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***Boa leitura! E não esqueçam dos meus pobres nervos! Deixem seus votos e comentários! Beijos!***

Lizzie

Ele realmente entendeu que nosso relacionamento, se é que se pode chamar aquilo de relacionamento, acabou. O Darcy não me procura mais, como pedi, e mais que isso, ele me ignora. Sempre que precisa de um cardiologista no setor dele, qualquer outra pessoa é chamada, menos eu. No mínimo está com orgulho ferido, um homem como ele não deve ser acostumado a ouvir um não. E deveria estar satisfeita com isso, mas não estou, e isso é uma droga. Nunca me interesso por ninguém, nunca me envolvo, nunca saio do foco, mas quando isso acontece, tem que ser por um cara que não vale a pena? Um cara que acha que é Deus e que pode intervir na vida das pessoas como se fosse o dono delas? Ah, Elizabeth, você já deveria saber que não nasceu pra isso.

Darcy

Nunca pensei que fosse precisar inventar problemas para me ocupar e não pensar em uma mulher. Durante muitos anos a única mulher que ocupou meus pensamentos foi a minha irmã, afinal, somos apenas nós dois no mundo, e preciso cuidar dela. Nunca ninguém mexeu comigo dessa forma, e aí Elizabeth aparece, bagunça minha vida, me faz quebrar as regras, e vai embora quando penso que as coisas vão finalmente sair do lugar. Depois da raiva e do choque, percebo que estou inquieto porque não entendo os motivos pelos quais ela decidiu pular fora. Estava tudo tão bem, e do nada ela decide que não quer estar comigo. Preciso pelo menos saber o motivo. E já sei exatamente o que fazer.

Lizzie

Essa é a pior data do ano. Escapei ano passado por ter tido uma cirurgia de emergência, mas agora não tenho desculpa. Preciso ir ao baile anual do centro médico, um evento luxuoso e de gala que reúne a aristocracia de Londres, onde são apresentados os resultados do hospital, seus prêmios, os destaques profissionais e dados dos tratamentos beneficentes, que atendem pessoas carentes, especialmente da África. Isso serve para estimular as pessoas a doar mais dinheiro, para que esses tratamentos gratuitos continuem.

E a doação ocorre em forma de um leilão, de gente. De profissionais, na verdade. Os destaques do hospital e seus resultados são apresentados, e um jantar conosco é leiloado. Me sinto um pedaço de carne exposta, mesmo sabendo que o propósito é bom.

Então, só me resta obrigar a Jane a me ajudar com a arrumação, porque preciso comparecer, impecavelmente vestida.

Darcy

Ela está linda! Com um longo vestido preto de mangas compridas sem decote nenhum na frente, mas nas costas, apenas renda, levemente transparente. Uma fenda na perna direita. Saltos altíssimos. Sexy. Poderosa. E nada vulgar.

É um evento luxuoso, voltado para a parcela da sociedade mais rica do país e da Europa, ou seja, governantes e empresários. Uma festa que ajuda o hospital a arrecadar dinheiro para tratar dos pacientes que não tem acesso a tratamento de saúde de qualidade. Um momento onde o hospital presta contas do que faz, estimulando assim as pessoas a continuarem doando. Os profissionais que se destacam em todos os setores, tem seus trabalhos expostos, e, propositalmente, Elizabeth foi uma das últimas, pura estratégia de marketing. Havia muita gente de grandes indústrias farmacêuticas, interessados em aliar nossa imagem a eles, então o melhor sempre ficava para depois, para alimentar essa ansiedade e fazer com que as doações fossem maiores.

Lizzie

Ele estava lindo, tão elegante naquele smoking. As socialites o disputavam quase aos tapas. Duvido que elas se importem com o que ele faz num centro cirúrgico, só querem a oportunidade de estar perto. E não tenho nada a ver com isso. Simplesmente nada a ver com isso. Humfp!

Darcy

Enfim, chegou a vez dela. Impossível não admirar seu jeito tímido enquanto o mestre de cerimônias bradava em alto e bom som, que quase uma centena de crianças carentes com cardiopatias congênitas foram operadas, e hoje estavam bem por causa dela. E como imaginei, as indústrias farmacêuticas estavam caindo em cima. Ela desenvolveu um novo protocolo de drogas que diminuía a rejeição em corações transplantados, e é óbvio que eles queriam uma casquinha para aparecer. Ela também estava num projeto que buscava desenvolver válvulas sintéticas, o que fez os empresários de biotecnologia entrarem numa guerra com o pessoal das drogas. E eu, no meio disso tudo, prestes a cometer uma loucura para que ela saísse comigo.

Lizzie

Oh, Deus, já não bastava essa disputa entre as indústrias farmacêuticas e as de biotecnologia, o Darcy resolve dar um lance. O Darcy! Onde ele acha que está se metendo? Tudo bem que ele é um dos sócios do maior hospital privado da Inglaterra, e pode estar envolvido com outras coisas que não sei. Mas dar um lance nesse valor astronômico e concorrer com esses caras? É muita loucura! E o que nossos colegas de trabalho vão dizer? Não tenho sequer coragem de olhar pras pessoas. Vou enviar uma mensagem e mandar ele parar com isso!

Darcy

Ela está preocupada comigo! É a hora de aproveitar!

Lizzie

Ele quer que eu saia com ele, só assim sai do leilão. Preciso fazer isso. Não vou deixá-lo gastar essa fortuna por um encontro. Principalmente um encontro para ouvir de novo que não namoro, não tenho encontros e não pretendo ter.

Darcy

Consegui! Ela me prometeu um encontro se desistir do leilão. É agora ou nunca. Ou faço Elizabeth entrar na minha vida de uma vez, ou ela vai me dar um bom motivo para esquecê-la.

Lizzie

É um idiota mesmo. Mas pelo menos desistiu. Só tem duas empresas se digladiando agora, espero que isso acabe logo. Quer dizer, gostaria que acabasse, mas não devo querer isso, porque quanto mais eles disputam, mais aumentam os lances e mais dinheiro nós teremos para fazer a coisa certa.

Darcy

É interessante ver a disputa por ela. Mas vejo em seu rosto o quão desconfortável está. Sei que não gosta de estar ali, e se o faz, é por causa das crianças que não podem pagar um tratamento de qualidade, e a admiro ainda mais por isso.

Lizzie

Ufa! Finalmente acabou. Tomei umas taças de champanhe pra tentar relaxar, mas quando achei que as coisas fossem ficar mais fáceis, Darcy me arrancou de lá. Tentei protestar, mas ele exigiu que eu cumprisse minha parte no acordo. Deixei-me levar até o carro dele. Até a casa dele. Embora meu coração batesse com força, como se gritasse para que eu fugisse dali o mais rápido possível, enquanto meu corpo implorava pra ficar.

À primeira vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora