Saí da empresa aliviada por ser sexta à noite e que o final de semana se iniciaria dali algumas horas. Diana e eu tínhamos combinado de sair a um bar próximo, apenas para jogar conversa fora e tomar algumas bebidas.
Fui pra casa para me arrumar, tudo bem que íamos sair mais tarde, porém confesso a especialidade em me atrasar ou ser lenta demais para me aprontar.
Tomei um bom e longo banho, repassando em minha mente a vergonha que passei quando estava com o Sr. Kolling. Não pude deixar de rir da situação, foi no mínimo ridícula a minha reação quando ele chegou perto de mim. Perto até demais.
O celular tocando me tira dos meus pensamentos, desligo o chuveiro prevendo que seria Diana me ligando, certamente para me apressar.
E era.
-Oi Diana, eu já estou quase pronta. -Disse evitando perguntas sobre o meu atraso.
-Por que meu instinto de mulher me diz o contrário? - Falou sarcástica.
-Deve estar desregulado.
-Como não pensei nisso?! -Diana sabia ser muito irônica quando queria. -Anda Tine, ou jantaremos na sua casa mesmo.
-Tá, tá! -Desliguei e fui às pressas me arrumar.
Não caprichei muito no visual, afinal seria uma noite apenas para jogar uma conversa fora com uma amiga, não estava interessada em arrumar ninguém naquela noite.
Diana chegou pontualmente, e eu, evitando reclamações desci até a portaria o mais rápido que pude.
-Achei que tivesse morrido lá dentro! -Ela disse abrindo a porta do carro.
-Qual é Din, tá esperando alguém especial? -Entrei.
-E se eu tivesse? -Falou maliciosa.
-Oh! Sua vaca! -Empurrei levemente seu ombro. -Você não me disse que eu teria que acompanhar um casal. Achei que fosse uma noite de amigas.
Ela riu. -Não me culpe! Fiquei sabendo só agora de noite.
-E eu posso saber quem é?
-É um cara que eu venho saindo, ele queria sair pra conversar e você sabe, mesmo sendo minha amiga eu não iria dispensar um gatinho né.
-Ótima amiga você é. Vou me lembrar disso, ok?
-Ah não seja tão dura comigo, e aliás, eu tenho certeza que você vai sair acompanhada de lá.
Eu não respondi apenas balancei a cabeça e ri de seu comentário. Quando saí de casa não esperava conversar com mais ninguém pra onde iríamos, porém ao saber que observaria a conversa de um casal, acabei mudando meus planos. Conhecer pessoas novas naquela cidade não me parecia tão mal.
Chegando ao local, que estava bem lotado por sinal, Diana e eu fomos procurar uma mesa. Por sorte o cara que Diana iria encontrar estava em uma mesa esperando por nós.
-Ele está ali. -Ela disse indo em direção ao rapaz. -Ei! Collin! -Ele se levantou e deram um abraço demorado.
Fiquei apenas observando os dois. Diana na maioria do tempo era sempre alegre e esbanjava bom humor, muito invejável por sinal.
Mas ali, ela estava mais que alegre, podia ver em seu rosto um sentimento especial. Sem nenhuma dúvida o principal motivo era o rapaz bem na sua frente, que ao meu ver, a tratava muito bem.Sorri ao ver a cena dos dois se abraçando e não ligando para ninguém que estivesse ao redor. Cogitei se isso algum dia aconteceria comigo. Abri mais o meu sorriso quando tive esperanças que sim.
—Tine! Venha, esse é o Colin. –Ela foi até mim e me puxou pelo braço. —Colin, essa é minha amiga Valentine. Nos conhecemos no trabalho.
—Muito prazer em conhecê-lo. –Cumprimentei.
—Igualmente. Diana me fala muito de você.
—Temo em perguntar sobre o que. –Brinquei, provocando risadas.
O jantar seguiu ótimo, exceto pela parte em que os dois ficavam no maior clima romântico e eu, bem, como diria a minha irmã mais nova, segurei vela.
Colin começou a falar de sua vida profissional enquanto Diana fazia comentários e exibia seu companheiro a cada frase que ele dizia.Meu celular tocou me livrando daquele romance todo.
—Com licença, preciso atender. –Olhei no visor e vi que era o Sr. Kolling. Me surpreendi, afinal eu não estava mais no meu expediente. Então, o que seria? Minha demissão pelo ocorrido horas atrás?
Por favor, não! Pensei.
Fui até o banheiro para ficar mais à vontade. Não queria ser demitida na frente da minha amiga e seu futuro namorado. Seria vergonhoso demais.
—Alô? –Atendi.
—Boa noite Srta. Staeler. –Respondeu.
—Sr. Kolling, algum problema? –Tentei parecer calma, mas era evidente que eu estava super nervosa.
—Eu nem sei como dizer isso...
Pronto. Tô demitida. Pensei em todas as minhas despesas que ainda deveriam ser pagas. E na minha vida ali em Nova Iorque, que com certeza estaria acabada se eu não tivesse um emprego.
—Sr. Kolling, desculpe-me pela indiscrição mas eu realmente preciso muito desse emprego. Sei que não sou uma funcionária tão boa quanto os outros, eu sei que mostrei falta de atenção hoje mais cedo. Mas se você me der uma chance posso mostrar ser melhor, fora que... –Kolling me interrompeu. Talvez eu estivesse falando muito rápido. Rápido até demais.
—Srta. Stealer queira se acalmar, não liguei para demiti-la. Seria grosseiro da minha parte, não acha? –Ele não deu tempo para que eu respondesse. Ainda bem, pois eu estava quase explodindo de vergonha. —Liguei por que estou com problemas no meu e-mail, e sei que não está em horário de serviço. Peço desculpas pelo incômodo.
Ainda estava processando todas as suas palavras e por mais que estivesse morrendo de vergonha, também estava aliviada por ainda ter um emprego.
—Ah, tudo bem. Sem problemas. Chamarei um táxi e logo estarei aí. –Desliguei o aparelho em minhas mãos e voltei para a mesa para avisar Diana.
Quando cheguei à nossa mesa, eles não estavam mais lá. Certamente me esqueceram e foram pra um lugar melhor. Sabia que só estava atrapalhando o casal.
Fui até o balcão para verificar se a conta já havia sido paga e a resposta foi sim. Ótimo, eles tinham mesmo me esquecido.
Saí do restaurante e chamei um táxi para ir até o apartamento do Sr. Kolling. Não demorou muito para o táxi chegar e eu dei graças por não chegar atrasada em mais um lugar.
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Imprevisível
RomanceOra, veja, o amor é o mais imprevisível dos sentimentos. Ele pode ser como a chuva, ninguém nunca sabe se ela vai deixar um estrago ou um lindo arco-íris. Ou como o vento, pode ser que venha como uma brisa gostosa, que assopra o seu rosto ou como u...