Um dia normal

171 12 1
                                    


- Sai desse banheiro João! Eu sou a menina, eu que deveria demorar no banheiro!!!
- É serio, vou arrombar!
-Minutos depois-
- Corre pai! Vou chegar atrasada e as meninas vão me matar! - o barulho das buzinas me atormenta
- Calma Ju, estamos chegando
Bom, vocês não devem está entendendo nada, então começemos pelo começo.

Meu nome e Juliana Ferreira, tenho 15 anos e considero a minha vida de uma normalidade até meio monótona, tenho um irmão de 8 anos insuportavelmente irritante ,que me tira do serio todo dia e me atrasa pra chegar na escola. Hoje começam as aulas do 1° ano do ensino médio e cada vez fico mais nervosa, já que dizem que no ensino médio tudo muda.

Mal chego e já mando uma mensagem para as meninas dizendo pra a gente se encontrar na escada.

- Então, Moscou tava incrível, sério, minha mãe não parava de tirar foto de tudo!- escutei a Gê falando
- Oie! - falei, quer dizer, gritei para a Ana Lu, Angélica, Máira e Bia.
- Bom, pra te atualizar dos acontecimentos, meus primos tão cada vez mais gatos e as férias foram incríveis na praia- a Ana Lu Sempre passa as férias com a família na praia e adora contar todos os detalhes, tipo o hobbie dela é falar.

Vivo reclamando da minha vida, mas das minhas amigas nunca falei nada, elas sempre serão as melhores.
- As minhas férias foram baseadas nas minhas séries, nos meus filmes e é claro que não esqueci de ler todos os livros que faltavam! E tu Má? - falei só pra confirmar mesmo ja que quase todas as férias são iguais.
- Não vem ao caso comentar agora, porque lá vem os gatos do segundo ano!
A Máira adora um namorado novo e namorar alguém mais velho por aqui é quase que necessário. Não pra mim, nunca liguei muito para isso, até porque meu melhor amigo é alvo de olhares das minhas amigas e nunca passou de amigo pra mim.
- Oi meninas! Tudo bom?
- Chegou o arrebatador de corações! - Falei com um sorriso no rosto.
- Tava morrendo de saudades da minha pirralha preferida!

O Di adora ressaltar nossa diferença de idade, a gente se conheceu durante uma apresentação do colégio no ano passado, onde ele foi par da Bia, uma das minhas melhores amigas e acabou durando até hoje.
- Posso conversar com você Ju?
- Claro, vamos sentar lá nos banquinhos!
Sentamos em uns bancos que ficam de frente para as escadas.
- Nas férias aconteceram algumas coisas que não tive como te contar por mensagem.
- Fala logo, não enrola.
- Bom, eu conheci uma garota e a gente ficou algumas vezes e nada demais, mais aí foi ficando mais sério e a gente acabou dormindo juntos.

Eu fiquei meio com ciúmes dele, tenho medo dele começar a namorar e não sair mais comigo, meio brava por não ter me contado e ainda meio feliz pelo meu amigo.
- Poxa Di, que... Legal? Vocês tão namorando?
- Não! Não vou namorar com ela!
- Porque não?
- Não gosto dela a esse ponto.
- Hmm minha aula vai começar tenho que subir!

Fui interrompida pelo sino, isso quer dizer "corre porra" para o meu subconsciente, e foi o que eu fiz. Subi os intermináveis 3 lances para chegar na sala antes do Rafael, meu professor de literatura. Sentei na primeira fila junto com a Angélica, já que era o único lugar sobrando.
- Bom dia Pessoal! Bem vindos ao ensino médio!

E blablabla, não prestei mais atenção, meu pensamentos foram direto para
o Diego e a nova "amiga" dele. Era muito estranho me sentir incomodada, afinal todas as meninas do colégio acham o Di lindo ou já tentaram dar em cima dele então já erá para eu estar acostumada. Meus conflitos internos em relação a minha vida foram interrompidos por uma mensagem da Ana Lu:

" Se o Rafael te pegar voando na aula vai fazer pergunta, acorda Ju!"

Não passou nem 3 segundos e o Rafael me perguntou:
- Juliana Ferreira, você aqui na primeira fila? Acho que o primeiro dia está lhe fazendo bem, então, responda a pergunta que está no quadro.
Olhei para o quadro imediatamente e li " Uma palavra para definir você "
- Normal
Um murmúrio começou na sala
- O que? - o Rafael falou
- Você pôs no quadro para eu me definir em uma palavra e a minha palavra é normal.
Percebi uma cara de de acepção se formar no rosto de um dos professores mais chatos daquela escola.
- O que a Ju quer dizer prof, é que ela não se acha melhor que os outros, visto que a chave para o sucesso é a humildade não é mesmo?- a Ana Lu Sempre sabe como enrolar um professor.

O Rafael não ficou feliz, mas também não descutiu, logo que ele se virou eu sibilei um obrigada para a Ana.

O resto da aula passou voando e logo chegou a aula de história, aula preferida da Ana. Ela logo trocou de lugar para ficar na frente.
A aula inteira eu desenhei no meu caderno vários desenhos de infinitos e só no final senti meu celular vibrar e o peguei. Mensagem da Má:

" Cuidado com esse olhar na janela ele ta aí a uns 5 minutos e não tira o olho"

Olhei para a janela que fica na lateral da sala, e me surpreendi com quem estava lá olhando para mim, um par de olhos caramelo: Victor.

Não esperava que um dos caras mais idolatrados do colégio fosse está olhando pra mim fixamente da janela da minha sala. Tenho um receio desse menino desde o ano passado com um boato que rodou a escola inteira de que ele ficou tao alucinado e perseguiu tanto uma menina que ele tava afim, que ela acabou indo pra um manicômio.

Um frio percorreu a minha espinha só de pensar nisso, então foquei minha visão no quadro até o fim da aula e saí tão rápido que acabei derrubando meus livros no chão.
E não, nenhum príncipe encantado veio me ajudar a apanhar meus livros, só o Di mesmo.
- Eai pirralha? Como foi seu primeiro dia?
- A mesma coisa de sempre, whatsapp na aula, Rafael insuportavel, a Ana na primeira fila só na aula de história, a Angélica na primeira fila em todas as aulas...

Nós dois rimos juntos
-Preciso conversar contigo, vai andando pra casa? - perguntei
- Vou sim, a gente conversa no caminho

Fomos o percurso todo conversando sobre assuntos avulsos como olimpíadas de química e os professores insuportáveis, até que ele perguntou:
- O que você queria falar comigo Ju?
- Bom, hoje na aula de história a Má me alertou de alguém me olhando da janela, e quando olhei vi que era o Victor do segundo ano.
- O Victor psicopata? Não gosto muito dele, mas é só um boato Juju, não precisa ter medo! - Falou enquanto me abraçava de lado.
- Se ele é psicopata eu não sei, mas que ele parece, parece muito.

StalkerOnde histórias criam vida. Descubra agora