Capítulo 1

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Já era noite quando pousei em Miami, o cansaço percorria meu corpo por inteiro, não tinha conseguido cochilar nem por 5 minutos completos, tudo graças ao meu parceiro de assento que não fechou a boca durante todo o vôo. Em pouco tempo eu já poderia fazer um livro contado sobre sua vida.

Peguei minhas malas na esteira e fui à procura de um táxi para me levar até em casa. Não via a hora de chegar, a saudade era tanta que não cabia dentro de mim.

Percorri todo o trajeto olhando e matando a saudade da cidade que eu tanto amava e sentia falta. Alguns lugares não tinham mudado nada desde a minha partida, me trazendo assim, lembranças do tempo que morei ali. As ruas foram passando e ficando para trás até chegar no lugar onde eu conhecia com a palma da minha mão. Minha casa. Uma alegria me percorreu interiormente me fazendo sorrir.

—17 dólares Sra. –O motorista informou.

Pode passar o tempo, mas nunca o roubo que aquela cidade proporcionava.

Paguei-o e retirei minhas bagagens do porta-malas. O taxista me ajudou com as malas colocando-as em frente à porta, depois voltou para seu veículo e o vi desaparecer no final da rua.
Inspirei o ar profundamente o soltando lentamente em seguida, apertei a campainha e esperei que alguém viesse me receber. Não demorou muito para que eu ouvisse barulhos de passos de alguém vindo a porta.

—Valentine! Ai meu Deus, que saudades! –Minha mãe quase gritou. Me abraçou como se tivesse renovado suas forças.

–Eu também senti as suas mamãe, mais do que possa imaginar. –Abracei-a mais forte.

Ela desfez o abraço e passou um de seus braços atrás das minhas costas, andando alguns passos ao meu lado —Ela chegou! Desçam para vê-la! –Falou alto.

Os passos na escada se fizeram constantes e rápidos, minha irmã descia juntamente com meu irmão e papai logo atrás, mais devagar.

–TINE! –Maya, minha irmã caçula gritou animada e veio em minha direção para um abraço violento e cheio de saudade.

—Eu vou cair desse jeito –Ri enquanto a abraçava.

Ela olhou em meus olhos quase como súplica —Não nos deixe novamente, eu definitivamente não sei lidar com tua ausência –E me abraçou de novo.

—Vocês me terão por um bom tempo, garanto que irão se enjoar de mim. –Disse divertida.

—Pensei que demoraria mais para voltar, estava quase ficando com seu quarto, por pouco não fico. –Louis, meu irmão, disse.

—Também senti sua falta Lou e estou muito bem, obrigada por perguntar. –Ironizei.

—Confesso que senti bem lá no fundo, no lugar mais obscuro do meu interior, uma pontada de saudade. Tão pouca que nem notei direito. –Ele disse em provocação para depois me dar um abraço rápido. Louis nunca foi sentimental.

—Já é alguma coisa. –Brinquei. Olhei para todos até parar meus olhos no meu pai, como eu senti falta dele. Tínhamos uma ligação muito forte desde sempre, ele era tudo pra mim.
Sorri fracamente e corri para teus braços. Não pude conter as lágrimas, eu o amava demais e ficar longe dele, que esteve tão presente em todos os momentos da minha vida, fora muito difícil.

—Eu senti tanto a sua falta papai. –Deitei minha cabeça em seu pescoço.

—Eu ainda mais minha menina, você fez uma grande falta aqui sabia? —Sorri, com o coração totalmente alegre de estar em seus braços. –Da próxima vez não vá tão longe para que possamos visita-la sempre.

Enxuguei algumas lágrimas rindo de seu comentário —Pode deixar.

—Sei que a saudade é tanta mas a comida já está na mesa e não queremos que ela esfrie –Minha mãe nos alertou —Eu preparei seu prato favorito. –Disse me.

—Ah, como eu esperei por isso! Por favor vamos comer. –Disse já podendo sentir o gosto da Pescada Branca.

Como de costume a mesa estava posta nos esperando para a refeição, papai sentou na ponta da mesa, mamãe ao seu lado esquerdo, Louis no direito, Maya ao seu lado e eu em sua frente. Como sempre fazíamos.

—Então Tine, me conta, aproveitou bastante em Nova York? –Perguntou Maya animadamente curiosa enquanto se servia.

—Não tem como não aproveitar May, aquela cidade é uma loucura! –Respondi também me servindo.

—Dizem que a noite é que fica bom. –Louis disse, certamente pensando nas baladas.

—Também, mas eu saí poucas vezes a noite pra falar a verdade.

—Você é louca! Quem em sã consciência ficaria em casa a noite morando NY? Só você mesmo. –Zombou.

—Você ainda é tão irresponsável Louis, sair não é tudo meu irmão. –Retruquei. Louis me lançou um olhar frio.

Passamos o jantar todo comigo contando sobre esses dois anos que fiquei em Nova York, em algumas horas me sentia desconfortável por ter que lembrar o real motivo de eu ter retornado. Não que minha família me julgasse por não ter dado certo, porém eu não me sentia bem com aquilo.

Depois de guardar minhas coisas no devido lugar, tomei um bom, longo e relaxante banho para dormir em seguida.
O dia foi cansativo e eu estava morta de cansaço.

Estava arrumando minha cama para deitar quando vi uma silhueta na porta, era Maya.

—Entre.

—Você nem contou tudo pra mim, só o básico. –Ela cruzou os braços e sentou na cama.

—Como por exemplo? Eu contei sim.

—Deixa disso Tine. Eu quero saber dos meninos, você namorou alguém? Saiu com com alguém? –Seus olhos até brilharam.

Ri com a sua pergunta —Não May, eu não namorei com ninguém.

—Você não me engana –Ela cantarolou.

Sorri ao lembrar de Noah, tive um namoro breve com ele, 4 meses. Ele era um cara legal é muito bonito, nos conhecemos num bar. De imediato achei que fosse só mais um flerte de uma noite, mas acabamos nos gostando por algum tempo. Mas não durou muito, ele tinha outras prioridades na vida e eu também.

Contei isso a May, que pareceu surpresa.

—Ual Tine, eu queria que tivesse me contado antes.

—Isso não era importante. –Ri pelo nariz.

—Claro que era, todo namoro é! Por mais que seja curto.

—Se você diz... Mas e você, não achou alguém ainda? 

—Ah Tine, é complicado sabe.. Eu não sei se encontrei, talvez seja só uma paixãozinha. –Ele pareceu realmente confusa quanto a isso.

Maya era minha irmã mais nova, tinha 15 anos. Ela era uma versão mais nova de mim. Somos iguais a tudo, tanto na aparência física como psicológica.

—Eu entendo May, não force algo que não tenha certeza. É ruim para você.

—Você não sabe como eu senti falta disso! –Maya me abraçou.

—Do que?

—Dos seus conselhos, de conversar com você. Eu estava sufocada, me sinto constrangida de falar isso só com a mamãe, você me entende mais.

—Fico feliz por isso May, sempre que precisar eu estarei aqui. Mas agora eu preciso dormir, conversamos mais amanhã pode ser?

—Claro. Boa noite Tine. –Ela me deu um beijo e saiu do quarto.

Finalmente deitada, pude sentir o cansaço pesando de verdade. Estiquei meu corpo e me encolhi de volta. Sem muito esforço peguei no sono rapidamente.

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