Capítulo dezenove

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Estranho pensar que em um ano tantas coisas podem acontecer.

Minha mãe e meu padrasto haviam vindo pra cima de mim com uma ideia de casamento falso em Abril.

Já era Março.

Em onze meses, eu havia recebido uma proposta de casamento, dito não a ela, feito uma proposta de casamento pra outra pessoa. Em onze meses, eu namorei meu melhor amigo, fiz novas amizades e fiquei popular na minha faculdade apenas por ter uma vida romântica. Em onze meses, eu conheci melhor pessoas que eu achava que conhecia direito.

Me decepcionei.

Me entristeci.

Mas, olha o absurdo: também me apaixonei.

Emily Sanders nunca tinha se apaixonado por ninguém, e quando decide fazê-lo, decide que vai ser por Ashton Ford, um cara que ela conhecia há anos.

Porra, Emily.

Fazia uma semana desde que eu havia brigado com Ash. Depois daquele dia, não derrubei mais nenhuma lágrima por ele. Eu tinha outras coisas pra fazer com a minha vida, e nunca fui de chorar por outras pessoas. E não começaria agora.

O que eu começaria era minha vida.

De verdade.

Sem meu melhor amigo. Por mais que isso não parecesse certo.

💍

O prédio da Counting Knowledge tinha exatos vinte e dois andares de escritórios, gente mal-humorada e contas. Muitas contas. Afinal, era um escritório de contabilidade. Ficava no centro de Wolverhampton e era uma das construções mais modernas da cidade, já que o resto dela parecia estar presa no século XIX.

Entrei no elevador e apertei o número 22. Era o andar dos chefões. Os seis adultos babacas que resolveram estragar as vidas de seus filhos. Lá pelo décimo quinto andar, uma voz saiu das paredes do elevador.

"No que posso ajudar?" A voz falou, e a moça parecia absurdamente entediada.

- Ahn... Vou no escritório de George. - Não sabia qual sobrenome ele usava, o dele ou o da minha mãe, então apenas falei seu primeiro nome. - Sou a enteada dele, Emily.

"Tudo bem, senhorita Sanders, vou anunciar sua chegada."

Ao chegar no andar desejado, a porta do elevador se abriu e eu dei de cara com um enorme e estreito corredor, com diversas portas. Saí do cubículo e me perguntava pra onde eu deveria ir quando uma das portas se abriu, revelando uma mulher que não deveria ser tão mais velha que eu.

- Por aqui, senhorita Sanders. - Ela me chamou com a mão e eu fui até ela, seguindo-a para dentro do escritório. Esse, por sua vez, tinha apenas a mesa da secretária e alguns sofás, além de mais duas portas e uma máquina de café. - Pode entrar, o senhor Houston já te aguarda.

Agradeci e segui até a porta que tinha uma plaquinha com os dizeres "George Houston, CEO". Levantei as sobrancelhas e entrei sem bater, encontrando G mexendo em uma enorme estante ao lado de sua mesa. Ele não me olhou, mas eu sabia que ele notara minha presença. Segui até uma das cadeiras em frente à sua escrivaninha e me sentei ali. Logo, ele me acompanhou, sentando-se à minha frente.

- Oi, Emy. Tudo bem? - Ele perguntou, mas eu não respondi. Estava focada demais em uma foto na estante. A mesma que tinha no meu colar; eu, Abby, e nossos pais. Automaticamente, levei a mão ao pingente. Eu tinha parado de usar o colar de avião de papel que ganhara do meu pai aos oito anos. Eu agora usava o presente de Abby todos os dias. - Você me parece meio distante. Quer conversar? - George perguntou, largando alguns papeis na escrivaninha e cruzando os dedos.

Namorado "Inventado" [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora