Lizzie
Meu primeiro dia foi cheio, como eu gostava. Os pacientes eram todos novos para mim, muitos estavam internados há dias, dessa forma precisava me atualizar. Isso era bom por dois motivos. O primeiro: amo o meu trabalho, e amo me dedicar a ele. O segundo: ocupar a cabeça e esquecer a arrogância daquele cirurgião, que sequer disfarçou ao descrever minha aparência como tolerável e questionar a minha competência profissional. Na hora não demonstrei, mas fiquei indignada! Quem ele pensa que é para me chamar de tolerável? Me cuido bastante e sou até bonita. Não linda como a minha irmã Jane, mas mesmo assim, bonita. E isso não me atinge tanto, até porque preferência sobre aparência é mesmo uma questão muito pessoal, mas minha competência?? Meu profissionalismo? Como ele pôde atacar a minha reputação sem sequer me conhecer! Achei um absurdo! Afundar-me no trabalho me ajudava a esquecer, até surgir aquele chamado de emergência.
Um paciente no pós-operatório de uma cirurgia neurológica apresentou complicações, de certa forma esperadas, já que ele sofreu um grande trauma. Eu fui chamada para avaliar as condições cardíacas, pois os sinais apresentaram repentinas e drásticas alterações. Estava lendo o prontuário do paciente no tablet quando o elevador parou no terceiro andar e tive o desprazer de dividir aquele espaço com o tal de Dr. Darcy, o sujeito que fez o favor de me ofender. Sem dizer palavra, continuei a minha leitura, e disparei corredor a fora assim que as portas se abriram no sétimo andar.
O alívio, infelizmente, durou pouco, pois chegamos quase juntos ao leito do paciente. Havia complicações abdominais e ele também foi chamado. Tivemos que trabalhar juntos e decidir em conjunto o melhor para o paciente. A condição cardíaca foi estabilizada temporariamente com medicação, já os danos internos seriam reparados cirurgicamente por ele. Minha parte, naquele momento estava feita, e, a não ser que o paciente apresentasse uma intercorrência no centro cirúrgico eu só o veria novamente no dia seguinte.
Mas ao fim do meu plantão, quando saía do hospital com a enfermeira Charlotte, uma grande amiga, quase esbarrei naquele armário masculino chamado Darcy, que achou por bem me atualizar sobre o paciente e arrotar sua arrogância afirmando que a cirurgia foi um sucesso. O mais surpreendente foi a tentativa dele de me elogiar, sabe-se lá para que, atribuindo a mim também os méritos desse feito, uma vez que o coração do paciente aguentou estável todo o procedimento. Juro que tentei segurar uma alfinetada, mas não suportei, ele merecia cada palavra que disse, e enchi a boca mesmo para dizer que aquilo provavelmente era sorte, e não competência, antes de dar as costas e sair.
Claro que a Charlotte surtou com isso, obviamente ela não entendeu o motivo da minha grosseria com um homem tão bonito. Na opinião dela, claro. E não adiantou explicar o quanto ele me ofendeu anteriormente, ela só enxergava aqueles olhos azuis dele, e nada mais. Cansei de tentar explicar, e cansei de toda chateação provocada por aquele homem. Agora, eu merecia uma boa taça de vinho e um telefonema de horas com a minha irmã que não via há meses.
William
Petulante. Infantil. Imatura. Só isso para justificar a reação daquela mulher. Custava ter aceitado meu pedido de desculpas? Reconheci seu trabalho com o paciente que tivemos em comum naquela tarde. Dei um jeito de dizer isso, ela não podia ter simplesmente agradecido? Não, não podia, porque ela foi estúpida e rude na frente de outra funcionária, o que causou um constrangimento desnecessário.
De acordo com o Bingley, isso não fora um pedido de desculpas, mas desde quando ele entende disso?
Não vou me importar mais, reconheci a minha descortesia e tentei deixar claro que aquela não era a minha opinião sobre ela, mas se aquela mulher intransigente não quis aceitar as minhas desculpas, apenas lamento.

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À primeira vista
Chick-LitFan fiction moderna de Orgulho e Preconceito + Grey's Anatomy. Repostando a pedidos!