Curse of life

Londres

"Quem está cansado de Londres, está cansado da vida; há em Londres tudo que a vida pode proporcionar" 

-Samuel Johnson.

-Nobody, nobody. Nobody can drag me down - Melissa batucava com os dedos na janela, seguindo o ritmo da música, enquanto cantava alto - Nobody can drag me down!

-Não gosto muito dessa banda - Falei quando a música acabou, e outro cantor pop inglês começou a cantar.

-Como assim você não gosta da One direction? - Melissa me olhou incrédula.

-Eu prefiro os clássicos, como os Beatles - Eu falei, porém seu olhar ainda era assassino, então resolvi aliviar meu discurso - Mas as músicas deles são legais?

-Legais? Eles são a melhor boy band. As músicas deles são incríveis - Ela falou, fazendo gestos com as mãos no ar.

-Eu já disse que prefiro os clássicos, mas eles são legais - Tentei me defender, porém ela só revirou os olhos e me ignorou, começando a cantar outra música.

Queria eu conseguir me distrair ou relaxar como a Melissa. Simplesmente ficava nervoso e ansioso com tudo, mas dessa vez tinha motivos. Afinal de contas estávamos indo ao encontro de uma demonia poderosa sem nenhuma fonte de poder para nos ajudar.

-Sorte nossa o Liam ter um apartamento em Londres - Melissa comentou depois de um tempo - E de ele estar passando bem na hora em que estávamos saindo... - Ela começou a se perder nos próprios pensamentos.

-O que foi? - Perguntei.

-É que, nos meus sonhos, Helena me disse que tinha alguém nos ajudando, um anjo. E será que... - Ela balançou a cabeça - É loucura minha.

-Na verdade não é, afinal de contas eu não pareço um demônio, pareço? - Pergunto e ela me encara.

-Só um pouco - Ela começa a rir. Logo uma nova música começa a tocar, fazendo-a se perder em seus pensamentos novamente.

Depois de uma hora vejo uma placa "Bem-vindo a Londres" e a minha ansiedade aumenta. Juntamente com meu nervosismo. Mesmo tendo minhas memorias, não lembro muito bem da Perrie e de seus poderes, muito menos se ela tem alguma magoa minha.

-Você tem esse mesmo rosto? - Melissa pergunta, fazendo-me encara-la.

-Como assim? - Paro no sinal vermelho, enfim nas ruas de Londres.

-Quando você está lá embaixo, você tem essa mesma aparência?

-Ah, sim - Acelerei o carro quando o sinal abriu - Por que?

-Curiosidade - Ela deu de ombros - Além de querer saber se, quando a encontrarmos, ela irá reconhece-lo.

-Ela irá, e isso me preocupa - Falei baixo, mas a Melissa prestava atenção em algo que acontecia na rua.

-Ai meu Deus! - Ela gritou - Aquele é o Ed Sheeran!

-Não vamos parar - Falei antes que ela pedisse, fazendo fazer uma cara feia.

-Claro que não, você é muito entediante para faze-lo - Ela ficou olhando pela janela, até o cantor sair de sua vista.

-Você terá outra chance de conhece-lo - Falei e sentir seu olhar sobre mim.

-Terei? - A encarei rapidamente, e pela primeira vez nessa viagem pude ver duvida em seu olhar, medo talvez.

Seguimos o resto da viagem em silêncio, nem mesmo as musica distraiam mais. O medo e a incerteza já tinha ganho, e era somente ele que cantava em nossas cabeças.

-É aqui – Paro o carro em frente a um prédio grande e antigo.

-Parece ser legal – Melissa desce do carro e coloca sua mochila no ombro.

-Só vamos ficar por uma noite, não importa se é legal ou não – Saio do carro e percebo sua carranca graças ao meu comentário rude. Murmuro um "desculpas" e sigo em direção a entrada do grande edifício.

-Bom dia – Um homem de quase trinta anos nos cumprimenta, desconfiado.

-Bom dia, somos amigos do Liam e iremos ficar em seu apartamento – Melissa falou, já com um simpático sorriso no rosto.

-Liam? Qual o apartamento? – O senhor pega uma pasta branca, com nomes e números.

-704 – Repondo conferindo o chaveiro que o Liam me entregou, em forma de urso.

-Liam Payne! Faz anos que a família Payne não vem aqui. O liam ainda era pequeno – O porteiro tem um caloroso sorriso no rosto, um pouco familiar – Meu nome é Ariel, qualquer problema é só me chamar.

-Ariel? – Perguntei encarando o homem e por um momento pude ver feições antigas em seu rosto, porém logo sua forma jovem voltou.

-Sim, como o anjo Ariel, por isso sou o protetor desse prédio – Ele riu.

-Muito obrigada – Melissa sorriu e puxou meu braço em direção ao elevador.

-Não o encare assim – Ela advertiu quando as portas do mesmo se fecharam.

-Assim como?

-Como se estivesse vendo uma aberração! – Eu queria me defender, mas creio que minha expressão era exatamente aquela.

Logo o elevador parou no sétimo andar e eu abri a porta do apartamento. Como o Liam havia dito, ele não era muito grande, porém era espaçoso. A sala tinha um sofá e uma televisão, além da pequena mesa de jantar.

-Eu vou ficar com a suíte – Melissa entrou no ultimo quarto do pequeno corredor e fechou a porta atrás de si.

Havia mais duas portas no corredor, uma do banheiro e outra do segundo quarto. pelas duas camas de solteiro, e da decoração infantil, adivinhei que aquele era o quarto de Liam e sua irmã. Deitei na cama mais próxima a porta e encarei o teto, que tinha figuras que brilhavam no escuro.

Tinha medo do que estava por vim. Sei que tenho que ser forte, mas não conseguiria. Não tinha poderes, não tinha ameaças, somente promessas contra uma demonia poderosa. Claro que tinha a vantagem de que Perrie sempre fora apaixonada por mim, mas agora seus sentimentos podem ter mudado de amor à raiva.

"-Desculpa, mas eu amo outra pessoa – Disse para a garota de olhos vermelhos e cabelos brancos.

-Ela não está aqui, está? – Ela me encarou – Ela está no paraíso, inalcançável a você.

-Mas eu irei voltar, irei buscá-la – Insisti, e pude ver um sorriso maldoso escapulir de seus lábios.

-Você sabe que ele não vai deixar, e mesmo que deixe quer mesmo trazer sua amada de coração puro para cá? Para o inferno? – Seus olhos não eram dóceis como há minutos atrás – Ela não aguentaria as torturas que você causa a varias almas, todos os dias. Os sofrimentos...

-Você é igual a ele, Perrie – Disse e ela me retribui outro sorriso maldoso.

-E você é pior que nós dois juntos – Ela se virou me deixando sozinho naquela escura sala..."

-Esse apartamento está muito limpo para estar abandonado – Melissa me tirou de minhas lembranças, fazendo-me levantar rapidamente da cama – O que foi? – Seu olhar era preocupado.

-Nada – Arrumei meu cabelo e forcei um meio sorriso, mas seu olhar ainda era desconfiado – Vamos?

-Aonde uma demônia do mal poderia estar? – Ela perguntou indo em direção a sala.

-Num bar, aonde mais seria? – Ela sorriu e saímos do apartamento, em busca da nossa salvação, ou pior destruição.

***

Demorei? Demorei. Mas aqui está :) e atualização dupla!