Karkat

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Aqueles Seus Olhos Azuis

Capítulo V - Karkat

Karkat Vantas era ninguém mais, ninguém menos, do que o rapaz mais encrenqueiro, irritadiço, teimoso e gritalhão da escola em que Dave estudava. E além de tudo isso, ele era ciumento. Muito ciumento. E vivia plenamente convencido que era o namorado de Terezi.

No momento que aquele indivíduo apareceu na porta da sorveteria, a garota imediatamente revirou os olhos – foi possível perceber pelo seu meneio de cabeça – e cobriu o rosto com uma das mãos.

-Auughh, é o Karkat... –ela grunhiu, como se todos no lugar não tivessem conseguido perceber- Eu não aguento esse cara.

-Qual o problema dele? –John franziu a testa, o observando se aproximar a passos firmes.

-Ele acha que é dono da Terezi –explicou Dave, passando um braço pelos ombros da garota.

Vantas finalmente se aproximou da mesa, e a primeira coisa que fez foi acertar um tapa com as costas da mão no copo de milkshake, o derrubando no chão e fazendo quebrar em mil pedacinhos.

-Uau, cara, rude. –Dave ergueu as sobrancelhas.

-CALE A BOCA, STRIDER. –berrou Karkat, logo se virando para a pseudo-namorada- Terezi, que PALHAÇADA é essa?! O que você está fazendo aqui com ESSE CARA? –ele apontou para Dave com o polegar como se quisesse enfiar a unha no olho do Strider- Eu te falei que ele é problema!

-Karkat, vá capinar um pátio! –retrucou Terezi, mas o rapaz de óculos escuros se virou para ela e fez um sinal do tipo "deixa que eu cuido disso". Ele se virou para fitar os olhos cinzentos faiscantes do outro rapaz e disse, completamente seguro:

-Pode dar o fora, cara. Você perdeu a gatinha, já; a Terezi e eu estamos ficando.

Por um segundo, Karkat pareceu perplexo. Então, ele fez uma expressão de completo deboche:

-Ficando? HÁ! E quando isso começou, hein?

-Hoje de manhã –foi a resposta.

-Hã, Dave...? –Terezi puxou-lhe a manga, parecendo aflita.

-AH! AHAHAHAHAHAHA –riu Karkat, e sua risada era provavelmente a coisa mais perturbadora que Dave já ouvira- Certo, certo, boa mentira...se não fosse o fato de eu e Terezi termos passado a manhã juntos! Vamos embora daqui, agora. –ele puxou a garota pelo pulso, e enquanto ela tentava protestar, Dave encarava-os, pálido e perplexo.

Oh. Merda.

-Karkat, me solta! Você não manda em mim! –gritava Terezi, mas tudo parecia enevoado e distante aos olhos de Dave.

-Quieta, Terezi, eu só quero seu bem. Pare de se mexer!

Por fim, a garota encheu o saco de uma vez e acertou um soco muito bem mirado para uma cega no meio da cara de Karkat. O garoto caiu no chão com tudo, e não se mexeu mais. Algumas pessoas se aproximaram para ver o que acontecia, e John sussurrou no ouvido de Dave, o tirando de seus pensamentos:

-Vamos dar o fora, a coisa ficou preta.

Os dois saíram do estabelecimento e foram para perto da bicicleta de Dave, na qual o louro se encostou e soltou um suspiro pesado.

-Merda, deu...deu tudo errado... –ele murmurou mais para si mesmo, como que esquecendo que John estava ali. Só se lembrou quando o rapaz tossiu e disse, cruzando as mãos atrás das costas:

-Humm, então...era tudo mentira, huh? –ele olhou para o amigo com um sorriso brincalhão, e as sardas de Dave se acenderam.

-Bem, hum –ele tossiu- Era...uma pegadinha, na verdade. Eu queria só te pregar uma peça.

-Oh, é mesmo? –John olhou para ele surpreso, embora o louro duvidasse que ele estava acreditando- Bem, uma brincadeira bem bolada, devo admitir...mas você esqueceu de detalhes importantes. Nunca vai conseguir bater o mestre das pegadinhas, Dave, nem tente –ele deu um soquinho de brincadeira no braço do amigo, e riu. O outro também deu uma risada breve, mas estava se desesperando por dentro- Bem, eu preciso ir, então...te vejo outro dia? Ou falo com você pelo pesterchum essa noite?

-Pesterchum –respondeu Dave, segurando a área atingida, mesmo que não doesse- Eu te chamo.

-Beleza –John sorriu.

Eles se despediram com um fistbump, Dave subiu em sua bicicleta e foi pedalando para casa o mais rápido que podia. No caminho, se xingou internamente diversas vezes. Droga! Por que se esquecera de criar uma história para o namoro falso, e principalmente, de checar se alguém poderia interferir? E bem, marcar o encontro na sorveteria mais fodidamente bem frequentada da cidade fora absoluta burrice. Idiota, idiota, idiota!

Ao chegar em casa, Daveevitou falar com o irmão, que o chamou para o jantar ("Não estou com fome,acabei de tomar sorvete", respondera o mais novo) e foi direto para seu quarto,arrancando os tênis já na porta. Ele planejava se jogar na cama e afundar acara de vergonha até se tornar um só com o travesseiro, mas não teve tempo.Pois assim que entrou no quarto, seu computador produziu um bipe, anunciandoque ele tinha novas mensagens.


Aqueles Seus Olhos Azuis (JohnDave)Where stories live. Discover now