Menta e creme de barbear

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Aqueles Seus Olhos Azuis

Capítulo XIV - Menta e creme de barbear

Cabelo meticulosamente arrumado, certo. Celular no bolso, certo. All Star vermelho, certo. Camiseta com uma frase idiota aleatória, certo.

Pela décima vez, Dave deu uma rodadinha em frente ao espelho. Se curvou para a frente, arrumou mais um fio do cabelo e só então assentiu. Apanhou os óculos escuros que repousavam sobre a mesa do computador, e os pôs no rosto sentindo-se poderoso como sempre. Impenetrável. Frio. Descolado. Definitivamente legal.

Levara certo tempo até conseguir o visual igualmente elegante e casual e arrumadamente desarrumado, por isso, o almoço sairia mais tarde. Mas agora, sim, estava pronto para chamar John.

Enquanto o mandava uma mensagem anunciando que estava esperando na portaria do prédio, andava pelos corredores de casa, sem prestar exatamente atenção para onde ia. E isso o fez esbarrar em um boneco de ventríloquo pendurado no portal, o traseiro de pano esfregando-se contra seu rosto, desarrumando seus óculos.

-FILHA DA P---!! –fora a exclamação, seguida de uma risada alta da parte de Bro, que, sentado no sofá e de costas para ele, jogava videogame:

-Olha por onde anda, pitoco!

-Não sou mais um "pitoco". –ele reclamou, desviando do fantoche e passando a mão pelos cabelos louros, de novo- Tenho quase dezesseis anos!

-Que seja –ele virou o corpo como se isso fosse ajudar no jogo- Comparado a mim, continua sendo um pitoquinho.

-Não é culpa minha se você é uma vara de cutucar estrela. –ele retrucou, emburrado. Bro fez menção de revirar os olhos e Dave sentou-se ao seu lado no sofá, bufando.

-Então... –Bro começou, depois de uma pausa para se concentrar no jogo- ...o John já tá vindo?

-Eeyup –ele jogou a cabeça para trás- Mal posso esperar pra vê-lo...

-O pediu em namoro via internet, não é?

-Pesterchum, é. –o olhou- Por quê?

-Nada –ele respondeu quase imediatamente- É que isso explica você querer vê-lo. E também, seu primeiro beijo foi o último.

-Hum, é. –ele disse, um pouco desconfortável por aquele infeliz fato- Mas eu vou mudar isso. –o olhou de canto- ...hoje.

-Agora. –ele sorriu, ainda sem desgrudar os olhos alaranjados da telona- Se tudo der certo.

-Não agora, agora... –ele se mexeu- Quero esperar pelo John. Sabe? Até ele estar pronto.

-Ora, por favor –Bro deu uma risada- Do jeito que ele parecia animado sobre você, está praticamente implorando pra ter os lábios colados aos seus de novo. Guarde minhas palavras, não vai demorar muito pra vocês se pegarem selvagemente num beco escuro.

Dave não conseguiu impedir as faces de tingirem-se de rosa. Bro lera sua mente.

-Uh, bem –fez ele. O irmão abriu a boca para dizer mais alguma coisa, quando o celular no bolso de Dave tocou.

-Atende logo, deve ser o John –disse Bro, enquanto o mais novo se levantava e se afastava.

-Hey, John? É, eu imaginei. Desculpa, não consegui...tá. Beleza. Já vou descer. A gente se vê. –ele sorriu- Beijo. Só vou levar dois minutos, Egberto, meu Deus. Tá. –e riu- Até.

Ele encerrou a chamada e Bro apoiou o braço no encosto do sofá para olhar para ele, o jogo pausado.

-E aí?

Aqueles Seus Olhos Azuis (JohnDave)Where stories live. Discover now