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*no dia seguinte*

FILIPA POV

Véspera de Natal. E mesmo que eu quisesse estar chateada, não conseguia.
Acordei bem-disposta (efeitos da magia natalícia ahahah) com a minha mãe a chamar-me.
Arranjei-me e depois fui à cozinha tomar o pequeno-almoço. Só o Alonso é que estava na cozinha, e eu estranhei o facto de estarmos sozinhos.

EU: Os pais? - nem imaginam o quão estranha me soou esta pergunta!

ALONSO: Saíram, super contentes! Disseram que iam fazer as compras de Natal!

Sentei-me ao lado dele e ia pegar no pacote do leite, mas por azar (ou talvez até nem tenha sido assim tão mau...), o Alonso ia fazer o mesmo e ficámos com as mãos juntas em cima do pacote do leite.
Fiquei muito atrapalhada e retirei logo a mão.

EU: E-então e diz-me, há um clima estranho entre eles, não há? - tentei aliviar o ambiente pesado que entretanto se instalara entre nós.

ALONSO: Entre eles? Quem? - perguntou, confuso, e percebi que ele devia de estar muito distraído a pensar em alguma coisa.

EU: Entre os pais.

ALONSO: Ah isso! - sorriu - Eu sempre achei que eles nunca deixaram de gostar um do outro.

Custou-me um pouco ouvir aquilo. Magoava-me saber que a minha mãe, quando regressou a Portugal, casou-se sem amar verdadeiramente o meu suposto pai. Ou talvez até amasse, mas não o suficiente para esquecer o meu pai biológico.
Mas por outro lado sei que ela fez um esforço para conseguir ser feliz, mesmo que para isso tivesse que estar com alguém que não amava verdadeiramente. E também sei que ela o fez também por mim, pois ela quis que eu tivesse um pai.
Apesar de tudo, adoro ver a minha mãe feliz ao lado de quem mais ama.

EU: Bem, a mãe anda tão feliz com o pai que até se esqueceu do que tinha combinado comigo...

ALONSO: Posso saber o que é que tinham combinado?

EU: Combinámos que íamos fazer as compras de Natal juntas...

Ele sorriu e continuámos a comer os cereais, enquanto conversávamos.

EU: E os teus... - de repente apercebi-me do que estava a dizer e corrigi, fazendo rir o Alonso - E os manos, onde é que estão?

ALONSO: O Diego foi ter com a namorada e o Braulio foi sair com uns amigos.

EU: Só há uma coisa que não percebi ainda. A mãe disse que estava grávida de mim quando voltou para Portugal...

O Alonso percebeu de imediato o que eu queria perguntar e interrompeu-me.

ALONSO: Sim, o Braulio não é mesmo nosso irmão. É filho da mulher com quem se casou mais tarde. Mas ele adora a nossa mãe e desde sempre que a trata por mãe.

Assenti, bem mais esclarecida.
O meu telemóvel começou a tocar e quando vi que era a Caterina, apressei-me a atender.

CONVERSA ON

EU: Olá!

CATERINA: Feliz Natal! - gritou.

EU: Obrigada, para ti também! - ri-me.

CATERINA: Estamos todos cheios de saudades tuas!

EU: Eu também estou ansiosa por voltar a estar convosco!

CATERINA: Bem, liguei-te só para te desejar bom Natal, e agora tenho que desligar.

EU: Okay, beijinhos para todos!

CATERINA: Beijinhos!

CONVERSA OFF

ALONSO: Eram os teus amigos de Londres?

não há amores impossíveis (parte 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora