Capítulo 4 - O que não fazer numa festa:

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- Ei! Ellen! - Ouço uma voz muito distante. - Ellen, acorde!

Abro os olhos e tento me situar. Estou numa sala estranha, com as paredes todas pintadas em verde. Definitivamente, não é a sala do meu apartamento. Eu nunca as pintaria de verde. O que está acontecendo, pelo amor de Deus? Pisco um milhão de vezes até conseguir enxergar claramente. Brenda está parada em minha frente, com o cabelo todo preso num coque e um top preto, mostrando a barriga.

- O que, porra, está acontecendo? Que lugar é esse?

- Calma aí, né. Não precisa ofender. É meu futuro-ex-apartamento.

- Ah, sim. E por que estou aqui?

- Você não lembra?

Paro por um momento, olhando ao redor da sala. Vejo rastros de destruição. Garrafas de cerveja espalhadas pelo cômodo, uma mancha enorme de bebida no tapete e algumas coisas quebradas.

- Hmmm. No mundo pós-apocalíptico?

- Quase. No mundo pós festa.

- Certo. - Consigo sentar-me no sofá e me espreguiçar. - como eu acabei dormindo aqui? E o mais importante, o que aconteceu?

- Vamos aos poucos. Você dormiu aí depois de cantar no karaokê.

- Não. - Sussurro, em negação.

- Sim. E você não cantou, você fez uma performance. E chorou.

- Não.

- Sim.

- Chorei? Por quê?

- Quem sabe? - Brenda se senta ao meu lado, com um copo de água saído do nada. Olho para o chão e vejo que uma garrafa com água está parada ali, suando. - Você começou a cantar, normal. Se jogou no chão... até normal, também. Mas depois largou o microfone e começou a chorar.

- E depois? Eu lembro vagamente disso.

- Depois você começou a dizer "eu sei que vai acabar, eu sei que vai acabar". Então eu te perguntei se você estava falando do Max. E você começou a chorar mais ainda, dizendo que ele não se importa com você, nem com nada. Aí o chamou de filho da puta egoísta, e disse que só queria jogar um pouco de GTA V.

- Quê?

- Foi isso.

Começo a rir, de nervosismo. Fazia anos que eu não frequentava uma festa, e a primeira, depois de tanto tempo em hiatos, é um desastre total. Enfio o rosto entre as mãos e a risada se transforma em gargalhada.

O que não fazer numa festa:

· Não beber até achar que cantar Roxette no chão seja normal

· Não chorar porque o namorado é um filho da puta egoísta

· Não dormir na casa em que foi feita a festa, para não ter que acordar e dar satisfação ao dono (a) da festa.

- Não acredito que dei vexame.

- Relaxa. Nem foi um vexame. Ninguém percebeu.

- Não?

Brenda balança a cabeça, negando.

- Só eu, mesmo. Aí eu te joguei aqui no sofá, e você apagou. O resto você lembra, porque foi agora.

- Certo. - Abraço-a, de olhos fechados - Desculpe mesmo assim. Prometo que nunca mais virei em nenhuma de suas festas.

- Claro que não. Não morarei mais aqui. Se você for, será em outro apartamento, pelo menos.

As Listas de Ellen [versão wattpad]Onde histórias criam vida. Descubra agora