Capítulo 2 - O Confronto

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"Tudo o que eu queria era comer, tomar banho e os meus pais. Não entendo onde eu esteja, não entendo como tudo pode acontecer de repente.
De repente estou penteando meu cabelo, olhando para a janela, quando vejo bombas e coisas que nunca vi.
Não achava meus pais. Não achava minha familia, só pessoas correndo e sendo mortas.
Via destruição, e coisas horríveis. Mas de repente senti um tremor embaixo dos pés, e caio em frente à janela aberta. Lembro de ver o chão se aproximando, meu medo enorme desabando comigo... E minhas palavras viraram um silêncio absoluto.

Não entendo como tudo pode acontecer, como todos os destinos mudam. Incrível quando você finalmente aprende que suas escolhas tem um rumo diferente.
Minha irmãzinha que tem apenas 7 anos morta. Morta! Por conta de pessoas que não sei o nome, não sei o porque e não sei como fizeram esse ataque. Tanta coisa pra viver Brigdith tinha... Tudo interrompido."

Eu estava pensando, enquanto andava pelo chão descascados de Aglis. Eu vi pessoas com suor, pessoas com pedras e crianças inocentes batendo em outras.
Via homens com chicotes por toda parte, usando para bater em outros homens. Só que menos arrumados. Apenas com uns lenços.

Eu olhei um palácio. Estranho.
Cheios de espinhos, guardas vestidos de pretos e torres vermelhas por todos os lados. Não via plantas em local nenhum do Reino. Não vejo nada além de sofrimento e um palácio estranho coberto por trevas e medo.

Vejo um guarda de longe, um guarda vestido de preto com uma espada na mão. Não imaginava nada naquele momento. O rosto dele expressava coragem. Coragem misturada com covardia.
Enquanto ele passava para vir em minha direção, muitas pessoas paravam e olhavam para mim como se eu estivesse morta.

O guarda veio até mim e disse:
"Você é parecida com Catarina." -
fiquei quieta. Ele continuou - A princesa que morreu junto com todos na Nação Vitae. Pena que princesa Catarina não está viva! Você é nova? Ninguém nunca passou por esses portões."
Eu franzi as sobrancelhas, dei um silêncio de 6 segundos olhando fixamente para o guarda. Não sabia o que falar.
O que eu falaria?
"Ah claro, mas eu sou a Catarina! Não morri mas meu pai morreu, minha irmã morreu e parece que todos que eu amava morreu. Incrível que eu não faço a mínima ideia onde minha mãe possa estar. Vim falar com minha amiga Violet. Preciso que ela me dê comida e abrigo, estou com fome."
Não falaria isso jamais.
Então simplesmente levantei a cabeça e disse:
"Preciso falar com Violet."
O guarda me olhou com um rosto de confuso e impiedoso.
- Quem é você pra querer falar com Violet? - ele riu alto - Ela é uma imperatriz. Você deve ser uma camponesa "gringa".
Eu olhei para o guarda e repeti: "preciso falar com Violet".
O guarda me olhou por 20 segundos, pegou a espada e a colocou em cima de meu pescoço, me olhou com um rosto nada bom e disse:
- Você é muito ousada. Todos sabem que a Nação é poderosa, ninguém fala com Violet. Aliás quem é você? Não está vendo isso ao seu redor? Pessoas chorando, e feitores com seus chicotes? Isso é só o começo, você é nova aqui, não sabe como sobreviver. Saiba que ninguém te acha bem-vinda.
Eu o olhei, dei um meio sorriso, e disse: "eu preciso falar com Violet".
O guarda me olhou por cerca de 20 segundos, tirou a espada de cima do meu pescoço, colocou em sua outra mão e me pegou pelo braço fortemente.
Ele começou a andar rápido ainda com a mão em meu braço.
Eu tive que acompanhá-lo sem opção.

Enquanto o guarda ia em direção ao palácio segurando em meu braço e com a espada na outra mão, muitas pessoas me olhavam.
Crianças me olhavam com um olhar de dó.
Havia homens, crianças e até adultos me olhando com uma certa "pena" absurda. Não gostei de ser olhada assim, mas no olhar deles via o sofrimento. Alguns gritavam "A FORCA", e outras pessoas gritavam insultos e besteiras que envolviam uma certa "forca".

Quando chegamos ao palácio, o guarda "me subiu" 25 escadas, entramos em um jardim.
Um jardim sem flores vivas. Isso. Um jardim com flores mortas; havia orquídeas, rosas, margaridas... Todas mortas.
Assim que saímos desse jardim passamos por um corredor enorme. Enquanto ele me puxava, eu pensava no que Violet faria quando me visse. O que pensaria sobre meu pai estar morto... Será que chorará comigo? Ou deixará minha tristeza profunda me matar? Me afogarei em minhas lágrimas?

Chegamos à um lugar. Uma sala.

O que eu via? Olhei para baixo e vi um tapete imenso vermelho, olhei para cima e via correntes, correntes assustadoras pretas e vermelhas, um teto preto e paredes com quadros antigos da familia de Violet. Via guardas em toda parte.

Olhei para frente, vi um grande trono. Não um grande trono mas um... ENORME trono.
Um trono vermelho. Dois guardas do lado do trono, e duas mesas pequenas dos lados com uvas e frutas que pareciam ótimas.

Via uma mulher sentada. Uma mulher com uma aparência linda.
Seus fios de cabelo em coque, um batom vermelho, um rosto sério com uma pitada de ironia naquele olhar.
Um olhar amedrontador, com uma maquiagem totalmente preta e vermelha; sardas em todo seu rosto. Ela era realmente linda, porém parecia trevônica.

E a roupa? Uma roupa de tirar o fôlego com ouro, cristais e diamantes.
Um vestido longo, muito longo, totalmente vermelho e preto que tinha um decote com renda macia e longas mangas nos braços.

Suas mãos estavam paradas e acomodadas nos braços do trono.

O guarda me levou até ela e disse:
"Com licença, senhorita amada Violet. Essa moça estava rondando lá fora, olhando por todos os lados, eu a vi e fui até ela para saber de sua origem. Parece que ela é ousada. Insistiu em falar com você. "

Aquela mulher com um olhar feroz, coque bem feito e um meio sorriso amedrontador, levantou de seu trono e disse com uma voz grossa, sensual e alta:
"Bom, oficial Bagwell, como você sabe qualquer atitude ousada, maligna, e que queira confrontar as regras feitas pela imperatriz Violet, a mais poderosa de todas, são punidas com a forca. E que trapos são esses, camponesa? Não sabe que a postura é importante e suas vestes fazem você?"

Eu a olhei. A olhei com um olhar irônico.
Não reconhecia aquela mulher.
Não reconhecia que aquela mulher era minha antiga amiga Violet.
Minha antiga amiga que ia até Vitae e íamos contentes comer frutas nas árvores de meu pai. Minha antiga amiga que brincava com meus brinquedos e sempre íamos jogar pedras juntas.

Violet me olhou. Me olhou com um olhar de "esperando resposta".
E disse:
Forca, meus queridos! - disse olhando para os oficias presentes - Prepare-a, e prepare a forca, reúna todas as pessoas de Aglis e façam ela perceber que é inútil e ousada como nunca de não responder a mulher mais poderosa de todas!"
Eu a olhei, dei um sorriso meia boca e disse com toda a ironia do mundo:
"Olá, Violet."

Nação Aglis - O 1° RascunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora