《Part 8》

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- Obrigada por me ajudar. - ela falou baixo. Parece tão misteriosa. Assenti limpando minhas mãos. Ela se levantou e a segui com o olhar. Ela se deitou no sofá e fechou os olhos. Voltei a limpar minhas mãos. Costurei todos seus machucados e tive que costurar sua sobrancelha. Nunca tinha feito isso, mas já me machuquei muito e minha vó normalmente me tratava assim. Mas eu não lutava com vampiros e outras coisas sobrenaturais.

Mariana me disse que a mordida da minha mão não era nada. Pelo o que eu entendi, existe uma fronteira mágica, e um tipo de "exame de sangue" é feito ao atravessarmos, assim podem ter controle de quem passa. E eu passei. Ela disse que humanos não podem entrar e nem as criaturas malignas do reino de Adaagar. Não entendi direito. Magia? Existe magia? Pra mim só existiam sem histórias e lendas. Mas começo a achar que as lendas estão se tornando realidade.

Arrumei as coisas que estavam em cima da mesa, e fui até a pequena sala. Mariana parecia ter dormido. Ela deve ter ficado a noite acordada. Seu rosto ainda esta machucado e seus machucados costurados estão todos enfaixados. O que fazer agora? Não posso ficar mexendo na casa de uma pessoa que mal conheço.

Olhei pela janela, e tive a visão de algumas árvores. Talvez eu possa ir lá fora, contanto que não me perca, tudo bem. Andando o mais silenciosamente possível, abri a porta que achei ser a de entrada, ficava na ponta da cozinha. O sol invadiu ainda mais meus olhos e os protegi com as mãos. Depois de me acostumar, observei em volta. Tinha árvores, mas não era uma mata fechada, tinha um caminho de pedras no chão que desaparecia por entre as árvores. A casa de Mariana era uma cabana, tinha trepadeiras subindo pelas paredes e pelo telhado, não vi mais nenhuma casa por perto. O caminho de pedras parece bem atrativo. Será que devo segui-lo?

Sem pensar muito, comecei a caminhar seguindo o caminho marcado no chão. A minha volta apenas árvores e outras plantas rasteiras. Acho que estamos longe da floresta, pois aqui é bem mais bonito. Porém ainda estou meio inerte nesse assunto de coisas sobrenaturais.

Depois de alguns passos, comecei a ouvir sons diferentes. Era o som de rodas? Talvez um carroça. Apressei o passo e cheguei a um campo aberto. Tinha umas 3 casas, quase iguais a da Mariana, tinha uma pessoa guiando uma carroça, e outras cuidando de plantações. São camponeses. Não tinha muitas pessoas, eu conseguia ver 5. Pareciam normais. As árvores circulavam o lugar, dando espaço a algumas plantações não muito grandes. Me aproximei da casa mais próxima, vi uma mulher cuidando de suas flores e me aproximei dela.

- an... ola! - falei um pouco tímida. A mulher me olhou e sorriu. Ela era ruiva, com olhos verdes e uma pele morena. Bonita. Parecia ter uns 30 anos.

- olá, menina! É nova por aqui?- ela perguntou simpática. Assenti. Ela se levantou e limpou as mãos com um pano.- de onde veio?

- da floresta.

- estava na casa da Mariana?- perguntou, parece que a conhecem. Então são bonzinhos eu suponho.

- estava. A conhecem?

- ela é a guardiã nessa parte da fronteira.- a mulher disse sorridente. Seu sorriso era sincero. Tentei fazer o mesmo.

- guardiã?- perguntei, não percebendo. Ela não me disse nada.

- sim, nos protege do mal fora das fronteiras. Você parece estar com fome!- ela disse. Pensando nisso, estou mesmo. Ainda não tinha parado para pensar nisso.

- sim. - falei tímida.

- Vamos! Venha tomar café da manhã, as crianças devem estar acordando, assim vocês comem juntos!- ela disse.

-são seus filhos?- perguntei a seguindo para dentro da casa.

- são. Meu marido está trabalhando na lavoura. Pode sentar!- ela falou chegando na cozinha. Me sentei em uma das cadeiras e a observei. A casa parecia menor por fora. Era parecida com a casa da Mariana, porém maior, e mais espaçosa.

- quer bolo ou pão?- ela perguntou se virando pra mim.

- qualquer coisa. - falei não querendo ser mal educada.

- então comerá um pouco dos dois!- disse rindo e se voltando pra bancada a sua frente.- Como Mariana está?- ela perguntou quebrando o silêncio.

- está bem. Eu acho.

- por que, 'eu acho'?- ela parecia preocupada agora.

- ela me ajudou na floresta ontem, e foi ataca por uma coisa, eu não sei. Então eu remendei seus cortes e os limpei, ela dormiu e eu sai. - falei resumindo, acho que pode não ser normal esse tipo de conversa.

- oh Meu Deus!- ela exclamou me olhando.- Pelo o que ela foi atacada?- perguntou com os olhos arregalados.

- ela mencionou um vampiro.- falei, temendo me passar por doida.

- Graças a Deus!- disse relaxando sua postura. Fiquei a olhando com curiosidade. Ela está feliz por que foi um vampiro que quase matou a Mariana?

- graças a deus?

- percebo que não sabe muito das coisas...

- é, ela disse o mesmo.- comentei triste.

- transmorfos, podem se recuperar. Mas se uma demônio os atacar, eles precisam de cuidados especiais imediatamente. Mas como foi um vampiro, ela logo estará curada. Obrigada por cuidar dela. - ela disse colocando a mesa.

- era o mínimo que eu podia fazer.- suspirei- era pra ter sido eu. E, que tipo de cuidados são esses?- como ela parece ser bem, 'comunicativa', vou aproveitar para conseguir informações.

- São cuidados de curandeiros ou bruxos, dependendo da gravidade. Tocando nesse assunto, o que você é?- ela falou pegando xícaras no armário. Sua pergunta era estranha.

- uma.. pessoa?- respondi/perguntei. Ela riu minimamente e arqueei a sobrancelha. O que ela queria saber afinal?

- não. Eu quis dizer, você é de que grupo? De que tipo você é?- agora ficou ainda mais estranho. -parece que você não sabe.- ela comentou lendo meus pensamentos.

- eu.. eu não sei, nunca me perguntaram isso! Mariana disse que eu era diferente. - não queria me passar por uma pessoa estranha, ou burra. Já estava ficando frustada.

- vou dar um exemplo. A Mariana, é um transmorfo. Eu sou uma curandeira. Meu marido é curandeiro também. Todos temos algum poder. E existem os grupos, Elfos, magos, bruxos, curandeiros, transmorfos, fadas, vampiros, demônios, entre outros. Todos os do bem vivem no reino da Rainha Helena. E seu você passou pela divisa, então tem que ter o sangue de algum desses grupos.

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