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Música: Nightcore - The Girl

Falta apenas um dia, um dia para saber se volto a ser o que era ou se contínuo assim.

A minha vida tem estado uma loucura desde o meu "encontro" com ele.
O meu cérebro está a queimar de tanto pensar sobre os Proxy's e por causa disso não ando muito concentrada nas aulas.

Passei a dar-me melhor com Kiki e Venus e agora passo os intervalos com elas e Crystal.
E estou a ponderar em pô-las na minha lista de melhores amigas.

Jack aos poucos já tem levado algumas caixas com os seus pertences para a minha casa e devo admitir que estou contente por o meu melhor amigo ir viver comigo e com a minha família, apesar de a nossa relação estar estranha desde do dia em que eu lhe disse para contar a verdade.

- Sabem o que eu estava a pensar fazer no dia trinta e um? - Kiki pergunta aos saltinhos acordando-me dos pensamentos.

Arregalo os olhos e fico a olhar para todas com um sorriso bobo estampado no rosto.

- Doçura ou travessura! - Eu e Kimberly gritamos ao mesmo tempo enquanto damos saltinho de mãos dadas.

- Isso não é coisa de criança? - Venus diz tentando segurar o riso.

- Que idade vocês teem? Dez anos? - Crystal disse ironicamente.

Kiki e eu paramos de saltar e olhamos para Venus e Crystal ofendidas.

- Nunca digas que doces são coisas de crianças! - Digo sem tirar o olhar delas.

- Pois! Doces são coisas divinas criadas por deus! - Kiki completa com as mãos no peito e a olhar para o céu.

Elas começam a rir e nós acabamos por fazer o mesmo.

Descobri que Kiki tem uma personalidade muito parecida com a minha, mas o seu humor de vez enquando é negro; como a minha mãe sempre disse: Temos de lidar com as imperfeições e perfeições dos outros.
Mesmo assim ela não deixa de ser uma boa amiga.

O toque do final de intervalo tocou, eu e Kimberly despedimo-nos delas e fomos até á sala onde íamos ter as nossas respetivas aulas.

- Então, já sabes se vais te torna... - Não deixei Kiki terminar de falar, lancei-lhe uma folha de papel, que foi amassada até formar uma bolinha, á cara. - Au....porque é que fiseste isso?

- Essa é a minha resposta para duas coisas. A primeira é: não toques nesse assunto em público! E a segunda é:  não, ainda não me decidi. - Disse virando-me para trás enquanto apoiava o braço direito nas costas da cadeira.

A porta abriu-se num rangido, seguida de alguém a remungar por causa do barulho que fez, mostrando a professora que entrou seguida dos alunos que faltavam, incluindo Jack.

Jack dirigiu-se até á nossa mesa e sentou-se no seu lugar sem dizer alguma palavra.

A professora rapidamente começou a dar a aula - entediante - de português, que por acaso é uma das matérias que eu menos gosto; já pra não falar da professora que é um dinossauro em carne e osso, que conseguiu sobreviver á extinção em massa da sua espécie.

Mas a matéria que estavamos a dar agora interessou-me; a professora falava sobre a peça de teatro "Auto a barca do inferno" de Gil Vicente e do nada ela falou que havia muita gente - na peça - que cometia pecados e por isso acabavam por ir para a barca do inferno em vez de irem para a da glória. Ela disse que pecadores deveriam ir para lá, para o inferno, e que havia "aqueles" que cometiam os pecados sem querer e acabavam por não ir nem para o inferno nem para o céu. E por último disse que os maiores pecadores, são aqueles fazem algo de mal aos outros pecadores.

Proxy's - Pequenos PsicopatasOnde histórias criam vida. Descubra agora