7 - O plano

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Durante o jantar, Roberta me contou mais sobre os almoços que tinha quando criança com a sua mãe. Disse como era feliz naquela época e como sentia saudades daqueles momentos, o que fez com que eu quisesse por em prática o meu plano o mais rápido possível.

Quando a vi se emocionar com a música no meu carro, soube que esse plano seria a forma mais sincera de demonstrar o sentimento de gratidão por tê-la comigo. E, mesmo que ele fosse realmente muito trabalhoso e complicado, eu sabia que valeria a pena, por isso, assim que a deixei em casa depois do nosso jantar, comecei com as minhas procuras.

- Alô? Olá! Boa noite. O Senhor Amador Tavares se encontra? - Me sentei na cama e comecei a descalçar os meus sapatos. Olhei para o relógio em frente à minha cama e marcava 23 horas e 12 minutos. Seria muita sorte conseguir falar com ele. - Hum... Tudo bem. Amanhã eu ligo, então. Diga que é o Antônio Caio Sartori. De novo. Isso... Sim. Diga que é sobre o aluguel do Florian. Isso... Obrigada e boa noite.

Amador Tavares, que antes era um desconhecido, se tornou, nesta última semana, a peça principal do meu plano. Ele era, nada mais nada menos, que o dono do restaurante que a mãe de Roberta a levava constantemente quando mais nova: O Florian. Por esta razão, era imprescindível encontrá-lo o mais rápido possível, pois eu só tinha algumas semanas até o nosso segundo mês de namoro - 26 de setembro de 2014. Definitivamente, eu não tinha tempo a perder.

Depois da ligação, continuei com a pesquisa sobre como era o restaurante na década de 90.

A minha sorte era que o último locatário não fez mudanças bruscas no restaurante e ele ainda continuava parecido como antes. A única mudança era as pessoas que trabalhavam lá na época e essa era a parte trabalhosa e complicada do plano: reunir o chefe de cozinha, a recepcionista e a banda que trabalhava lá na época.

O lado bom de estarmos no século XXI é que, diferentemente dos anos 90, conseguimos encontrar pessoas muito rapidamente através das redes sociais. E comigo não foi diferente. Depois de um bom tempo de pesquisas, consegui encontrar o chefe de cozinha - José de Abreu - e a recepcionista - Maria Rita -no Facebook e mandei praticamente a mesma mensagem para os dois:

"Olá! Boa noite! Me chamo Antônio Caio Sartori e eu preciso de sua ajuda!

Depois de algumas pesquisas na Internet sobre o restaurante Florian, vi que o senhor trabalhava lá na década de 90 e eu gostaria de saber: Não gostaria de voltar a trabalhar lá só por mais um dia?

É que daqui a algumas semanas eu faço dois meses de namoro e eu queria fazer uma grande surpresa para a minha namorada... E, como a mãe dela a levava lá quando era criança e ela sempre fala bem dessa época, eu quis fazer com que ela relembrasse tudo de bom que viveu naquele restaurante. E, para isso, é necessário também reunir as pessoas que trabalhavam lá, assim como o senhor...

Se estiver interessado, por favor, não deixe de responder essa mensagem!

Um abraço!

Atenciosamente, Antônio Caio Sartori."

Como já era tarde, já imaginava que eles não responderiam no mesmo dia, então desliguei o computador e liguei para o Eduardo.

- Edu, você não vai acreditar! - Me joguei de costas na cama.

- Vai dizer que deu certo?

- Deu. Ela nem percebeu! E eu já sei qual a música vou tocar na hora... - Dei uma risada passando a mão na testa.

- Qual? - Ele perguntou

- Uma que se chama Teu cafuné do Maurício Mattar... Nunca tinha ouvido falar, mas ela é engraçada.

O lado bom da chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora