No começo

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Lei de Murphy, a regra é clara, se pode dar errado, dará. Foi assim na vida de Any, era pra dar errado, e deu.

-Any Carter, 17 anos, estudante, cursando segundo ano de química, solteira. - Luísa leu as anotações com tom de crítica - Isso é sério Any? Isso é o melhor que você pode fazer? Vamos lá, escreva essa apresentação de novo.
-Ah qual é Luh, por favor não me obrigue a escrever de novo, não estou com cabeça.
-Eu sei que depois da noite de ontem as coisas estão confusas mas que tal você tentar não deixar como está?
Estava tudo tão difícil, não dava pra fingir que estava tudo normal quando na verdade Any tinha acabado de transar com o melhor amigo do namorado. Como ela iria olhar pra Eric? Se ela contasse ele nunca iria perdoar, ela sabia que devia ter ficado em casa naquela noite.
-Estou falando com você Any.
-Estou ouvindo, só to pensando, acho que preciso conversar com o Eric sobre tudo.
Ele também estava estranho com ela fazia alguns dias, a culpa não foi totalmente dela, ele não ligava mais, sempre arrumava desculpa quando ela queria sair, estava se sentindo sozinha.
-Oi meninas, atrasei?
-Como sempre atrasou muito, mas não perdeu nada, só o dilema da vida pessoal da Any - Luísa revirou os olhos e imitou com voz fina - Acho que vou contar a verdade pro Eric, mas pera acho que ele vai querer terminar.
-Chega Luísa, já entendi sua opinião. E você como melhor concelheiro está mais do que atrasado.
É claro que o Lucas saberia como ajudar ela, ele tinha que saber, ele era o único que entendia ela como ninguém, as coisas não podiam piorar.
-Então Any, não querendo estragar o resto do seu dia problemático mas o Eric me ligou perguntando de você e disse que ta na sua casa te esperando.
A claro, é claro que podia piorar. Junto com o final do verão vem o porre das férias.
-Você ta bem? To te achando muito calada. - Lucas disse com aqueles olhos incrivelmente doces - Se quiser posso ligar de volta e dizer que você ta ocupada com a minha mãe.
Any sorriu, Lucas sempre sabia como melhorar as coisas, além de melhor amigo Lucas Singer era o melhor em guardar segredos.
-Pode deixar, vou pra casa conversar com ele, uma hora isso tem que acontecer, afinal ele é meu namorado.
-Então vou indo nessa, ajuda ela aí Lucas, vejo vocês amanhã na escola. - disse Luísa levantando apressadamente pra continuar suas compras de incio de aula.
Era exaustivo, essa coisa de voltar pra escola, se reconciliar com o namorado, Any precisava de paz.
-Então o que vamos fazer? Você pode começar me contando o que realmente aconteceu ontem ou pode me dizer o quanto estou lindo. - disse Lucas serrando os olhos e abrindo um daqueles sorrisos de conquistador.
Lucas era do tipo galã, todas as meninas da escola dariam tudo por um encontro, e ele aproveitava o máximo disso.
-Acho que só quero ficar sozinha.- respondeu Any com água nos olhos.
Ele sempre sabia como alegrar ela, mas aquela situação o demolia. Ela era o céu e a terra pra ele, não podia suportar ver ela assim.
Lucas pegou uma mecha do cabelo de Any fazendo cachinhos com a ponta do dedo atraindo toda atenção dela pra ele, ela sorriu como agradecimento, ele levantou e deu um beijo na testa dela já sabendo que ela precisava de companhia e não de ficar sozinha.
-Acho melhor você vir comigo.
Ele arrastou ela pra fora do shopping até o estacionamento. Abriu a porta do carona e correu pro outro lado entrando no carro.
-Aonde você pensa que vai me levar? Tenho que ir pra casa e meu carro ta aqui. - disse ela já se preparando pra qualquer reação.
Ele se aproximou e com um sorriso enigmático apenas disse -Você precisa relaxar Any, o babaca do Eric vai ficar te esperando lá pra sempre se for preciso.
Any já suava frio, ele era o melhor amigo dela, não podia nem pensar em tentar algo com ela.
-Acho melhor você me levar pra casa.
-Acho melhor você colocar o cinto.
Ele dirigiu pra longe, a cada curva ela sentia o coração dela ficando pra trás, ela reconheceu a estrada, saída da 12, dava em um lago da família Singer.
O lugar era grande e bonito, tinha patos por todos os lados. Os dois saíram do carro sem dizer uma só palavra, ela com a desconfiança em alta, e ele apenas com aquele ar de mistério.
-Vem aqui, deixa eu te mostrar uma coisa. - disse ele puxando ela pela mão e arrastando pra perto de uma casinha.
Uma casa na árvore, grande e pequena ao mesmo tempo, lembrava os filmes em que Any vivia sonhando.
-Uma casa na árvore? - Any riu
-Não é só uma casa na árvore bobinha, é uma casa na árvore mágica.
-Você ta me zuando né? Eu tenho 17 anos Lucky, não vou acreditar que você me trouxe aqui pra isso. - ela caía em gargalhadas sem entender a situação.
Ele se aproximou e pegou no seu queixo.
-Você esperava o que?
-Esperava estar indo pra casa. -disse ela relutante.
Ela era teimosa, e linda quando insistia.
-Para de discutir e vem ver o resto, eu te explico quando subir. - ele disse já empurrando ela pelas escadas.
A casinha era pequena, toda de madeira, cheia de galhos e folhas.
-Olha isso aqui, eu vinha aqui direto quando era criança.
Ele abriu um armário cheio de doces, e do lado esquerdo tinha um baú com cobertas e algumas camisetas. Any sentiu falta da infância.
-Você vem aqui sempre? -quis saber ela.
-Na verdade não, só quando quero pensar. Antes esse lugar era só meu, mas agora acho que posso dividir ele com você, parece que você ta precisando bem mais que eu. - sorriu de um jeito terno.
Any deu uma olhada por toda parte e se sentou achando graça da situação.
-Você me trouxe aqui pra mim pensar então?
-Mas é claro, sei que você quer fazer o certo, e acho que aqui é melhor pra pensar do que no shopping com a Luísa perguntando qual caneta é melhor pra amanhã.
Os dois caíram na gargalhada. Passaram a tarde comendo, conversando sobre o futuro, e discutindo sobre os fatos. Quando percebeu já estava tarde e precisava voltar.
-Vamos embora, preciso ir pra casa, acho que o shopping já fechou, estou sem meu carro agora.
-Ótimo, então você é minha refém. - fez cara de mal pra arrancar mais uma gargalhada dela.
-Serio Lucas vamos pra casa, ta tarde, já já minha mãe me liga. - disse com voz seria.
-Tudo bem, eu te levo pra casa princesa perdida. - disse ele num tom sarcástico se sentando nas escadas. -Mas não se preocupe com as ligações, não tem sinal aqui.
Os dois se entreolharam. Ele sabia que lá ela não teria como fugir das suas perguntas.
Ela sentou ao seu lado, ele se aproximou com muita cautela, como se ela fosse quebrar, e deu um beijo em sua testa.
-Ta legal garota teimosa, vamos pra casa, mas para de fazer essa carinha de choro vai. - Any sorriu e o abraçou, nada era melhor que aquilo.
Lucas levou ela pra casa em silêncio por todo o caminho, não se esquecendo nenhum segundo de como aquele sorriso ficou lindo na casinha da árvore.
-Obrigada, você me entende melhor do que ninguém, a Luísa iria me encher de perguntas e me impor coisas que não quero. O certo é terminar. - disse com um tom de dor.
-Só quem sabe o que é certo pra você é você mesma Any, boa sorte lá, qualquer coisa vou estar em casa, pode me ligar.
-Obrigada, você está sendo um ótimo amigo. - disse batendo a porta do carro - Tchau.
Saiu apressada pra dentro de casa nem dando tempo de ele responder.
-Não queria ser apenas amigo. - disse sozinho dentro do carro.

Lei De MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora