eu só queria saber como ela ficou depois daquela confusão na casa do Bruno. Não consegui falar com ela na hora, depois não a encontrei em canto nenhum, fiquei desesperado...- Não entendi por que o cara realmente achava que eu queria saber.

- Você não entendeu né? Ela veio para minha casa justamente por que te viu lá! Ela está te evitando, caso você não tenha percebido. Se eu fosse você, pararia de agir como um stalker atrás da Juju, ou eu mesmo vou ter que te impedir. – Utilizei o momento de forma inteligente, para que ele parasse de ficar atrás da minha Ju.

- Isso é uma ameaça, projeto de Ken?
– Ele falou com o tom de ironia.
- Exatamente – Concordei.
- Pode deixar que eu sei perceber quando estou sobrando, porém nunca se esqueça que você pode tentar parecer bad boy com esse piercing falso e essa bebida toda de hoje, mas a Ju te conhece bem e sabe que você não passa de um filhinho de papai. Ela vai cansar de você antes do que você pensa! – Dito isso, ele desligou na minha cara.

P.O.V Ju
Saí do banho secando meu cabelo com a toalha e envergonhada da quantidade de pele a mostra, pois a blusa do Di ficava na metade das minhas coxas. Tentei não corar ao ter a visão de um Diego seminu deitado e apontando para o espaço ao seu lado, para que eu deitasse.
Me aconcheguei em seus braços enquanto ele nos cobria com o lençol e beijava o topo da minha cabeça.
- Boa noite – Ele sussurrou.
- Boa noite – Respondi
Senti o sono chegando, mas consegui escutar o que ele disse em seguida.
- Eu te amo Juliana.

Acordei com um susto por não reconhecer de imediato onde estava, o Di não estava mais ao meu lado e uma forte enxaqueca tomava conta da minha cabeça. Levantei, tomei uma ducha rápida, vesti as roupas da noite anterior e caminhei pelo conhecido corredor em direção a cozinha.
- Juliana! Há quanto tempo você não aparecia! – A mãe do Di, a Tia Soraya me abraçou rapidamente para que não queimasse as panquecas que estava preparando.
A Mãe do meu melhor amigo era o completo oposto da minha. Enquanto a Soraya é aquela típica dona de casa, cozinheira de mão cheia e mãe coruja de filmes infantis, a minha é  toda moderninha, mal frita um ovo e passa mais tempo fora de casa trabalhando do que decorando o livro de receitas inteiro para reproduzi-lo.
Desde o ano passado, quando comecei a andar com o Diego e eventualmente vinha em sua casa, a Tia Soraya sempre demonstrou um grande carinho e admiração por mim. Sentia-me da mesma forma em relação à ela, só evitava visitas constantes para manter meu peso, porque cada dia era uma sobremesa maravilhosa que me fazia correr mais 1 hora na academia, no dia seguinte.
- Oi Tia! Pois é né? Já tava com saudade da sua comida – Falei comendo a panqueca que estava no meu prato quando sentei.
- Bom dia Mãe! – O Di que tinha acabado de sair do banho, devidamente enrolado apenas por uma toalha na cintura.
- Bom dia Ju! – Me deu um beijo na bochecha – Saí de fininho para terminar um trabalho que tinha para hoje e não quis te acordar – sussurrou.
- Vou terminar de me arrumar e volto para te acompanhar nas panquecas – Piscou e saiu.
Assim que terminamos de comer, saímos com o padrasto do Di para a escola, ele sentou comigo no banco de trás e de vez em quando apertava a minha mão, acredito que para suprir o silêncio que reinava no carro.
Rapidamente dei um selinho no Di e fui atrás de uma das minhas melhores amigas que me emprestaria uma farda.
- Finalmente Gê! O inspetor Xico já tava olhando pra mim com cara feia por causa do short! – Falei meio desesperada.
- Bom dia pra você também, né? – A Gê disse – Trouxe a calça e a blusa, mas não tive muito o que fazer com o sapato, já que você não calça meu número. Você acha que o Roberto vai reclamar?
- Ele que lide com isso, por mim eu não tava nem aqui hoje. Depois de tudo que aconteceu eu só queria dormir até o sábado.
- Supera! Ainda é terça, florzinha. – A Ana Lu me abraçou por trás. – Mas sério, como você tá? Ouvi uns rumores de que a psicóloga vai te chamar pra conversar sobre o trauma e tal.
- Me chamar ela até pode, mas não vou falar disso com uma completa estranha e ela não pode me obrigar! – Ao perceber que soei muito revoltada, me corrigi – Eu tenho vocês para isso, né?
- Claro! – a Bia e a Má se juntaram ao coro.
- Por sinal, você teve suas aventuras, mas nós também! – A Má disse – Sexta na minha casa, dia das garotas? Topam?
Todas nós rimos e concordamos, tudo que eu mais precisava era conversar, ver séries e comer com as quatro pessoas mais experts em me ajudar.

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