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(na multimédia, uma foto do Bryan)

Furiosa, comecei a caminhar pela rua em direção à casa do Josh. Como tinha uma cópia da chave, queria lá ir buscar as minhas coisas e depois talvez vá para casa da Filipa ou para casa do Harry. Eu só não quero voltar a ver o Josh!
A noite estava escura e fria. Quando olhei para o relógio tive que fazer um esforço para perceber que horas eram.
Meia noite e vinte e oito. Nunca pensei que a festa acabasse assim. Nunca pensei começar o ano novo desta forma! A raiva que eu sentia começou a desaparecer quando eu me comecei a acalmar.
Para dizer a verdade, doía-me a cabeça e estava mal disposta. Eu não estava bêbeda, abusei um pouco do álcool mas nada de grave. Eu ainda estava consciente de tudo o que fazia, lembrava-me de tudo, não andava aos zig-zags nem via nada a andar à roda.
Comecei a andar cada vez mais devagar, tentando suportar a dor de cabeça e as voltas que o meu estômago dava.
Foi então que eu senti que algo não estava bem. Sei que agora vou parecer a Filipa a falar mas senti que as energias à minha volta tinham mudado.
Senti que já não estava sozinha. Olhei em volta, confusa, mas não vi ninguém. Será que afinal eu estava mesmo bêbeda e só agora é que os efeitos do álcool se estavam a manifestar? Não. Eu tenho consciência do que bebi e não foi muito. Eu não estou bêbeda. E o que me fez ter a certeza absoluta disso foram os passos que comecei a ouvir atrás de mim. Senti um arrepio por todo o meu corpo.
A noite cada vez estava mais escura, onde a única luz era provocada pela lua cheia e pelas poucas estrelas que se viam.
Os passos ouviam-se cada vez mais perto.
Continuei a caminhar, sem saber se todos estes arrepios eram do frio ou do medo.
Senti uma mão a agarrar-me e a empurrar-me contra a parede de um prédio.
Eu não conheci o rapaz que me agarrava, e se mais tarde eu passasse por ele na rua, não seria capaz de o reconhecer, pois a pouca luz que havia não me permitia distinguir os traços do seu rosto.
Tentei afastar-me dele, mas ele era mais forte do que eu e agarrava-me com imensa força enquanto passava a sua mão pelo meu rabo, tentando levantar-me o vestido. Quis gritar, mas ele tapou-me a boca com uma das suas mãos, enquanto me rasgava o vestido com a outra mão. O pânico crescia dentro de mim. Isto não me podia estar a acontecer outra vez! Tentei com todas as minhas forças que ele me largasse, mas em vão. Cada vez que ele me tocava, o medo crescia dentro de mim. Quando me conseguiu imobilizar-me por completo, entrei em desespero quando ele quis levantar-me novamente o vestido.
De repente senti outra presença ali. O meu estado de espírito dividiu-se entre o medo e a esperança. Estava a tremer com todo o choque quando a segunda pessoa arrancou-me dos braços do rapaz que me tentava violar.
Sentia-me bastante tonta e desorientada, mas consegui perceber que conhecia aquela pessoa que acabava de me ajudar.
A luz da lua iluminou o seu rosto e aqueles olhos verdes estavam inundados de raiva.
Harry.
Quando voltei a ter consciência do que se estava a passar, já o Harry dava uma tareia ao outro gajo. Encostei-me à parede, abraçando-me a mim própria, talvez para esconder o meu corpo, e dei-me conta que as lágrimas caíam dos meus olhos a uma velocidade inacreditável. Tremia por todos os lados, queria dizer alguma coisa ou mexer-me, mas não conseguia. Estava completamente paralisada com o medo, o pânico, o choque. Mas, no entanto, a minha mente estava a mil.
Consegui ver o gajo que me tentou violar a afastar-se, em mau estado, com as roupas rasgadas e a deitar sangue do nariz e da boca.
Em poucos segundos senti-me rodeada pelos braços do Harry, que me pegou ao colo, levando-me não sei para onde, pois confesso que a partir daqui, não sei se estava acordada ou desmaiada, deixei de ter noção do tempo e do espaço.

não há amores impossíveis (parte 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora