4 - Tempos ensolarados

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Abril de 2015




- Fui contratado! - Eu disse mais alto que deveria no ônibus.

- Não acredito! Sério? Que lindo, Antônio! Fico super feliz por você! Você merece, amor! - Ela disse ao telefone muito entusiasmada ao contrário dos últimos dias - o que me deixou mais feliz ainda.

- É, Chapeuzinho! Depois de tanto tempo aturando a chata da Ivone, eu finalmente consegui. Vou ser oficialmente um jornalista. Tô muito feliz, sério.

- Que bom, amor! Eu também tô! - Mesmo que não pudesse vê-la naquele momento, eu conseguia imaginar o seu sorriso aberto, aquele que sempre fecha seus olhos e a deixa um pouco mais linda do que o normal. Que saudade.

- Obrigada, love. Mas, me fala, como seu pai tá? Melhorou da última crise? - Eu perguntei, devido aos últimos acontecimentos.

- Bom, ele tá um pouco melhor. Mas os médicos dizem que ele pode ter recaídas a qualquer momento... - Apesar de ser difícil tocar nesse assunto, Roberta parecia mais aberta a falar sobre ele nos últimos dias - o que era um progresso.

-Hum, compreendo. E o seu irmão? Deu sinal de vida?

- Até agora nada. Depois da última briga com meu pai, ele sumiu. Não atende o telefone, não está em casa, não falou com nenhum amigo. Eu tô preocupada, mas... O que posso fazer?

- Eu queria estar aí com você, love. Eu estou com muita saudade.

- Eu também estou, meu Antônio. Mas eu não posso voltar ainda, infelizmente. - Ela respirou profundamente e depois, tentou parecer forte como sempre. - Não posso deixar ele aqui. Eu prometi que cuidaria dele e dos negócios temporariamente... E, como andam as coisas com meu irmão, acho que vou demorar mais tempo ainda.

- Eu entendo, minha linda. - Na verdade, eu menti. Eu não entendia. Eu queria que ela não estivesse lá. Queria que estivesse comigo, mas eu não podia dizer isso. Não com o pai dela com câncer e o irmão imprudente que não quer assumir compromissos.

- Mas em julho você vem, né?

- Claro, meu amor! Eu prometi e também não vejo a hora de te encontrar de novo.

- Eu também, amor! Agora vou ter que desligar, tá bem? Vou na empresa verificar algumas contas... Como sempre sobra para mim. - Ela deu um risinho. - Mais tarde eu te ligo. Beijos, meu amor.

- Está bem, minha Roberta! Até mais tarde. Beijos, minha linda. - Depois que eu disse isso, ela desligou.

 *

Em setembro, quando comemorávamos dois meses de namoro em um restaurante, Roberta recebeu uma ligação que acabou se tornando o pesadelo de nossas vidas: o seu pai estava com câncer.

Foi tudo muito rápido, ela soube naquela noite sobre o que ele tinha e no dia seguinte já estava em um avião em direção à Nova York. Não teve tempo para pensar, se organizar ou mesmo se despedir. Ela simplesmente foi.

Com a ausência de sua mãe - que morreu quando ela era pequena - e os negócios de seu pai em meio a um colapso, ela não teve outra opção a não ser ficar lá.

Ela simplesmente ficou.

Nunca pensei que passaria a maior parte do meu namoro longe da minha namorada e hoje faz exatamente sete meses que não a vejo. Durante esses últimos meses, eu tentei por três vezes visitá-la, mas como eu estava quase sendo contratado, não podia deixar o país naquele momento. Tive que me manter longe por todo esse tempo. Tudo muito frustrante e triste.

A única parte boa disso tudo é que, com a distância e o tempo, eu pude ter certeza do quanto a amo... Não vejo a hora de encontrá-la para dizer isso pessoalmente.

Por enquanto, está tudo muito ensolarado em nossas vidas, mas eu espero realmente que julho nos traga alguns bons temporais.







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Triste, né. :/

Comenta aí o que achou, valeu? E dá estrelinha pra sua amiuga aqui, por favorzinho (to fazendo beicinho).

Beijos doces.

O lado bom da chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora