não há amores impossíveis (parte 2)

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(na multimédia, uma foto do Carlos)

*dois dias depois*

FILIPA POV

EU: Bom dia - disse assim que cheguei à cozinha.

ALONSO: Bom dia.

Sentei-me ao lado dele para tomar o pequeno-almoço.

ALONSO: Desde que chegámos a Madrid que quase não te tenho visto...

EU: Eu sei, ontem passei o dia todo ocupada. Estive com a Mica e com o Carlos...

Nesse momento chegou a Regina e sentou-se à mesa.

REGINA: O Abraham?

ABRAHAM: Estou aqui - disse, entrando na cozinha e dando-lhe um beijinho da bochecha.

É impressão minha ou passasse alguma coisa entre eles os dois? Dá-me a sensação de que o ambiente entre eles está diferente.
O Alonso deu-me um pontapé por debaixo da mesa e olhou-me como quem diz 'eu depois explico-te'. Sorri e tomámos o pequeno-almoço enquanto conversávamos.

EU: Há pouco o Carlos ligou-me a dizer que hoje ele e a Alba iam levar a Mica à psicóloga, só para ela ficar a saber o que se passou com a Mica e para marcarmos os dias das consultas.

ALONSO: A Alba? - perguntou, confuso.

REGINA: Sim, uma das vocalistas das Sweet Califórnia. Estivemos com elas quando fomos ao concerto dos Auryn.

ALONSO: Ah, é a que tem o cabelo cor-de-rosa?

REGINA: Yah.

ALONSO: Então mas e por que é que ela também vai? É namorada do Carlos?

EU: Não, são apenas melhores amigos desde pequenos.

ALONSO: Hm okay.

EU: Abraham, obrigada por nos teres deixado ficar aqui em tua casa!

ABRAHAM: Oh não tens que agradecer! A casa do Carlos não tinha espaço para todos e não custou nada deixar-vos ficar aqui.

REGINA: Só não percebo por que é que a Mica fez tanta questão de ficar sozinha com o Carlos em casa dele...

EU: A Mica, às vezes, é uma pessoa imprevisível e nem sempre se percebem as atitudes dela. De qualquer maneira, acho que ela se sente muito segura com o Carlos, talvez tenha sido essa a razão que a fez querer ficar em casa dele.

ABRAHAM: E não achas que ela se vai arrepender dessa decisão?

EU: Acho que não. Para além disso a Alba decidiu ir passar uns tempos a casa do Carlos, para a poder ajudar no que for preciso.

REGINA: E a Mica, hoje, já falou?

EU: Não. Continua sem dizer nada. Só diz 'sim' ou 'não' com a cabeça. De resto, não diz nem uma palavra.

REGINA: Ainda deve estar em estado de choque.

EU: Yah, espero é que não seja como da outra vez. Esteve quase três meses sem ir às aulas, não falava com ninguém, deixou de comer, quando nos apercebemos já ela estava anorética. Passou mais de um ano em psicólogos, acompanhamento especial, consultas todas as semanas por causa da anorexia... Foram tempos terríveis.

ALONSO: Imagino que tenha sido horrível... Tu já falaste com a família dela por causa do que está a acontecer?

EU: Óbvio. Ontem falei com eles. Ficaram super preocupados e até queriam que ela voltasse para Portugal.

ALONSO: E como é que os convenceste a deixarem-te trazê-la para Madrid?

EU: Usei a única desculpa que eu tinha. Ela ia sentir-se melhor longe dos dois sítios onde aconteceram as duas tentativas de violação. E para além disso ela aqui está em segurança, rodeada pelos seus amigos. Ao princípio, eles não queriam aceitar, mas acabaram por concordar, com a condição de que eu tinha de lhes ligar sempre que puder a dar notícias.

ABRAHAM: E como é que vai ser com o filme que ela ia gravar?

EU: Pois, vou resolver isso hoje, e por falar nisso, tenho de ir.

Levantei-me, despedi-me de todos e apressei-me a sair de casa, com intenção de ir ao estúdio de gravações falar com o realizador do filme.