Capítulo dezesseis

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O dia, para contrariar meu humor nada bom, resolveu estar lindo quando eu acordei na manhã seguinte. Apesar do frio, o céu estava aberto e o sol brilhava fortemente. Ah, a doce ironia da vida.

São Pedro já pode ir se foder.

Levantei sem vontade nenhuma, já que minha cabeça doía por causa da ressaca. Mas é claro que, além do meu mau humor (justificado), eu ainda estava de ressaca. Sobre a festa: um porre. Literalmente. Lembro que descobri no meio da festa que o dono era um dos nerds do meu curso de anatomia. Não sei como ele conseguiu tanta gente pra ir na festa dele, mas isso realmente não importava. Acabei ficando com um cara aleatório, sequer lembro o nome dele. Foi um acidente, culpa de um desafio que ele levou no jogo da garrafa. Mas tudo me lembrava de Ashton, e eu parecia estar com o gosto dele na minha boca, e a tequila não estava adiantando praquele gosto ir embora. Também lembro de ver um dos amigos de Ash lá, e ele tentou falar comigo, mas eu fugi como uma garotinha assustada. Porra, eu estava tentando esquecer o cara e me vem um dos melhores amigos dele? O que diabos ele estava fazendo lá, afinal?

— Taylor? Você tá em casa? — Perguntei, saindo do quarto depois de escovar os dentes e colocar uma roupinha melhor, além de pegar minha bolsa.

— Na cozinha! — Ela gritou em resposta.

Fui até o cômodo e encontrei minha amiga em uma tentativa falha de cozinhar panquecas. Eric estava sentado no balcão, rindo sem dó da noiva. Seu sorriso era gigante e era possível enxergar de longe o quanto ele a admirava.

Eric, vamos parando. Sua felicidade me deixa pra baixo.

— Bom dia. — Cumprimentei, sentando ao lado dele.

— Bom dia! — Recebi um coro do casal vinte. — Quer uma panquequinha? — Tay continuou.

— Prefiro continuar viva, mas obrigada. — Respondi ironicamente, e ela parou o que estava fazendo apenas para se virar pra mim e me lançar um olhar raivoso. Ri. — Vou ao supermercado, precisa de alguma coisa?

— Uhm, acho que sorvete seria uma boa. — Pude sentir o sorriso em sua voz. Virei pra Eric, indagando se ele queria alguma coisa também, e ele apenas negou com a cabeça.

— Bom, então vou indo. Tay, quando voltar tenho que te pedir uma coisa.

Ela me olhou por cima dos ombros, demonstrando confusão, mas não perguntou nada. Deve ter notado que, se eu não falei na hora, foi porque não queria que Eric soubesse. Na verdade, não era nada demais, só que eu não tinha intimidade o suficiente o cara pra ter uma conversa aberta com ele ao lado. E também porque, provavelmente, ele não saberia me ajudar. E eu não iria encher a cabeça dele com meus problemas doidos, ele não tinha nada a ver.

Mandei um beijo pra cada e saí. Na verdade, não iria ao mercado, queria apenas pensar um pouco fora de casa. Bom, teria que passar no mercado de qualquer jeito, pra comprar um sorvete. Nunca mais pergunto nada por educação.

-x-x-x-

— Cheguei. — Voltei pra casa depois de quase duas horas. Taylor correu pra sala, vindo do próprio quarto.

— Me assustei, você demorou! — Exclamou. — Criatura, não faz mais isso. — Suplicou, rindo.

— Foi mal, queria pensar. Nem ia no mercado, só falei pra dar uma disfarçada.

— Eita, e você foi só pra pegar o sorvete que eu pedi? — Perguntou, ao mesmo tempo em que eu lhe entregava o pote de sorvete de menta, e eu concordei com a cabeça. — Emy, não precisava!

— Relaxa.

— Bom, o Eric já foi. Podemos conversar.

Fomos pra cozinha e eu peguei duas colheres. Sorvete de menta não era lá meu favorito, mas até que eu gostava. E qualquer doce estava bom pra mim, eu só precisava de açúcar no meu sangue. Rumamos em direção à sala e nos jogamos no sofá, Tay abrindo o pote e já enfiando a própria colher lá dentro.

Namorado "Inventado" [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora