Capítulo sete

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Meu Deus, mal posso ver a hora de você se mudar pra cá, Emy! Vai ser o máximo! — Tay dizia pelo telefone. Eu ri.

— Bom, me espere! Pretendo empacotar tudo hoje, que não tenho nada pra fazer, e amanhã já vou estar aí!

Vai trazer seus móveis?

— Não, eu tenho algumas economias no banco e vou comprar coisas novas. — Respondi enquanto virava a esquina da minha rua, já procurando as chaves de casa no bolso.

E seus móveis velhos?

— Não sei. Vou vender ou doar, talvez. Ou falar pra minha mãe fazer o que quiser com eles. Ou botar fogo neles. — Respondi e ouvi a risada de Tay do outro lado da linha. — Estou chegando em casa, vou desligar agora.

Tudo bem. Me dê notícias! — Ela respondeu entusiasmada, e eu ri com isso.

— Pode deixar. Tchau, Tay.

Tchauzinho! — Desliguei

Um dia depois de ter me decidido sobre a mudança, falei com Tay. Conversamos bastante, por telefone mesmo, e ela entendeu minha situação e aceitou que eu me mudasse pra seu apartamento. Tinha um quarto extra, e a intercambista com quem ela dividia antes havia acabado de se mudar, para voltar pro seu país – o qual eu não fiz questão de memorizar qual era. Acertamos os detalhes e eu me mudaria o mais rápido possível.

Apesar disso, não havia falado com ninguém sobre isso ainda. E era exatamente o que eu estava indo fazer.

— Família! Reunião na sala, tenho algo importante pra falar! — Gritei assim que entrei em casa e joguei as chaves na mesinha ao lado da porta.

Tirei a jaqueta enquanto ia em direção à sala de estar. Joguei a peça de couro sintético no sofá e, em seguida, me joguei também. Em pouco menos de cinco minutos, mamãe, George e Abigail já estavam sentados, apenas esperando meu "algo importante".

— Bom, dois dias atrás Abby teve um acesso de ciúmes por causa de meu namoro com Ash e tivemos uma pequena discussão. — Não pude deixar de começar a conversa com esse comentário, e vi minha meia-irmã rolar os olhos. — Tenho que admitir que, depois da janta, pouco antes de ir para a faculdade, acabei ouvindo uma briga entre George e a filha. — Continuei e vi as feições dos dois mencionados mudarem.

— Emy, isso é falta de educação. – Meu padrasto disse, mas seus lábios continham um mínimo sorriso.

— Bom, eu ouvi meu nome. Além disso, vocês estavam berrando. Eu precisaria ser surda para não ouvir.

— E aonde você quer chegar com tudo isso, querida? — Minha mãe perguntou.

— Bom, ouvir Abigail dizer que eu sou "praticamente sustentada por vocês dois" — Fiz aspas com as mãos. — me fez abrir os olhos para uma realidade que eu ainda não tinha notado. Pela primeira vez em alguns anos, séculos ou milênios, não sei, Gail está certa. Por isso, decidi me mudar.

O ambiente ficou em silêncio por alguns segundos antes de eu ouvir a risada de minha meia-irmã.

— Você não pode estar falando sério! Você sequer consegue cozinhar, não duvido que consiga queimar até água, e quer morar sozinha? — Ela tirou sarro de mim, mas eu não me importei.

— Não vou morar sozinha. Vou morar com uma amiga minha.

— E você tem alguma amiga? — Ela riu ainda mais.

— Abigail, faça um favor ao mundo e cale a boca. Estou ficando com dor de cabeça. — Falei amarga, e ela se sentiu ofendida o suficiente para, gradativamente, diminuir a risada até ficar quieta. —– Já disse, vou me mudar. E você e suas piadinhas idiotas não vão me impedir disso, mesmo que você ache que eu não tenho capacidade de viver por mim mesma sem ser sustentada. Até porque pouco me importo com sua opinião, afinal, quem é você na minha vida?

Namorado "Inventado" [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora