As Listas de Ellen [versão wattpad]

Capítulo 27 - Uma nova esperança

A beleza da amizade que tenho com Andy e Brenda se deve à anos de dedicação e uma prática insistente na arte de ignorar. E toda boa amizade é baseada nesses dois princípios: dedicação e a arte de "deixar para lá". Enquanto Brenda sempre foi o tipo de amiga "eu gosto de você, mas não sei até quando posso afirmar isso", Andy é o tipo de amigo "eu te amo e sempre que puder vou estar do seu lado. Ou te mandando mensagens no telefone. Ou te ligando. Tanto faz", o que me agrada bastante, pois tenho um balanceamento agradável entre os dois. Porém, como faço os dois se darem tão bem sem se atracarem no chão – aos beijos ou aos tapas – eu não consigo dizer.

Certo dia, quando eu ainda morava com Max e a vida parecia tão bela quanto um filme do John Carney, Andy e Brenda entraram em um conflito digno de terceira-guerra mundial. Tudo por causa de um rapaz. O rapazinho chamava-se Maurice, o – na época – novo contratado da revista – que também estava passando por um momento ótimo em sua nem tão longa vida – e chamava a atenção de todos com seu estilo casual sofisticado. Ver os dois – Andy e Brenda – se matando por um interesse amoroso me pareceu bastante confuso, já que, para um ganhar, o outro teria que sofrer uma decepção enorme, pois a opção sexual de Maurice contava, e muito, para o resultado da batalha. Numa bela manhã de sábado, enquanto eu dormia abraçada com meu namorado amoroso, ouvi vozes conhecidas vindo do corredor, e corri para checar o que diabos estava tirando meu sono. Encontrei Brenda, Andy e Maurice entrelaçados na porta do apartamento vizinho. Foi a gota d'água para todo aquele drama que cercava o triângulo – de qualquer sentimento, menos amoroso – e eu não queria estar enfiada no meio dos dois quando aquilo acabasse não resultando em nada.

Separei a briga infantil que cercava o grupo e empurrei Brenda e Andy para dentro do apartamento, deixando Maurice à sorte, para o lado de fora. Com um discurso barato de "ou vocês param de brigar ou nem se importem em vir mais até aqui", acabei fazendo com que os inimigos se tornassem amigos e a guerra finalmente teve fim, trazendo paz para todas as famílias afetadas. Max me agradeceu.

E à propósito, pela opção sexual, Andy teria ganhado a briga.

E assim Brenda passou a ter uma paixão platônica por Andy. Como? Também está longe de minha compreensão.

Aparte a guerra por Maurice, foram duas as outras vezes em que questionei a amizade de Brenda e Andy. Não entre si, mas comigo. Porque toda amizade passa por alguns momentos de terremoto, e mesmo que não pareça, aquele escândalo no corredor me deixou em dúvida sobre se eu queria ou não os ter ao meu lado por mais alguns anos. A verdade é que eu sabia que queria, mas no momento, a opção "deixar para lá" estava quase sumindo. São nesses momentos que precisamos da dedicação.

Quando Brenda viu Marcus pela primeira vez, estávamos na RSIQNPPAD. De todos os amores à primeira vista, aquele foi o que mais me fez acreditar que era possível. Brenda esqueceu que estava numa mesa rodeada de amigos, e saiu em disparada para perto de onde Marcus se encontrava com seu próprio grupo de amigos. Em cinco minutos, os dois estavam engalfinhados no chão, atracando-se num emaranhado de pernas e braços e cabelos. Marcus tinha a cabeleira maior e mais bonita que a minha decepção ruiva/castanha. Depois da cena protagonizada pelos dois apaixonados em um piscar de olhos, durou sete dias até que os víssemos novamente. E quando aconteceu, eles não desgrudavam. Questionei o que Brenda me dizia sobre "amigas antes dos namorados" e pensei se ela um dia voltaria a considerar as outras pessoas a seu redor, que não Marcus. Foi difícil fazer com que os dois largassem as mãos, mas aconteceu, e acabou resultando na vida que conhecemos hoje.

E a outra vez que questionei a amizade de Brenda ou Andy está acontecendo. Depois de uma cena que me fez amá-los mais um pouco, eles me decepcionaram e fizeram todo o amor voltar à quantidade que estava antes. No limite. Mais precisamente Andy, pois Brenda foi tão decepcionada quanto eu.