Curse of life

Gabriel

Abro os olhos e percebo que estou em um quarto totalmente branco. Na frente de minha cadeira há uma mesa e uma cadeira alta, ambos dourados. Há um homem sentado na cadeira, mas ele está de costas para mim, como se não tivesse sentido minha presença ou estava me ignorando.
Olho para o lado e percebo uma porta, também dourada. Levanto e vou em sua direção, mas assim que alcanço a maçaneta percebo que a porta está trancada.
-Ela não vai abrir, não agora - O homem na cadeira falou.
-Quem é você? - Voltei para minha cadeira, que era pequena em relação a outra, e esperei a resposta.
-Você sabe quem eu sou, você já conversou comigo - Ele se virou - Mas a conversa não foi nem um pouco agradável.
Encarei o homem de olhos dourados e cabelos loiros. Ele vestia branco e possuía um rosto sereno. Mesmo parecendo não gostar muito de mim, aparentava estar disposto a me ajudar.
-Gabriel - Respondi - Eu vim pedi a você para que deixasse Helena vim morar comigo no meu reino.
-O egoísmo falava mais alto naquela época - Ele apertou os olhos, como se tentasse ler meus pensamentos - Ainda existe, mas agora você está disposto a fazer sacrifícios - Ele parou por um tempo - Não, isso é o que você esta tentando se convencer, mas não é a verdade.
-Como você pode dizer isso? Você não me conhece, eu mudei Gabriel - Falei e ele balançou a cabeça.
-Isso é o que você está tentando se convencer. Olhe suas roupas, são totalmente pretas. Se você tivesse mudado, nem que tivesse sido um pouco, elas estariam mais claras - Olhei para minhas roupas e percebi que ele estava ceeto - Sempre haverá escuridão em seu coração Louis. Essa é a infeliz verdade, e ninguém pode mudar isso. Você sabe muito bem o quanto eu gostaria, mas está acima do controle do Senhor.
-Você sempre quis o melhor de todos, até mesmo dos piores demônios - Respondi e ele sorriu - Mas se você não pode me salvar, por que me trouxe aqui? Meus amigos devem estar precisando de mim e temos pouco tempo...
-Louis, calma, seus amigos ainda dormem, mas todos estão bem. Na verdade eu devo parabeniza-lo por ter salvo aquelas pessoas - Gabriel me interrompeu sorrindo - Sobre a ideia de vocês irem ao Paraíso buscar a Melissa eu deveria prevenir vocês a não fazerem, mas sei que não vai adiantar - Ele olhou ao redor, verificando se tinha alguém - Ela esta na biblioteca, mas só a sua amiga pode vim, se você ou a perrie vierem vai chamar atenção.
-Por que está me ajudando? - Perguntei e ele sorriu.
-Gosto de ajudar os outros - Ele respondeu - Mas sobre a busca da avó de Melissa eu não posso ajudar, está além do alcance de meu domínio. Porém posso garantir que ela ainda tem vida, pouco tempo, mas tem.
-Como assim pouco tempo? - Perguntei.
-O inferno está consumindo sua energia, ela é Boa demais para estar la - Ele me encarou, esperando que eu entendesse o recado.
-Por isso me trouxe aqui. Você tem medo que eu tente levar Helena comigo para o inferno. Mas eu não vou fazer isso, nunca a obrigaria a nada! - Levantei irritado - Eu já entendi o recado e obrigado pela ajuda, mas se me der licença - Fui em direção a porta, mas ela ainda continuava fechada.
-Não é essa porta que te levará para a terra - Gabriel falou e eu me virei em sua direção - Eu o trouxe aqui pois essa é a sala que sua amiga terá que passar para chegar no Paraíso. Ela passará por um teste, feito por mim, para saber que ela merece entrar ou não - Voltei para a cadeira - Mas você não deve falar quem eu sou, isso ela que deverá adivinhar. Os antigos egípcios sempre adivinhava, ela também deve adivinhar.
-Posso ir agora ou ainda tem alguma coisa a me dizer? - Perguntei em tom irônico e percebi sua feição cansada.
-Cuidado - Ele disse - Seu anjo da guarda não pode mais te ajudar, não onde você estar, então você estará sobre sua própria responsabilidade.
-Anjo da guarda. Por que eu tenho um? - Perguntei e ele sorriu.
-Até mesmo demônios possuem anjos da guarda - Gabriel falou - Agora você deve ir. Sua presença já deve ter sido sentida e não é  algo muito bom para nossa paz - Senti minha visão ficar embassada e minha cabeça pesada - E Louis, o amor transforma a pessoa. Mas a falta dele pode destruir. Não julgue ninguém sem antes saber o que realmente aconteceu. Torço sempre por você, filho - Gabriel sorriu e a minha visão ficou totalmente branca.

Por um momento achei que estivesse morrido, mas um tapa me acordou.
-Acorda, idiota, precisamos de ajuda - Perrie falou e eu abri ps olhos.
-Precisava disso? - Perguntei encarando seus olhos azuis, que carregavam uma diversão.
-Você não acordava - Ela levantou e eu me sentei, ainda vendi tudo girar - Estamos no meio do nada e as pessoas estão acordando. Melissa e a pequena Melissa estão acalmando alguns desesperados, mas tem uma garota que está encolhida no canto e não quer falar com ninguém - Ela apontou para uma menina encolhida em um lugar afastado nas areias - A mãe dela morreu, e ela está desesperada - Pudi perceber pena nos olhos da Perrie - Precisamos começar a andar e tentar encontrar alguma vila, está muito quente e precisamos de água - Ela apontou para a frente - Acho que ali tem vida humana, mas está longe e tenho medo de escurecer - Ela me encarou.
-Você quer que eu fale com a garota, não é - Ela afirmou e eu me virei em direção e menina encolhida, que não deveria ter mais que sete anos - Eu vou tentar.
Levantei e fui em sua direção. Percebi que as pessoas estavam pela a Praia e a maioria estavam feridos, mas nada muito grave. Olhei ao redor, mas não via nada a não ser areia e calor, e sabia que era melhor andar do que ficar parado e morrer de desidratação.
-Oi pequena - Sentei ao lado da garota, mas ela não se virou.
-Não sou pequena - Ela sussurrou, ainda com a cabeça nos joelhos.
-Mas é menor do que eu - Ela levantou um pouco a cabeça, me olhando.
-Você não é alto - Ela levantou totalmente a cabeça - Meu pai tem o dobro de seu tamanho.
-E onde está seu pai? - Perguntei.
-No Egito. Mamãe e eu estávamos indo visita-lo - Lágrimas começaram a se formar em seus olhos grandes, graças a menção da mãe.
-Soube o que aconteceu com sua mamãe, mas saiba que ela...
-Esta em um lugar melhor? - Sua voz era embolada graças ao choro que começava a cair - A loira me disse, mas eu não acredito. Ela esta no meio do mar, não em um lugar melhor - Ela me encarou e percebi que mesmo tentando expressar raiva, seus olhos transbordavam tristeza.
-O corpo dela sim, mas a alma dela não - Ela levantou uma sobrancelha - Acredite, la é um lugar muito bonito.
-Como você sabe? Você já foi? - Ela perguntou com curiosidade no olhar, tirando o longo cabelo castanho do rosto.
-Já, uma vez, e quase não quis sair, mas la não é o meu lugar.
-Por que não? - Ela esticou as pernas parando de chorar. Percebi que as mesmas estavam bastante arranhadas.
-Eu não sou bom o bastante - Respondi e ela segurou minha mão.
-Mamãe dizia que todos podemos ser bons - Ela falou e por um momento me questionei de sua idade, principalmente ao se referir a mãe no passado.
-A minha tambem - Suspirei com a antiga lembrança.
-Sua mãe também morreu? - Ela perguntou.
-Sim, eu tinha cinco anos - Encarei a garotinha - Você deve saber quem ela era.
-Ela era famosa?
-Ela era uma princesa - Percebi seus olhos brilharem - Princesa Diana.
-Ela era sua mãe? Então você é um Príncipe? - Percebi um pouco de animação em sua voz.
-Sou sim - Sorri um pouco - Mas ninguém sabe disso, só você.
-Por que só eu? E a loira, sua namorada, não sabe?
-Ela não é minha namorada - Rir - Por que você acha isso?
-Porque ela se preocupa com você - Ela balançou as pernas.
-Temos que fazer um curativo nelas, mas para isso precisamos encontrar um vilarejo - Levantei querendo mudar de assunto - Você vem comigo? - Estendi a mão em sua direção.
-Claro - Ela segurou minha mão e levantou, com minha ajuda, graças as pernas muito machucadas - Mas qual o seu nome?
-Louis, e o seu? - Perguntei e ela sorriu.
-Helena. Helena com H- Sorri também, a levantando do colo.
-Vou te levar para o seu pai, Helena com H- Ela sorriu para mim e fomos em direção ao grupo, que já estava em pé.
Essa seria uma longa viagem.