"Na sombra da partida, na luz da solidão.
Quem quer mais uma vida, só mais uma ilusão?
Procuro a saida onde vou te encontrar.
Eu vi o amor fugindo em teu olhar."
-A sombra da partida, Ritchie.-Eu já estive aqui antes - Helena sussurrou apontando a lanterna do celular no corredor de pedras.
-Em todas as vidas foi aqui que eu vivi, então você deve ter sonhado com esse lugar - Eu respondi e continuei andando.
-Eu também morava aqui? - Assenti.
-No quarto ao lado do meu, sempre ia no seu quarto, por isso vi o diário - Ela iluminou meu rosto - Mas se o diário sempre esteve lá, quem o vendeu? Como ele virou livro?
-Eu também não sei. Minha avó e meu pai não iriam vender, muito menos mostrar essa história a todos. Afinal de contas eles não iriam querer que todo mundo soubesse que a família real possui uma aberração - Ela me advertiu com o olhar e eu virei me para frente - De qualquer modo, somente meu professor entrava aqui. Mas o quarto estava sempre trancado, ninguém entrava, somente eu, que achei a chave da porta de conexão.
-Porta de conexão?
-Uma porta que liga o quarto do Príncipe e da princesa. Ela dorme no quarto dele, ou não, e se arruma no dela.
Helena iria comentar alguma coisa quando ouvimos alguma coisa. Era como sussurros. Palavras que eu não entendia. Olhei para a Helena e sua expressão era horrorizada. Havia pânico em seu olhar.
-Helena o que foi? - Ela apontou para a parede que encarava, e eu segui seu olhar. Na mesma uma sombra era vista, mas não havia ninguém por perto - Mas que diabos?
-Temos que sair daqui - Ela sussurrou e me abraçou - Louis, ele vai te matar.
A sombra. Mas o que ele fazia aqui? E tão cedo?
-Vamos - A segurei pela mão e comecei a correr. Passamos pela sombra e senti um arrepio, uma sensação ruim. Ignorei e continuei. Logo chegamos ao fim do corredor, que dava para um outro, porém cheios de portas.
Viramos a esquerda. Olhei para trás e apontei a lanterna do celular, nenhuma sombra era vista, mas não podia arriscar.
Finalmente avistei a porta e abrir, estava destrancada. Entrei, puxei a Helena comigo e fechei a porta.
-Nós tínhamos que ter saído! Ela está vindo, ela... - Segurei seu rosto e encarei seus olhos que estavam molhados pelas lágrimas.
-Eu sei quem é ela, e ela não pode me pegar - Ela me olhou duvidosa, sem querer acreditar em minhas palavras - Eu prometo.Pov Helena
"Eu prometo". A frase soou em minha cabeça, e podia jurar que já havia escutado isso dele antes. E justo por causa da angústia que veio, não consegui acreditar em suas palavras.
-Eu não consigo acreditar - Sussurrei, e pelo seu olhar, percebi que ele me escondia algo.
-Para o seu próprio bem, tente - Ele sussurrou de volta.
-E o seu?
-O meu não inporta, não irei fazer falta - Segurei seu rosto, o aproximando mais ainda.
-Não conseguiria viver mais sem você - Aproximei meu rosto do seu, mais ainda. Três toques foram escutados na porta, e o Louis se afastou, rapidamente.
-Helena vá ao quarto ao lado, na cabeceira ao lado da cama, na primeira gaveta você vai encontrar o diário. Pegue e venha, rápido - Olhei para ele, que encarava a porta.
-Quem é? - Perguntei, escutando os três toques novamente.
-Helena, vai logo - Ele olhou para mim, seus olhos dessa vez expressavam o pânico.
Resolvi obedecer e segui até a porta que conectava os dois quartos. Antes de fechar a porta olhei para trás, e percebi que o Louis se dirigia em direção da porta.
Corri para a cômoda e abri a primeira gaveta. La estava ele. Sua capa era marrom e havia o nome Helena, em letras delicadas. O segurei e me virei, porém me arrependi.
Na porta por onde havia entrada estava uma garota igual a mim. Porém seu vestido branco estava manchado de sangue, e ela carregava um olhar triste.
-Não o leve - Ela falou e percebi que sua voz era triste como sua expressão - Não o leia. Não o viva.
-Eu preciso saber a verdade - Falei sentindo o pânico me invadir.
-Não faça isso com sua vida - Ela se aproximou e pude ver o Louis, ele me chamava.
-Desculpa - Passei por ela, que não reagiu.
-Helena - Ela sussurrou e desapareceu.
-Vamos embora daqui, agora - Falei e o Louis afirmou, me puxando do quarto, pelo corredor.
...
-Melissa, o que aconteceu? - Perguntei correndo em direção a ela, que estava caída no centro da sala da coroa.
-Passei mal, não estou muito bem - Ela tentou levantar e caiu de novo.
-Você é irmã dela? - Uma senhora perguntou e eu afirmei.
-Louis, a carregue e nós vamos para o hospital - Louis levantou Melissa do chão. Agradeci a todos e saímos.
Esse era a parte dois do plano. O pedido foi para conseguirmos entrar, e o mal estar da Melissa, para sairmos. Quando ela caiu no meio da sala, todos correram para ajudar, enquanto eu e Louis saíamos.
-Conseguiu? - Ela perguntou assim que entramos no carro.
-Sim.
-Foi tudo certo? - Ela me encarou.
-Claro, bem fácil - Olhei para o Louis que assentiu, não sei até onde ela poderia acreditar. Além do mais preferia esquecer tudo aquilo.
-Posso ver?
-Não - Eu e o Louis dissemos juntos e ela fez uma cara feia.
-Eu ajudo e não posso ver? Que injustiça - Ela cruzou os braços e olhei para trás. Para o banco de trás onde Ela estava sentada.
-Acredite Melissa, você não quer saber o que tem aqui - Olhei para o velho diário.
Que segredos tinha aqui? E por que a Helena do passado não queria que eu o levasse? E se ela não deixava ninguém o tirar de lá, como esse diário virou um livro para que todos soubessem?
Olhei para o Louis que olhava concentrado para a estrada. Ele sabia que era ela que entraria naquele quarto. Então ele a encontrava?
Ele me encarou, e seu olhar me respondeu. Louis já havia visto Helena antes. Por isso ele havia dito que a sombra não poderia o pegar, pois era a sombra dela. Ou será que não? Pelo menos a sensação que tive ao passar pela Helena não foi a mesma que tive ao passar pôr aquela sombra no corredor. Além do mais ela ameaçava o Louis. Então se não era a Helena, quem era?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Curse of life
Teen FictionHelena e Louis ligados por uma maldição há décadas, mas algo está diferente dessa vez, e talvez eles terão a chance de terem um final feliz finalmente... Ou não.