3 - O encontro

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Julho de 2014


Desde que a convidei para almoçar, aguardei ansiosamente o nosso encontro. Reencontrar a minha linda Roberta (sim, eu sei que ela ainda não é minha Roberta, mas logo será - assim espero) me trouxe uma empolgação que não tinha há tempos.

Ao sair de casa, pensei em comprar flores antes de encontrá-la. Fui à várias floriculturas de onde eu moro procurando as flores certas e nenhuma das que eu via se parecia com ela. Nenhuma era tão bonita. 

Com o tempo perdido na procura da flor ideal, percebi que já estava muito atrasado, então, não comprei nenhuma flor e fui em direção ao ponto de ônibus mais próximo. Esperei... esperei... esperei... e nada do ônibus passar. Quando ele, por fim, estacionou, já havia se passado meia hora e eu só tinha 50 minutos para chegar ao restaurante que ela escolheu - que era do outro lado do município.

Até daria tempo de chegar, se não tivesse ocorrido um acidente no caminho que criou um engarrafamento. Percebi ali que seria um dia sem sorte.

Cheguei na rua do restaurante depois de uma hora no trânsito e corri em direção a ele - como se isso fosse diminuir muito o meu atraso. Encontrei Roberta sentada no chão em frente a porta do restaurante que estava fechado. E, apesar de minha surpresa ao encontrá-la no chão, me perdi em outros pensamentos mais importantes como, por exemplo, o fato dela ser ainda mais linda do que eu me lembrava e como eu adorava, a partir daquele momento, vê-la usando vermelho... 

- Oi, Roberta! Me desculpe mesmo pelo o atraso! Estava em um engarrafamento horrível... Demorei tanto que o restaurante fechou? - Falei rindo, forçando o máximo de concentração possível. Meu Deus. Como ela estava linda.

- Oi, Antônio. Foi isso que aconteceu mesmo. - Disse, muito séria.

- Sério mesmo? Me desculpe, Chapeuzinho. Eu me atrasei porque...

- Tô brincando, Antônio! - Ela riu. - Também cheguei quase agora, então me desculpe pelo atraso, Caiozinho. - Fez um beicinho de deboche. - O Florian fechou faz alguns dias e eu não sabia... Que tristeza! Era meu restaurante favorito desde quando eu era criança. - Ela sorriu um pouco tristonha. - Fazer o que, né?

- Que susto, Chapeuzinho! Pensei que tava com raiva! - Eu ri com alívio. - Que pena... Mas e agora? Onde vamos almoçar? Pelo o que eu sei aqui só tem dois restaurantes por perto. Esse e um outro na outra rua, mas eu tenho quase certeza que lá deve estar lotado...

- Tá sim. Super lotado! Passei em frente antes de vir aqui. 

- E agora? - Nos olhamos tentando achar alguma solução e sentei no chão do lado dela. Ela me olhou mexendo em sua bolsa com um sorriso.

- Eu tenho um saquinho com amendoins sem casca, quer? - Eu achei graça.

- Amendoins no almoço? Não tem coisa melhor! Passa para cá! - Peguei o saquinho das mãos dela.

- Ei! Deixa pra mim! - Ela tentou pegar de volta.

- Tá bem. Eu divido com você. - Ela riu com um tom de indignação.

- Mas é meu!

- Isso não vem ao caso... - Ela sorriu.

- Pelo visto, é melhor sairmos daqui para tentar encontrar algo para comer, senão vamos brigar pelo o amendoim. E eu estou falando mais por mim... – Me olhou com cara de má.

- Fiquei até com medo de você, Chapeuzinho! - Eu debochei. - Mas, olha, você já tá toda errada por ter levado a cesta de doces para a Vovozinha e não ter guardado nada para a gente!

O lado bom da chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora