Capítulo 12 - Eu tenho medo

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(...)

Assim que Kentt abriu a porta e se foi, pensei nos momentos que tive com Anna. Éramos tão amigas... Tão coladas e juntas! Brincávamos tanto juntas! Sempre íamos ao parque pegar areia e jogar na outra em forma de risos e brincadeiras, mas aconteceu algo horrível, algo que me arrependo até hoje, e a querida moça ruiva de olhos escuros simplesmente se foi. Meu pai sempre perguntava por onde andava Anna e o pai dela. E eu sempre dizia que achava que estavam ocupados, nunca revelei para meu pai o sentimento de pena e tristeza que consumia o meu peito e ia até meu coração em forma de martelo. Nada é tão difícil, mas isso foi muito complicado.

O romance que vivi com Jayn foi intenso! Um romance cheio de fogo, paixão e muito amor. Assim que Anna colocou todos contra mim, Jayn se foi também. E agora tenho ele ao alcance de meus olhos. Aqueles cabelos longos e charmosos, com uma boca de tirar o fôlego. Tudo nele me excita. E acho que ele também se sente assim comigo.

(...)

Meus pensamentos iam longe, mas eu precisava cair na real.
Assim que voltei à realidade, estava nua, com o vestido na mão e olhando para a porta. Meu cabelo está digno de uma pobre camponesa, e estou admirável para aparecer em uma palestra feita nos lixões.

Coloquei o vestido rápido, fui até o banheiro e me maquiei. Sabia que podia chamar uma criada para fazer minha maquiagem, mas estava sem tempo. Sombra azul escura, delineador e um batom claro que não dava pra perceber que realmente tinha algo em minha boca. Queria ir o mais simples possível. Quero que Anna lembre de mim como eu era antes. Simples, bonita e arrumada. Não precisava de mil coisas para me produzir, não importava o quanto de moedas eu tinha. Uma moça inocente e calma, simples mas bonita. Nada de exageros.
Fiz uns remendos em meu vestido e coloquei uma sandália. Não tinha nenhuma sandália que não tinha ouro ou algo precioso, então coloquei a menos extravagante possível.
Assim que fiz isso, fui até a penteadeira arrumar meu cabelo, penteei ele bem. Sabia que precisava de um corte, não seria nada mal meu cabelo indo da coxa ao ombro. Mas morro de dó de cortar meus longos fios. Assim que terminei tudo isso, abri a porta. Tudo estava calmo naquele corredor. Pelo jeito Kentt já foi, ele não me esperaria, não depois do jeito que o tratei ontem no banquete.
Andei por aquele corredor imenso com um tapete vermelho felpudo, pensando na vida e no que Anna fará quando ver a "tão amada" ex amiga dela.

(...)

E lá estava eu, sentado naquela mesa imensa com um monte de pessoas reais, e claro, os convidados mais especiais da manhã: Anna e Jayn.
Violet não parava de olhar para a grande porta. Acho que estava esperando Catarina passar. Violet não entendia o porquê do medo dela de tomar café da manhã com Anna e Jayn. Os irmãos estavam conversando entre as damas, estavam falando sobre finanças e coisas sobre o reino que um dia pertencerá à Anna.

Eu percebi os olhares de Jayn para Catarina e os olhares de Catarina para Jayn naquele banquete do dia anterior. E senti um ar de pessoas apaixonadas. Mas não apaixonadas à poucos minutos, e sim apaixonadas como se já tivessem uma linda história de amor, um amor que os consumia, um amor inesquecível que era o fogo da paixão e o fim dos problemas. Naquela hora, no banquete, senti como se estivesse vendo um lindo casal antigo, que tinham uma linda história para contar mas se separaram por algum motivo. Percebi a tocada de Jayn na formosa cintura de Catarina e aqueles olhares intensos para aqueles olhos azuis claros dela.
Eu me sentia como se estivesse sobrando, me sentia como um abandonado que não tinha um par.
Às vezes tenho vontade de esquecer tudo. O palácio, meu pai, meus amigos (no máximo 3), minhas riquezas e ir morar bem longe de Aglis. Tudo aqui é complicado desde que Violet entrou no trono. Eu sinto falta do rei Scott! O homem que eu me inspirava à cada dia mais.

(...)

E lá vem ela, a maravilhosa e doce Catarina. Eu sentia sua respiração de longe, é como se estivesse vidrado e acostumado naquele ar intenso que saía por aquele nariz arrebitado.
Eu sentia seus passos, é como se vibrassem no meu coração em forma de melodia. Mas, dessa vez, estavam lentos. Lentos até demais.

Nação Aglis - O 1° RascunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora