Capítulo nove

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— EMILY! — Acordei com um berro.

Olhei em volta. Havia adormecido com a cara na escrivaninha, babando em cima dos livros. Minhas provas decisivas começariam em breve, e eu estava me matando de estudar. Esse semestre da faculdade era cheio de matérias que eu não gostava muito, então tinha que me esforçar pra aprendê-las.

Pelo jeito, não estava dando certo, já que eu caí no sono na página 8 do livro.

Tay voltou a berrar meu nome e me levantei da cadeira e fui até a sala, onde ela estava parada na frente da porta com uma roupa qualquer de sair, uma bolsa a tiracolo e um molho de chaves na mão.

— Vou ao supermercado, quer alguma coisa? — Perguntou.

— Disposição. — Respondi, coçando o olho e bocejando, e ela riu.

— Tudo bem, passo na cafeteria e te trago um expresso. Bolinhos também?

— Por favor.

💍

Tay voltou pouco tempo depois com as compras e nosso café-da-manhã. Comemos em silêncio na bancada da cozinha estilo americana. Eu estranhei seu comportamento. O silêncio, quero dizer. Depois de quase um mês morando com ela, eu já sabia cada detalhe de Tay – além do que eu já sabia do pouco que conversávamos no trabalho. E pra ela estar em silêncio era porque algo grave havia acontecido. Tay era a pessoa mais bem-humorada e faladeira que eu conhecia.

— O que aconteceu? — Não me contive, e ela me olhou pelo canto dos olhos.

— Vou conhecer meu noivo hoje.

— O QUE? — Berrei.

Nossa, eu berrava essas duas palavrinhas com frequência.

— Você ainda não o conhecia? — Perguntei abismada e ela soltou uma risadinha fraca, fazendo que não com a cabeça.

— Eu já te disse quem é meu pai? — Ela perguntou e eu neguei com a cabeça. — Com certeza sabe o que é o Conselho Municipal, certo?

O Conselho Municipal é o corpo de administração de Wolverhampton. É como a prefeitura, mas menor, digamos. Decide e põe em ação melhorias pra cidade e para a população. Seu tosco bordão diz que "O Conselho Municipal de Wolverhampton: lidera, guia, apoia e inspira nossa cidade. Nos orgulhamos de estar prestando os serviços de hoje e nos impondo para vencer os desafios de amanhã." George odiava o conselho, dizia que ele realmente era bom em algumas coisas, mas em outras deixava a desejar – e muito.

Perdi as contas de quantas vezes ouvi reclamações do meu padrasto.

— Bom, meu pai faz parte do conselho. Eu sou de uma família rica, sabe? Mas não gosto de sair falando disso, porque as pessoas começam a achar que eu tenho tudo que quero porque meu pai me dá, sendo que eu trabalhei pra chegar onde estou. Com minhas próprias mãos.

Me arrependi de tê-la julgado mal quando a conheci. Achei que ela só tinha tudo que queria por causa do papai, mesmo.

Foi mal, Tay.

— E por sermos de uma família rica, meu pai quer ascender na política. Por isso, fez um contrato com o prefeito da cidade para que me casassem com o filho dele. — Ela baixou os olhos e eu quis abraçá-la até que ela se sentisse bem o suficiente pra encher o meu saco em relação a Ash de novo.

Coloquei minha mão sobre a sua, em um gesto que dizia que eu sentia muito. Ela me olhou no fundo dos olhos e sorriu.

Não falamos mais nada.

💍

Uma semana depois e as primeiras provas decisivas já haviam passado, depois de muita ralação. Ai de quem disser que biologia é fácil. Te digo uma coisa, querido: não é, não. Enfim, eu ainda tinha outras pra fazer, e a preguiça de estudar me controlava.

Namorado "Inventado" [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora