Capítulo 3: Cubo de Rubik

8.8K 783 417
                                    

Eu lentamente tento virar o Cubo de Rubik. Já que não tínhamos muito dinheiro, eu sempre tentava resolver quebra-cabeças. E, quanto mais eu tentava, mais eu gostava. Noto que minhas mãos não possuem mais força para virar o cubo. O ar frio as fazia congelar. Ouço algo pesado esmagando a neve. Minha cabeça dispara e olho em volta tentando encontrar alguém, mas não havia nada. Minha respiração engata e fecho meus olhos pensando que pode ser o assassino, mas rapidamente tiro esse pensamento da cabeça antes de volta para o cubo. Nem um minuto depois, ouço novamente, mas desta vez estava mais perto e eu podia ver alguém estava andando ao lado direito do banco. Rapidamente viro minha cabeça e engulo em seco quando vejo um corpo alto. Por causa do choque, o cubo cai das minhas mãos em direção aos meus pés. Era o rapaz com uma toca na cabeça. Noto que alguns de seus cachos saem da touca. Mais uma vez, ele não estava vestido corretamente para um tempo como aquele, apenas uma camisa e um shorts.

"Você não está com frio?" Ele disse com sua voz rouca.

"Não." Minto e desvio o olhar.

"Suas mãos dizem que você está." Ele diz enquanto aponta para minhas mãos. Eu olho para elas, para as verem tremerem.

"Por que você apenas não vai embora?" Olho para cima, nos seus olhos. Suas sobrancelhas franziam sua testa enquanto olhava diretamente para mim, me dando arrepios.

"Não, você vai embora." Eu cuspo e olho para meu colo. Um silêncio surge, mas eu ainda sabia que ele estava de pé ao lado do banco, ouço o som da neve se esmagando e o barulho se tornou mais alto quando vejo dois pés nus parados em frente à mim. Olho para cima, mas ele se inclina para baixo. Olho para ele que estende a mão e pega o Cubo de Rubik. Ele fica de pé, olhando para ele.

"O que é isso?" Ele pergunta, ainda olhando para o objeto, o virando para ver cada lado.

"Você não sabe?" Pergunto perplexa quando meus olhos se arregalam um pouco. Seus olhos disparam em minha direção, com suas sobrancelhas ainda franzindo a testa, rapidamente volto a posição original, enquanto ele balança a cabeça.

"É um Cubo de Rubik." Explico e estico meu braço em direção a ele, mas ele não me devolve.

"É um quebra-cabeça?" Ele pedi e vira o objeto ao redor de suas mãos novamente.

"Sim. Eu sei que é infantil para mim fazer isso." Eu disse, e sinto uma onda de calor crescer em minhas bochechas.

"Como você faz isso?" Ele disse, ignorando a última parte da minha resposta. Ele se senta ao meu lado se sentindo confortável. De repente, seu estômago começa a resmungar alto e ele o agarra.

"Você está com fome?" Pergunto, mas ele balança a cabeça. "Se quiser algo para comer, eu tenho chocolate." Digo. Ele vira a cabeça para mim. Essa era a primeira vez que via seu rosto tão te perto. Eu tinha que dizer, ele era bonito. Mas eu sabia que ele era um menino qua tinha milhões de garotas caído a seus pés, e essas garotas eram, provavelmente, muito mais bonitas do que eu.

"Não, obrigado." Diz ele. "Mas como você faz isso?" Ele repeti a pergunta e olha para o cubo em suas mãos.

"Você tem que deixar cada lado da mesma cor e você tem que ir virando as peças até conseguir." Explico e o rapaz começa a virar as peças lentamente. "Bem assim." Digo e ele continua girando algumas peças.

"Experimente, você pode me devolver amanhã." Disse.

"Ok." Ele responde, mas continua mexendo. Olho para suas mãos e vejo que eram realmente grandes. Elas poderiam cobrir o cubo inteiro enquanto as minhas só cobriam um lado. O vento frio começa a soprar, me fazendo tremer. Mas também me envia um perfume especial a meu nariz junto com o vento, exatamente do lugar em que o rapaz estava sentado.

"Você cheira um pouco estranho." Digo calmamente, sem parar para pensar. Ele não responde, apenas aperta os lábios enquanto continua girando o cubo. Olho para seus pés nus, que eram grandes. Olho para os meus que estão um pouco fora do chão já que não tinha pernas tão longas. Olha para suas pernas, que eram magras e tonificadas. Seus estômago parecia ter gominhos e olho para seu rosto para vê-lo mordendo o lábio enquanto observava o que estava fazendo.

"Você não está com frio?" Perguntei.

"Eu nunca fico com frio." Ele simplesmente responde. Encosto minhas costas no banco, perguntando por que ele não sentia. Ele permanece em silêncio, o único som era do Cubo de Rubik. Eu lentamente me levanto e arrumo meu casaco.

"Estou indo para casa." Digo, e ele balança a cabeça em resposta. Saio em direção a entrada do edifício. Quando abro a porta, olho por cima do ombro para velo sentado no banco mexendo no cubo. De repente, ouço seu estômago roncando novamente e o cubo cai de suas mãos antes de ele agarrar o estômago e fechar os olhos de dor. Rapidamente entro e fecho a porta. Corro pelas escadas e o corredor até chegar em minha porta. Com as mãos trêmulas, abri o a porta com minhas chaves e entro o mais rápido que pude. Quando a porta se fechou, inclino minhas costas para ela e deslizo para baixo. Quando chego ao chão, percebo o quanto eu estava tremendo, o quanto minha respiração estava rápida e como o meu coração estava acelerado. Me levanto, pendurando meu casaco e cachecol no cabideiro e corro para meu quarto.

Assim que entro em meu quarto, tranco a porta e me sento no parapeito da janela, com objetivo de esquecer o que havia acontecido. Assisto os outros apartamentos e olho para aqueles qua não havia cortinas em suas janelas.

Vejo a Sra. Barker discutindo com seu namorado. Ela estava chorando e seu namorado estava gritando com ela. Eu nuca havia assistido uma discussão. Quando havia briga no colégio, eu sempre ia embora, embora aqueles que estavam em volta apoiavam o seu lutador favorito.

Olho para o apartamento do Sr. Jekons, mas as luzes não estavam acesas e ele não estava em sua sala de musculação. Levanto minhas sobrancelhas. Apenas alguns dias a trás, ele me viu sentada no banco enquanto ele caminhava pelas ruas. Ele se sentou ao meu lado e me contou sobre sua corrida. Ele me disse que começou se exercitar das 20:00 às 21:00 em sua sala de musculação e saiu para correr e voltou às 23 horas. Olho para o relógio na parede e vejo que eram quase 23:00. Me perguntava por que ele estava demorando. Eu encolho os ombros e decido ir para a cama.

Quando termino de escovar meus dentes eu volto para meu quarto, olho para meu relógio e vejo que são 23:30. Suspiro e pego meu pijama em cima da minha cama. Tiro minha camisa, apenas ficando com minha blusa preta apertada. Tremo por causa do frio e rapidamente a puxo para fora meu top.

Quando estava quase em minha calcinha, de repente sinto alguém me olhar. Minha respiração para e sinto uma sensação estranha no meu peito. Rapidamente me viro e olho para todos os lados do quarto, apenas para encontrar ninguém. Então eu olho para a janela e vejo que esta descoberta. Eu corro em direção a ela e fecho as cortinas. Ainda segurando as cortinas em minhas mãos, fecho meus olhos e respiro fundo. Finalmente solto as cortinas e me convenço de que devo ter imaginado coisas e coloco meu pijama. Pulo na cama e me enrosco nos edredons.

Minhas pálpebras ficam mais e mais pesadas, mas pouco antes de dormir, ouço vozes do outro lado da parede novamente.

"O que você fez?" Um homem gritou.

"Eu sinto muito! Eu não consegui aguentar!" Eu ouço o rapaz de cachos gritando.

"Sim e quem tem que limpar a bagunça de novo? Eu!" Ouço o homem gritar e reconheço sendo o pai do rapaz.

"Você não tinha que estragar tudo da última vez que você saiu!" O menino grita mais forte e desta vez se matem em silêncio por alguns segundos até que uma porta é fechada.

Rolo na cama de forma a ficar de costas e olho para o teto. Havia alguma coisa sobre esse rapaz, algo de diferente. Mas algo me faz ser atraída por ele, que me faz querer o conhecer melhor.

******

Votem e comente.

Todos os créditos vão para naughtysouls

Let Me In |h.s| traduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora