Saio da sala de Lucy me sentindo bem melhor do que eu sentia quando entrei. Estou tão empolgada agradecendo a oportunidade, tanto a ela quanto a Brandon – não sou mal-agradecida — que quando me viro, dou de cara com uma moça que penso ser uma modelo.
Não é.
É...
Jessica Williams! Eu sabia que conhecia esse nome de algum lugar.
— Jess! — Exclamo, incrédula. Será que estou vendo coisas, delirando, ficando louca?
— Ellen! — Ela parece tão espantada quanto eu. — O que você está fazendo aqui?
Brandon aparece atrás de mim, saindo da sala. Ele percebe Jess, e só então parece lembrar do óbvio.
— Ah! Ellen, esta é Jessica Williams. A nova contratada. Vocês já se conheciam, não? Que coincidência!
Porra!
— Sim, uma puta coincidência. — Sussurro. Brandon me entende, e prende o riso, mas Jess pergunta o que eu disse. — Disse que é uma coincidência, de fato. Bem... — Respiro fundo, não entendendo realmente porque isso me deixa chateada. Não tão chateada quanto... surpresa, realmente. Talvez não querer algo não significa que eu queira alguém o fazendo. É egoísmo, mas sou humana, tenho o direito de ser egoísta de tempos em tempos. Demoro um pouco para falar, mas finalmente concluo. — Boa sorte trabalhando aqui, Jess! Nos vemos na sexta.
Passo por ela, ainda agindo de forma equivocada – até mesmo para mim. Brandon me acompanha até o elevador, e nos despedimos.
— Você não vai se arrepender. — Ele diz.
— Obrigada. — Sorrio agradecida.
Brandon acena para mim e só dá tempo disso. A porta do elevador nos separa e começa a me levar para baixo.
*****
O tempo que passei na Social Feminin não foi longo, mas depois disso, fiquei um pouco aérea. A atmosfera do lugar ainda fazia efeito sobre mim, e eu precisei de umas doses extras de café no dia, para me situar de que eu precisava, então, passar de cinco a seis horas servindo
jovenzinhos mal-educados. Sentada numa mesa bem ao centro de um café, sozinha, eu ainda pensava em como seria agora que aceitei – ao menos eu acho que sim – o emprego "temporário" no lugar que eu sempre quis, desde o primeiro dia.
Em retrospecto, vejo que tudo o que aconteceu em minha vida nessas últimas semanas se deve apenas àquele anúncio. Se a Social Feminin não tivesse procurando funcionários com anúncios pela internet, eu nunca teria ido até lá e conhecido Brandon. Sem ter me candidatado à vaga, eu nunca teria sido demitida, o que não me faria ter que aceitar um emprego inferior, totalmente fora do meu "ramo". E com certeza, se não tivesse deixado de trabalhar para a antiga revista, eu não estaria sentada num Café qualquer, com três copos de 500ml vazios à minha frente, pensando sobre como minha vida tem sido improvável.
Talvez Max tenha um pouco a ver com isso.
A Estabilidade da Minha Vida, de um ponto de vista ou de outro, se devia a ele. Eu tinha um emprego, uma casa, um namorado e uma razão para deitar a cabeça no travesseiro, no final do dia, e pensar em como as coisas poderiam ficar daquele jeito para sempre. Eu só não sabia que no fundo, no fundo, eu não queria que nada ficasse daquele jeito para sempre.
Saio do Café e sinto instantaneamente o vento forte estapear meu rosto. O clima está agradável, e ao meio dia, o sol não é tão forte. Um jovem de camisa branca com um logotipo no peito e um boné na cabeça, muito sorridente passa por mim como um velocista e me entrega um panfleto colorido. Nunca presto atenção nesses papéis distribuídos na rua, mas hoje, algo chama minha atenção. Um casal feliz está abraçado no meio da propaganda, com sorrisos artificiais no rosto. Ao fundo, a imagem de um prédio ainda não construído foi implantada, e o anúncio gritante em cor-de-rosa diz:
"ESTE SONHO PODE SER SEU. VENHA CONHECER SEU NOVO APARTAMENTO"
Continuo andando lendo e relendo o panfleto. A única parte da minha vida que ainda se assemelha àquela vida de meses atrás é o apartamento. Max deixou que eu more em seu apartamento, mas pensando bem, não sinto como algo confiável. Até onde sei, ele não tem outros imóveis, e pode a qualquer instante querer que eu saia do lugar onde já criei raiz. Uma onda de adrenalina me invade, e saco o celular do bolso, ligando para o número anunciado no panfleto.
A ligação começa, mas é logo interrompida por um sinal que diz não ser possível concluir a chamada. Tento novamente, e a mesma coisa acontece. Talvez seja um sinal de que eu não devo fazer isso. Eu gosto tanto de morar no apartamento de Max. A sala ampla, a iluminação ambiente agradável. Dois quartos, a cozinha pequena, porém aconchegante. Eu gosto de lá. Mas eu também gostava do meu emprego, e saí. Eu também gostava da ideia de trabalhar na Social, mas acabei
aceitando um emprego numa lanchonete. Nada está igual, e decido, subitamente, que meu endereço também não permanecerá igual.
Enfio o papel, já um pouco amassado, dentro da minha bolsa, e sigo em frente.
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Desculpem a demora para atualizar! :( Porém, hoje tem double update (com o tamanho desse capítulo, tem que ter né? hahahaha) ♥
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As Listas de Ellen [versão wattpad]
ChickLitLivro 2 também completo no wattpad! (As Listas de Ex-Namorados de Ellen) VERSÃO WATTPAD, LIVRO NÃO REVISADO. °°°°° Ellen Farley é jornalista de fofoca de uma revista não muito famosa, em Nova York. Nesse mundo onde tudo vira notícia, Ellen fica sab...