Joey Kolling
A essa altura eu nem sabia mais o que estava sentindo. Com certeza já teria ultrapassado a raiva. Poderia quebrar uma parede se eu quisesse.
Tentei várias vezes fazer a merda do celular ligar ou pegar algum sinal mas de nada adiantou.
Não estava com paciência, peguei o aparelho e o arremessei para longe. Se não tinha utilidade quando eu precisava, ele não teria nunca mais.Realmente minhas opções não eram as melhores, quer dizer, eu nem tinha sequer uma opção. Não iria passar a noite na rua.
Engolir o orgulho não era uma coisa aceitável pra mim. Mas naquele momento eu tinha que renunciar o orgulho maldito. Pelo menos pra ter onde dormir.Entrei no pequeno motel e a mesma senhora permanecia na recepção.
Passei por ela sem dizer nada. Não estava na melhor hora pra mostrar minha educação.—Boa noite meu jovem. Acho melhor agradar sua companheira depois de tudo isso. –A velha disse agora olhando o computador.
—Ela não é minha companheira e a senhora, bem, cuide apenas do seu trabalho. –Subi as escadas sem esperar uma resposta.
Que senhorinha mais intrometida!
Encontrei a porta do quarto apenas encostada. Entrei e de imediato ouvi o barulho do chuveiro ligado. Tentei não pensar na cena de Valentine tomando banho.
O quarto não era tão ruim se comparado aos lugares piores que já dormi. Ele tinha pouca luz o que dava um ar de sensualidade. Uma cama redonda e alguns outros móveis que eu não fiz muita questão de prestar atenção.
Valentine saiu do banheiro enrolada numa toalha e logo se assustou.
—Minha nossa! Vire-se! –Ela ordenou.
—Mas você está coberta. –Disse dando as costas.
—Não ouse olhar pra trás.
Eu não iria, mas queria.
Qual é! Ela era uma mulher e estava seminua logo atrás de mim. Eu sou um homem caramba!
—Relaxa. –Foi o que disse.
Senti um vento quando ela correu até a cama para pegar sua roupa, depois entrou no banheiro.
Fui até lá e bati na porta.—Onde está o seu celular? –Perguntei.
Ela demorou para responder, provavelmente estava se trocando.
—Você tem o seu. –Passou por mim e colocou o pequeno aparelho no criado-mudo.
—Vai deixar eu usar?
—Onde está o seu? –Perguntou sem paciência.
—Joguei-o longe. –Dei de ombros.
—Que ótimo jeito de resolver as coisas. –Pegou o celular e o entregou pra mim. —Vou buscar minha bolsa, use logo. Estou sem carregador.
—Você é bem mandona. –Peguei o aparelho de suas mãos.
—É a convivência com meu chefe. –Dito isso ela saiu do quarto.
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Imprevisível
RomanceOra, veja, o amor é o mais imprevisível dos sentimentos. Ele pode ser como a chuva, ninguém nunca sabe se ela vai deixar um estrago ou um lindo arco-íris. Ou como o vento, pode ser que venha como uma brisa gostosa, que assopra o seu rosto ou como u...