Dia 18 de dezembro de 2009, estava frio, venci a preguiça e me levantei. Era uma sexta feira, meu último dia de trabalho antes de minhas férias. Tomei um banho demorado para dar tempo de o vapor aquecer o banheiro, fiz minha barba em frente ao espelho embaçado, me vesti e fui tomar um café acompanhado de biscoitos caseiros feitos por minha namorada. Jessie era uma garota muito especial, com quem planejava me casar assim que juntasse algum dinheiro o que, provavelmente não aconteceria tão rápido quanto ela gostaria. Juntei minhas coisas na mochila e parti para o trabalho em minha motocicleta, estava muito feliz por tê-la comprado, estava livre dos ônibus cheios e podia sair mais tarde de casa, isso me permitia o luxo de sentar, fazer uma boa refeição e ler as notícias pela manhã, coisas que, durante muitos anos não pude fazer.
Segui para o hospital e ao chegar passei por Phill, o vigilante, o tipo de pessoa com quem eu não gostaria de ter problemas, diziam que era praticante de algumas modalidades de artes marciais. O cara tinha quase dois metros de altura e braços que pareciam postes, estava sempre sério, com seu jornal na mão, onde provavelmente acompanhava as notícias do esporte.
Subi para minha sala, onde muitos relatórios, memorandos, comunicados, requerimentos e outros tipos de documentos, que se somavam em um volume inacreditável de papéis, aguardavam sobre a mesa pela minha atenção. Eu teria um dia cheio, mas não me sentia tão incomodado, afinal, restavam apenas oito horas para que eu pudesse gozar minhas tão aguardadas e merecidas férias.
As pessoas foram chegando para mais um dia de atividade, comentavam sobre os acontecimentos do dia anterior, preparavam o cafezinho e socializavam um pouco antes de se concentrar no trabalho. Tudo corria normalmente até que começou a confusão, o som de vozes, sirenes, ordens e protestos tomou conta do ambiente. Todos correram para as janelas e viram policiais cercando o hospital, após algum tempo, surgiram rumores de que um fugitivo estivesse escondido em algum lugar do prédio.
Foi muito difícil dar atenção ao trabalho já que os telefones tocavam sem parar, eram pessoas buscando informações sobre o que estava acontecendo. Estávamos todos curiosos e apreensivos com aquela situação. Dei alguns telefonemas para saber se estávamos nos noticiários da televisão, liguei o rádio e pesquisei também na internet, mas a busca foi em vão.
Ninguém podia sair ou entrar do prédio, a porta da nossa sala foi trancada, até que se soubesse de alguma coisa, todos concordaram que, por precaução, era melhor mantê-la assim. Aos poucos tentamos fazer nossas obrigações apesar do medo e a falta de informação. Após a conversa intensa, o clima de curiosidade foi substituído aos poucos por um silêncio perturbador que invadiu a sala, nos deixando com uma terrível sensação de insegurança e medo.
Mas essa quietude não durou por muito tempo, aos gritos de socorro, Jeff, o officeboy , batia desesperadamente na porta. Jameson, um tipo mesquinho e irresponsável, daqueles que sempre buscam alguma vantagem e se acham melhores que todos, correu e se e enfiou em um armário. As mulheres estavam chocadas com os berros do rapaz e só conseguiram se abaixar atrás de suas mesas. Sem pensar no que estava fazendo, eu corri em direção à porta de vidro, ele estava ensanguentado e duas mulheres vinham em sua direção, consegui abrir e puxá-lo para dentro e foi neste momento que pude vê-las melhor, elas tinham os olhos cheios de sangue, o olhar fixo, pareciam sobre o efeito de alguma droga, uma delas não tinha lábios, eu pude ver seus dentes sujos de sangue, a pele tinha aspecto asqueroso, com erupções purulentas.
Talvez pelo espanto daquela visão, não consegui fechar a porta antes que uma delas enfiasse o braço por ali e enquanto eu e Jeff tentávamos nos livrar desta, a outra começou a empurrar também, faziam muita força, éramos apenas eu e o garoto e aos poucos fomos cedendo, nossos pés escorregavam no piso liso e encerado. A situação já estava suficientemente complicada quando sem avisar o garoto correu para os fundos da sala e me deixou ali.
A porta se abriu, consegui me virar, pegar um extintor de incêndio e atingir a primeira, mas ela me segurou pela camisa e tentava me morder quando, com muito esforço, consegui desferir uma segunda pancada e derrubá-la, mas antes que conseguisse me desvencilhar por completo daquela, a outra já atacava Luiza. A garota que tinha iniciado àquela semana parecia em choque, a criatura não teve dificuldades para derrubá-la, tentei partir em seu auxílio, no entanto fui agarrado pelos pés e mordido na panturrilha, o local queimava como se estivesse em brasas, desesperadamente tentei me movimentar, a mulher quase arrancou um pedaço do músculo, a dor era lacerante e minou todas as minhas forças, o extintor caiu de minhas mãos e eu já não conseguia enxergar ou pensar em nada, tudo era dor e aquela sensação de queimação percorreu todo o meu corpo como se meu sangue estivesse em ebulição. Minhas pernas se enfraqueceram e enquanto eu caía pude ouvir um som forte, um tiro. Lembro que, no pequeno espaço de tempo até que tudo ficasse escuro, tive a esperança de termos sido salvos pela polícia.
Não sei por quanto tempo fiquei desacordado, abri os olhos, ainda sem entender, pensei estar acordando de um sonho estranho, ainda em casa, mas estava mesmo no hospital, me levantei e vi todos mortos, Phill estava ali e apontava sua arma em minha direção, olhei para trás procurando a ameaça, não havia, o alvo era eu, fitei-o nos olhos, queria dizer algo, porém as palavras me faltaram. Ele baixou os olhos, pude ver um clarão e novamente o som seguido da escuridão.
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ZUMBIS
TerrorZumbis - Livro I - Terror no Hospital Um hospital interditado pelas autoridades, funcionários e pacientes presos com criaturas sedentas de sangue. A praga se alastra enquanto pessoas buscam uma saída deste cenário de horror. Acompanhe esta história...