Trouble in paradise.

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24 de Outubro de 2015 - New York, NY

Suor. Corpo quente. Batimentos acelerados. Mas eu não parava. Correr era a única coisa que andava me acalmando. Fazia mais de uma hora e meia que eu corria pelo Central Park, eu sentia olhares em mim, e um paparazzi ou outro tirando algumas fotos. Meu cabelo preso em um rabo de cavalo alto grudava no meu pescoço, mas eu precisava correr, precisava dissipar a raiva que me consumia.

Depois do aniversário da Di eu tinha prometido não beber mais daquele jeito, e eu sabia que se eu fizesse isso para tirar essa raiva de mim, eu iria longe demais. Então o hábito de correr me atingiu novamente. Quando morava em Miami, sempre que precisava fugir dos meus problemas ou pensar eu corria da beira da praia, de preferencia na praia praticamente particular que meus pais mantinham um pouco longe da civilização, onde por acaso eu pedi Camila em namoro.

Eu sabia que iria acabar sofrendo. Não.. Nós não terminamos, mas eu não sei onde esse relacionamento vai parar. Seis meses. Hoje fazia exatos seis meses que Camila e eu estávamos namorando e nosso paraíso parecia estar com problemas e se formos realmente pensar, seis meses não é muito tempo. Depois do meu aniversário, as orientações de pesquisa de Camila começaram e eu me dediquei de corpo e alma na produção do álbum da Demi, que foi um sucesso diga-se de passagem, enquanto ela estudava, mas mesmo com todo o trabalho que eu estava tendo eu não deixava de fazer de tudo para ver um sorriso no rosto da minha latina, mas infelizmente não posso dizer o mesmo da parte dela.

Camila tinha que passar noites acordada para estudar os casos que seu orientador passava, mas espera, vamos voltar um pouco nessa parte.. Eu esqueci de mencionar que o orientador dela era lindo e espera, o problema não é ele ser lindo e simque ele estava se jogando pra cima da minha namorada, e por mais que ela diga que é coisa da minha cabeça, eu vi com meus próprios olhos, ele ficava cheio de gracinha pro lado dela e ou ela pensa que eu sou idiota ou é mesmo muito cega para não perceber.

Eu queria muito acreditar que ele não tem nada a ver com a nossa pequena crise, mas de um mês e meio pra cá Camila tem estado estranha, a gente mal se vê, quando nos vemos brigamos e acabamos na cama, mas nem o sexo é igual, ela não é mais a minha Camila. As vezes parece que ela não me ama mais e tem dó de me dizer isso e me magoar por saber o quanto sou dependente dela, eu temia que isso poderia acontecer, eu sabia que ser tão dependente de alguém me traria dor, eu só não sabia que quem causaria isso seria minha Camz.

Assim que o elevador se abriu na cobertura uma bola de pelos curtos correu em minha direção, Dinah havia me dado um cachorrinho de aniversário, um pequeno pug, meu Thor, fiz um carinho em sua cabecinha, retirei meus fones e peguei uma garrifinha de água na geladeira, nem tinha percebido que Camila estava sentada na bancada da cozinha com o MacBook na sua frente, ela me olhou por cima da tela rapidamente e voltou sua atenção para o que é que fazia ali enquanto falava comigo

- Bom dia. - Camila disse.

- Bom dia.

- Você tem saído bastante para correr.

- Pois é. - E um silêncio tomou conta da cozinha, eu tinha certeza que ela tinha esquecido. Passei por ela sem dizer nada e adentrei a suíte principal. Ontem quando fui busca-lá na Columbia ela dizia estar muito cansada, assim que chegou dormiu. Eu nem entendia o porque de ela querer vir pra cá as vezes, talvez fosse pra não ficar parecendo que eu só sirvo para ser sua motorista.

Tirei o top suado que me apertava, a legging, desamarrei o cabelo e entrei no box logo ligando o chuveiro e deixando a água cair por todo meu corpo, eu precisava que algo aliviasse o que eu estava sentindo. Era raiva de mim, por ter deixado minhas muralhas caírem, raiva de Camila por estar assim e dor, uma dor horrível de ser tratada como eu estava sendo. Meus olhos arderam e eu deixei algumas lágrimas rolarem em silêncio com as mãos apoiadas na parede e a cabeça em baixo da água, ouvi a porta do banheiro se abrir e nem me dei o trabalho de me virar.

The MiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora