DIA DEZ

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O mesmo pesadelo insiste em me acordar todos os dias. Mas eu estou tentando aprender a lidar com eles a cada vez que acontece. Os detalhes são praticamente iguais, apesar de que a cada dia parecem ter mais corpos amontoados pelo chão da campina verde. A cada vez que eu volto lá, eu tento controlar meu medo só pra poder apreciar o momento em que eu posso vê-lo mais uma vez.

Pensar em Damon faz com que eu me sinta da pior forma possível. Considerar que o conteúdo daquele pesadelo pode ser uma parte da realidade da qual eu estou excluída, faz o meu coração quase sangrar de dor. Eu acredito que ele seja melhor do que isso, que o nosso amor o tenha ensinado a ser melhor, ele precisa ser melhor, e eu preciso acreditar nisso, afinal, não há muitas coisas que eu possa fazer a respeito presa nesse mundo paralelo.

Eu estou cansada de escrever, é um pouco deprimente catalogar como o tempo passa tão devagar, mas não me restam muitas opções. Eu limpo, cozinho, arrumo o meu quarto, o dos meus pais, o do meu irmão mais novo, mesmo sabendo que nenhum deles estava ali para desfrutar de toda aquela dedicação e que nunca estarão, mas eu preciso me manter ocupada para me manter sã.

Quando eu penso sobre o quanto eu estou sozinha aqui, e do tempo que ainda vou ficar, sinto vontade de desistir de tudo. Por isso eu tento não pensar, tento fingir que esse é só mais um dia comum, que no dia seguinte estará tudo bem; mesmo que eu precise fazer isso por muitos dias seguintes, eu tento focar a minha atenção no presente e esquecer um pouco do futuro solitário que me aguarda.

Diário de ElenaOnde histórias criam vida. Descubra agora