Capítulo 4

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Acordo sentindo uma leveza que há muito tempo não sei que poderia estar em mim. Parece estar perto o que tanto desejo e isso deve aliviar a dor que habita em meu peito... Aquele vazio inexplicável, aquela alegria faltando.

–Serviço de quarto. – Batem na porta e a pessoa fica em silêncio.

Olho meu estado. Pelado.

–Só um minuto. – Grito.

Passo o olho ao redor do quarto branco, – suspiro – preciso me trocar. Vou em busca da roupa que cheguei, mas não acho. Encontro-a no banheiro, em cima da enorme pia de mármore toda amarrotada. Visto a calça sem a cueca, e passo a camisa pelos meus braços e nem mesmo abotoo.

Vejo no espelho um cara todo desajeitado, como se eu tivesse acabado de transar, mas não. Desse mesmo jeito abro a porta do quarto e dou de cara com uma menina de uns 18 anos segurando minha bandeja de café da manhã e um carinho com coisas para limpar o quarto.

–Bom dia. – Digo desajeitado.

Coço a cabeça e fico olhando para a menina loira que me encara absurdamente. Sua roupa é meio indecente e curta, tudo bem que é o uniforme que dão, mas um vestidinho azul marinho que quase da pra ver o útero dela acaba sendo fora dos padrões. Do jeito que me olha é provável que eu conseguiria comer essa menina, se eu quisesse.

–Não vai dizer nada? – Pergunto meio perturbado.

–Posso dizer que o senhor é muito gostoso? – Enrola uma mexa de cabelo no dedo e se insinua.

–Obrigado, mas não to afim de ficar de conversinha. Você é muito nova para ficar flertando com cara da minha idade. – Respondo e volto para o banheiro. Fecho a porta que não ocorra nada de indecente nesse lugar.

–Não sou tão nova quanto o senhor pensa, e também posso ser nova, mas sou muito mais experiente do que pensa. – Diz do outro lado da porta, deve estar sentada na cama, o som da voz dela não vem de tão longe.

–Você veio aqui fazer o que afinal? – Minha voz sai mais rude do que eu queria e mais rouca que o normal.

Fico encostado na porta só para ver se ela cai fora ou começa a limpar tudo logo. Quero tomar meu café para cair na estrada novamente.

–Eu vim fazer tudo o que o senhor quiser.

Abro a porta e vejo ela deitada toda esparramada na cama. Acha que vai me seduzir? Nem fodendo.

–Então faça algo por mim? Me dá o café da manhã e arrume o quarto.

Vou até o banheiro novamente, mas dessa vez é pra me ajeitar, não para me esconder de uma menina descarada. Coloco toda camisa para dentro da calça, visto meu cinto e pego no porta toalha o meu paletó. Acho um pacotinho lacrado com escova e pasta de dente e uma escova de cabelo. Penteio meu cabelo, lavo meu rosto com o sabonete líquido que tem em cima da pia e saio para devorar o que estiver na bandeja.

–Está na mesa seu café, senhor. – A menina diz toda meiga e aponta para a pequena mesa redonda com duas cadeiras.

–Obrigado. – Digo seco e reviro os olhos quando ando em direção ao meu café.

– O prazer é todo meu.

Por mais agradável que seja, ela sai do quarto, me deixando em plena paz, sozinho. Olho para a cama arrumada. Até que ela faz rapidinho as coisas.

Suco de laranja, pão com presunto e queijo, ovos e bacon... Que delícia. Como lentamente, saboreando cada ingrediente na minha boca, tomo o suco um pouco azedo, mas aproveito cada minuto do minha sagrada refeição.

Simplesmente Ela.Onde histórias criam vida. Descubra agora