Capítulo 4 - A Forca

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"Às vezes me lembro de quando eu e Violet éramos pré adolescentes correndo pelo palácio Vitae e meu pai brigando conosco. Brigando por estarmos derrubando tudo e empurrando guardas sem querer.
Eu e Violet éramos irmãs inseparáveis, assim como pão e manteiga, fogueira e brasa, unha e esmalte... Nunca nos separávamos.

Nós só se separamos aos 14 anos, quando a mãe de Violet ficou doente. Pobre Kath, uma bela mulher com uma beleza inimaginável.
E assim que Kath ficou doente, o reino Aglis inteiro se ofereceu para ajudar a tão querida mulher do rei. Fizeram tantas coisas; doavam sangue, se sacrificavam por Kath. Ela era uma mulher incrível, uma mãe maravilhosa para Violet e uma esposa indispensável para o Rei Scott.
Ela melhorou depois de muitas ajudas, ficou 6 meses ótima, até que quando deu 19h45 no dia do aniversário de Violet, Kath teve um infarto e morreu na mesma hora e quando foram prestar socorro, já estava morta.

O reino Aglis, Vitae, Kawood, Port, Hawin e vários outros foram prestar homenagens à Kath. Todos do Reino Vitae foram, menos eu. Tinha muita afinidade com Kath e não queria ver minha melhor amiga chorando.
Desde aí, nunca mais Violet foi no Reino Vitae novamente, nunca mais apareceu.

Sentia tanta falta dela. Mas parece que as pessoas mudam."

...

Eu andava pelo corredor das celas com a cabeça baixa e algemada. Andava com medo e com dúvidas inimagináveis. Não entendo como alguém que me conhece desde que nasci não consegue me reconhecer apenas por eu estar suja.

Chego à outro corredor. Esse é diferente. Não tem nada. É vazio. Simplesmente tem um teto marrom, um piso marrom e paredes marrom. E bem no fim do corredor uma porta imensa. Assim que chegamos perto da porta, eu parei e olhei pro guarda assustada.
Ele me olhou e disse dando um longo sorriso:
- Bela morte pra você.
Então ele olhou para frente e me arrastou.
Assim que ele abriu a porta vi uma enorme sacada. Com grades pretas.

Olhei para frente e vi milhares, milhares não, milhões de pessoas lá em baixo. Todas elas gritando, e pulando.

E um pouco atrás da sacada vi Violet em pé com seu longo vestido do lado de uma corda grande com um espaço redondo embaixo amarrado, mais conhecida como forca, e um banquinho pequeno.
Olhei para aquela multidão, sem um ponto fixo. Apenas olhei.
Violet andou 5 passos para frente, encostou na sacada com suas mãos, levantou a cabeça e deu uma gargalhada. Mas não qualquer gargalhada, uma gargalhada imensa que aquela multidão ouviu em silêncio e começou a gritar.
Ela não falou nada, apenas me olhou de novo e disse, cruzando os braços:
- Está um belo dia, não?
Eu não disse nada, apenas dei um sorriso.
O guarda imediatamente me colocou em cima do banquinho, e colocou a forca em minha cabeça. Em nenhum momento ele deixou de me olhar com uma certa ironia.

Assim que o guarda se afastou e eu comecei a olhar aquela multidão, com um sorriso no rosto, Violet me olhou com um rosto nada bom e disse:
- E suas últimas palavras?

Eu ia ficar em silêncio, mas foi aí que me lembrei do que a moça da cela me disse. "Fale algo que só as duas entendiam."
Foi aí que lembrei da torta de morango.
- Torta de morango. - eu falei. Haviam milhões de pessoas naquele local e eu juro que não ouvi nenhum barulho quando falei isso. As pessoas se olhavam sem entender.
"Como assim, torta de morango?"

Quando eu e Violet tínhamos 12 anos, em um certo dia estávamos indo ao jardim regar as flores, foi aí que Violet me disse depois de um silêncio absoluto:
- Catarina!  Eu estou com vontade de comer uma torta de morango!
- Do nada?
- Sim! Vamos?
- Vou pedir pra Holly fazer.
- Não! Não quero empregadas fazendo! EU quero fazer.
- Não sabemos fazer uma torta de morango, Violet! Está doida?
- É verdade. Esquece. Não conte isso pra ninguém. Imagina se meus pais descobrem que eu quero uma torta de morango? Sou alérgica!
- E por que você quer uma torta de morango se você vai ficar doente depois?
- Gosto da sensação de fazer coisa errada.

Isso nunca saiu da minha mente. Foi aí que a multidão comecou a gritar:
10... 9... 8... 7...

Violet me olhou ainda espantada.

E a multidão gritava: 5... 4... 3... -
CHEGA! - foi aí que a imperatriz gritou muito alto sem intervalo de tempo.
E todas as pessoas que estavam presentes lá embaixo se calaram.

Violet, por cerca de 10 segundos, me encarou e foi se aproximando de mim.

Aquele guarda, tal de "Bagwell" se aproximou de Violet e disse:
"Amada imperatriz, o que aconteceu?"

Violet olhou para o guarda e depois olhou pra mim. A imperatriz, bem próxima de mim disse franzindo as sobrancelhas:
- Nunca ouse falar isso. Você não sabe o que isso significa. Você é uma inútil!

...

Nação Aglis - O 1° RascunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora