Capítulo 26 - O que fazer quando se quer pensar positivamente

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- Que tipo de pessoa recusa uma oferta dessas, Ellen? - Pergunta Brenda. Brandon acabou de sair do apartamento. Literalmente acabou de sair. Assim que ele fecha a porta atrás de si, Brenda vira-se para mim e faz a pergunta.

Dou de ombros.

- Não me pareceu certo aceitar. Eu te disse que não queria nessas condições.

- Está arrependida de ter dormido com ele? Porque se não fosse isso, você iria aceitar.

Encolho os ombros, abraçando meu próprio corpo, encostado no balcão que divide a cozinha da sala.

- Não sei. O ideal mesmo seria não ter me aproximado tanto dele, pois, mesmo sem termos dormido junto... A coisa ia ficar estranha.

- Porra, Ellen. Que vontade de apertar minha mão em seu pescoço.

Sorrio, enfrentando a indignação de Brenda. Eu já esperava por isso.

- Eu sei que você não aprova minha decisão, mas eu ainda posso voltar atrás.

- Você deve ligar para ele hoje mesmo e dar uma resposta. Não é justo deixar toda a empresa esperando enquanto você tem uma crise de culpa. - Ela dá a volta até a sala e senta-se no chão, com os cotovelos apoiados na mesa de apoio, bem no centro da sala, onde estão pilhas de papéis do trabalho - A falta de um único funcionário faz uma diferença enorme.

- Como está sendo no trabalho, com tanta gente sendo demitida?

Brenda segura o olhar na parede e se perde em pensamentos, enquanto começa a falar.

- Está bem complicado. Tudo muito corrido. Como a revista agora é mensal, parece que temos mais tempo para organizar as coisas, mas é uma ilusão. Mais material, mais trabalho e menos funcionários. Não tem como arcar com a despesa de contratar mais alguém, então Cecilia está segurando o nosso setor como pode. Está um caos fodido! - Ela deixa transparecer o cansaço e a frustração - Ela está frequentando todos os dias a redação, sempre se fazendo presente e agilizando diversas coisas, mas não dá certo... até cogitamos trabalhar nos sábados.

- É mesmo? - Arqueio as sobrancelhas. Essa sempre foi uma vantagem do trabalho na revista: sábados e domingos livres.

- Sim. E você e Jess estavam fazendo trabalhos fundamentais. O site está virando uma puta bagunça. Já abriu para ver? Quase nenhuma atualização.

Balanço a cabeça, negando.

- Foi um erro ridículo ter demitido pessoas assim, sem pensar.

Me sinto mal por ouvir tantas más notícias sobre o lugar que eu tanto adoro, mas ao mesmo tempo, penso em como meu trabalho era bom para eles, e minha demissão foi só uma eventualidade.

- Já que você não aceitou o emprego na Social - e eu ainda não sei como você fez isso - onde você vai trabalhar, Ellen?

A pergunta me pegou de surpresa e me deu arrepios dos pés à cabeça. A verdade é que eu não sei, caro que não sei. Fui demitida de súbito e recusei uma oferta irrecusável. Antes, eu tinha um emprego e uma quase garantia de coisa melhor, agora não tenho nada. Nem o emprego, nem a quase garantia. Já posso abrir a janela da sala e me jogar do sexto andar?

Dou de ombros, finalmente, admitindo meu fracasso.

- Não tenho a mínima ideia. - Cruzo os braços em cima do balcão e afundo a cabeça por cima deles, choramingando. - Eu não tenho a mínima ideia do que fazer com a minha vida.

Às quatro da tarde, saí de casa com Brenda, a fim de distrair a cabeça do caos que estava acontecendo, pensar em coisas mais felizes e me iludir pensando que o futuro pode ser bom para mim, afinal. Como, eu não sei, mas o que importa é que estou tentando pensar positivamente.

As Listas de Ellen [versão wattpad]Onde histórias criam vida. Descubra agora