Capítulo II - Phill: Mate-os!

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Faltavam 40 minutos para o fim do meu turno quando recebemos instruções de fechar os acessos. Ninguém poderia sair ou entrar no prédio até a chegada da polícia, a única exceção foi o diretor do hospital e eu fui o encarregado de acompanhá-lo até a saída. Ele era normalmente um cara simpático, mas o que quer que tenha acontecido o havia deixado visivelmente preocupado, seguiu o caminho em silêncio. 

Retornei ao meu posto na entrada principal, a falta de informações me deixava paranoico, me certifiquei de ter minha arma ao alcance e fiquei em total alerta, observava todas as pessoas na tentativa de identificar uma possível ameaça. A polícia chegou em número muito superior ao que eu julgava necessário para dar uma busca no hospital, uma vez que todos os  acessos já estavam bloqueados. Fui em direção á porta para recebê-los mas, para minha surpresa, eles passaram correntes nas maçanetas e posicionaram as viaturas cercando as entradas. Tentei contato via rádio com o chefe da segurança, mas não houve resposta, como não tinha mais o que fazer ali, visto que a porta não seria mais aberta, segui em direção à central. Apesar das ultimas ordens terem sido para manter a posição, eu precisava buscar munição, depois deste isolamento inesperado meu instinto dizia que as coisas poderiam piorar rápido.

Para minha sorte, eu estava escalado esta semana no prédio administrativo, exatamente onde ficava nossa central de segurança, subi pelas as escadas e me deparei com um sujeito, que pude reconhecer como paciente devido às roupas de interno que ele vestia, estava de costas para mim e não deveria estar ali, o abordei dizendo:  

- Senhor, com licença, esta área não é permitida para pacientes.

Ele continuou imóvel, então de forma imprudente, toquei seu ombro. Ele se virou vagarosamente, gemia como se sentisse alguma dor, o rapaz apresentava os olhos avermelhados e salivava muito, dei um passo para trás e perguntei se ele estava bem, não houve resposta novamente, ele avançou em minha direção erguendo os braços para me atacar, ordenei que parasse, mas ele continuou vindo, instintivamente coloquei a mão no cabo da arma, mas não a saquei e antes que ele me agarrasse pelo pescoço, o derrubei utilizando técnicas de defesa pessoal. Ele caiu pela escada e permaneceu imóvel, peguei o rádio para reportar o incidente e chamar auxílio, a resposta veio de um desconhecido:

  - Mate todos que encontrar ou morreremos, está me ouvindo? Essas criaturas estão infectando todos, mate-os!

Algo estava muito errado naquele hospital. Segui com pressa para a sala de segurança, chegando lá pude ver o que acontecia pelos monitores, o homem do rádio não estava mentindo, as pessoas atacavam umas as outras, não só pacientes, alguns enfermeiros e médicos também se comportavam como animais. Em uma das telas eu percebi que Jeff, um dos Office boys, fugia de duas mulheres, iam em direção ao setor de recursos humanos e como eu estava bem próximo, resolvi ajudá-lo. Peguei toda a munição disponível e fui atrás deles.

Ao chegar, vi Eddie, não o conhecia bem mas, pelo que diziam, era um cara decente, do tipo que leva a sério seu trabalho, uma mulher o segurava e mordia sua perna como um cão raivoso, havia muito sangue, o rapaz agonizava. Dei um tiro para cima e ordenei que ela o soltasse, ela não reagiu, então sem parar para pensar mirei a cabeça dela e atirei, os dois caíram e pude ver melhor a situação na sala. Jeff e outra mulher atacavam furiosamente duas garotas, o que quer que estivesse causando isso era contagioso. Eles estavam comendo pedaços das pessoas que se debatiam e gritavam de dor.

O garoto foi o primeiro, estava me olhando quando disparei, o tiro o atingiu pouco acima do olho esquerdo, senti muito por isso, aquele era um garoto sensacional que ajudava no sustento da família humilde com seu trabalho, estudava e falava sempre do seu sonho de se tornar jogador de futebol. Também foi duro ter que matar as mulheres, mas, vi o que aquelas coisas faziam e em breve elas estariam da mesma forma, eu estava tomado de insegurança, tive medo de estar me precipitando, mas eu queria sobreviver e de certa forma, este sentimento superou o peso de ter atirado pela primeira vez em uma pessoa

Eu estava determinado a sair do hospital de qualquer forma e com a polícia cercando as entradas, a única rota de fuga seria pela mata, enquanto pensava no melhor caminho a seguir, percebi que Eddie estava se levantando, mais uma boa pessoa estava destinada a se tornar uma daquelas aberrações, foi muito estranho pensar em matá-lo, uma parte de mim ainda não acreditava no que acontecia ali, mas, apontei a arma, o rapaz parecia normal, mas visivelmente não entendia o motivo de estar sob minha mira, ele olhou para trás, depois nossos olhos se encontraram, ele parecia prestes a dizer algo, mas eu sabia o que tinha que fazer, eu desviei o olhar e novamente apertei o gatilho.


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