Capítulo 6 - Outra pessoa

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— Por que você acha que não funciona mais? Qual é, Ellen! São quatro anos. Você tinha que ter perguntado algo! — Está dizendo Brenda. Ela não se conforma com o fato de eu ter ficado calada enquanto Max saía.

Subo as escadas sem dizer nada, apenas ouvindo o que ela fala. Está tagarelando mais que o normal. Chegamos ao andar de meu apartamento e eu finalmente me viro para ela:

— Shhhh! Max pode estar no apartamento. Assim que ele sair, nós conversamos.

— Meu Deus. E se o clima ficar ruim entre vocês? Não quero ficar no meio.

— Boa tarde, garotas! — Ouço uma voz grossa e giro meus calcanhares. É Andrew, do apartamento ao lado. Ele mora aqui desde que me mudei, e é um amor de pessoa. Um amor, amor. Virou meu amigo em poucos dias, quando eu me vi sem ninguém para buscar, e precisava desesperadamente usar a internet para uma matéria que estava fazendo em casa, então bati em sua porta. No momento em que o vi, pensei como ele era bonito, mas no momento em que ele girou a mão para me introduzir à sua casa, eu soube que nem em mil anos ele olharia para mim.

— Uffa! Andy. — Brenda correu até ele, envolvendo-se em seus braços. Ela sabe que Andrew nunca olharia para ela, mas tem esperanças de que um dia.... — Entre com a gente, por favor!

Andy começa a rir, então se vira para mim:

— Estão em apuros?

Viro o dedão para baixo e murcho a boca. Andrew solta o braço de Brenda e caminha até mim, depositando um beijo em minha testa.

— Não posso ficar agora, mas assim que chegar bato aí. Ou te ligo.

— Me liga, Andy? Nós somos vizinhos.

— E daí? Tenho crédito no celular e não tenho mais ninguém para ligar.

— De novo?

— De novo. Depois te conto. — Ele pisca um olho para mim. Sorrio, concordando.

— Olhe, Andy. Não gostei de ter me abandonado, mas eu supero quando você voltar.. Vou querer recompensa. — Diz Brenda.

Andrew volta a rir e sai andando, depois de me abraçar apertado e apertar a bochecha de Brenda com força. Ele ainda acha que ela está brincando, mesmo depois de quatro anos de assédio.

As oito da noite, Brenda ainda está na sala do meu apartamento quando ouço barulho de chave vindo de fora. Alguém está abrindo a porta, mas não é a porta do meu apartamento.

Vou até o corredor, desconfiada de uma única coisa, e ela se concretiza:

— Andy! Você não disse que viria aqui quando chegasse? — Falei, um pouco chateada.

— Eu sei. Mas ouvi vozes vindas do apartamento, e não quis interferir. Incomodar, ou coisa assim.

— Incomodar, sério? Depois de quatro anos, você continua fazendo isso. — Dei uma tapa leve em seu braço e o puxei para dentro do apartamento, pela manga da camisa. — Vê se toma jeito e não faz mais isso, por favor.

Andrew senta-se no sofá, ao lado de Brenda, que se controla para não o agarrar. Eu dei um toque nela, dizendo: pelo amor de Deus, é mais fácil ele convencer o Max a ir para o outro lado, do que ficar Andy com você!

Parece que funcionou.

Brenda conhece Andy desde que me conhece, praticamente, porque sempre estou perto dos dois, então não tem como eles não serem amigos também. Mas é uma relação estranha, a deles. Não é como se eles fossem melhores amigos. Existe uma coisa ligando os dois, e essa coisa sou eu. Acho que se eu me afastar de Andy, Brenda não falará mais com ele, pois eu não estarei lá conectando os dois. Como o fio do notebook liga o computador à pessoa que o usa. A pessoa não usará mais o aparelho, se o fio carregador não estiver lá para encher sua bateria. Mais ou menos isso que acontece entre eles. Eu sou o fio carregador que os conecta.

As Listas de Ellen [versão wattpad]Onde histórias criam vida. Descubra agora