Capítulo 15 (parte 02)

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*Estrelinhas sempre são bem vindas, então não esqueçam de votar, pípol! E nos encontramos pelos comentários, também, ok? Gostaria de saber o que vocês estão achando da história.

*Não esqueçam da estrelinha! Não esqueçam da estrelinha!

*Acima o vídeo da coreografia.

Desliguei o celular na tentativa de apagar um dos meus problemas, por um momento. Como quem estava ali comigo era Marianinha, então anularia Gustavo por enquanto. Peguei a bolsa e chamei todos para a sala de ensaio.

Eu sei que é errado uma professora ter preferidos, mas era mais forte que eu. E essa turma era minha preferida. Havia uma mistura maravilhosa, crianças e adultos que se deixavam levar pela batida e só se preocupavam em se divertir. Toda vez que entrava nessa classe, eu me sentia no filme "Step Up". Marianinha voltava do banheiro vestindo calça de malha cargo, uma regata vermelha e tênis. Era a única aula que ela conseguia e se esforçava para fazer. Muito porque eu insistia e sabia que ela dançava e se identificava bem demais com o ritmo. Sempre que íamos para a balada nos acabávamos de dançar. Meu único estresse era com as pré-adolescentes que já estavam com o celular na mão disparando selfies de todos os ângulos. Peguei uma caixa de cima da prateleira e fui até elas.

_ Celulares confiscados até o final da aula!

_ Ah, fessora... Como que a gente vai conseguir postar as fotos da coreografia? _ Elisa, a líder da patotinha, já estava reclamando empinando aquele narizinho sardento.

_ Na hora da coreografia não é pra postar foto, é pra dançar. _ estendi a caixa e todas colocaram seus celulares dentro, à contragosto. Eu me divertia com o olhar dramático de cada uma. Eram seis cópias vestindo as mesmas roupas, carregando as mesmas bolsas e usando as mesmas capas de celular, alternando somente a cor entre elas. As vezes eu perdia a paciência com os pais dessas crianças que não trabalhavam a noção de identidade em cada uma. Talvez marcasse uma reunião com eles e conversaria sobre as oficinas de auto estima e reconhecimento, pode ser que as ajude nessa fase. Conectei meu Ipad e soltei a música.

Durante duas horas me diverti com os grupos e seus solos, essa turma era uma mistura tão divertida. Adorávamos a batalha de passos e finalizamos com cada equipe mostrando sua coreografia. Eram dezoito alunos e dividimos em seis grupos de três. Por alguns momentos me deixei levar e esqueci de todos os problemas que eu mesma vinha me causando. Sorri e me diverti com as palhaçadas e brincadeiras daquela aula.

_ Hoje foi uma sessão de terapia. Conversa, choro, desabafo e dança. _ Marianinha pegava a bolsa e sua garrafinha de água. _ Eu precisava disso.

_ Sempre que você quiser. _ a abracei. _ Só não me abandona.

_ Como se isso fosse possível... _ela sorriu se despedindo enquanto a turma de dança contemporânea se espalhava pela sala.

O ensaio foi longo e aquela classe me tirava o coro. Estávamos trabalhando na coreografia de conclusão de curso e passamos a tarde limpando as falhas e atrasos. Revezamos trazendo água, café, chá gelado e pedimos o almoço num restaurante ali perto. Um grupo comia, o outro ensaiava e eu almocei ali na sala, enquanto dava aula. Era sempre assim desde que conheci a dança. Era algo que me consumia e me fazia perder a noção do tempo e das minhas outras necessidades. Esquecia de comer, ensaiava horas a fio com a turma ou sozinha. Durante minha estadia na Rússia cheguei a me apresentar com febre. Se a Bá descobrisse isso, amaldiçoaria até minha oitava geração. A dança expurgava meus demônios, preocupações e traduzia o que eu não dava conta de pôr em palavras. Se estava feliz, dançava. Se estava triste, também dançava. A dança era, pra mim, a tradução de todas as coisas.

Doce Vingança, livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora