Mais um cadáver

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A noite estava quente, o ar da praia e aquele cheiro de maresia era como um anestésico. Gostava do lugar.
Toda noite saía pra fora de casa, e ficava olhando as ondas, aquele barulho a fazia pensar melhor. Pensar em como Lucas estava sendo ótimo. Aquele silêncio todo era ótimo, assustador as vezes, mas ótimo. Sempre ficava na frente da casa pra não ter perigo, mas ainda tinha muito medo.
Olhou Lucas fazendo a comida, sorrio ao imaginar sua vida ao lado dele.
-Acho que vou lá fora tomar um ar. - disse abrindo a porta. Os dois assentiram já sabendo que esse era seu momento de sempre.
Caminhou para frente, até seus pés tocarem a água. A água estava quente assim como o ar.

Robert
Robert se inclinou para frente quando viu Any saiu para fora da casa, com o rosto iluminado. Soube com súbita certeza que nunca desejara ninguém tanto assim.
Então Lucas apareceu na porta, estragando a imagem linda que tinha. Arruinando seus sonhos. Balançou a cabeça. Não lamentava o que aconteceria com Lucas.
Robert esperou. Sabia que Julie já estava chegando.
Viu ela caminhando pra ele sorrindo. Pobre Julie. Que comece o show, pensou.

Estava distraída ouvindo o barulho das ondas e pensando na vida, quando um grito ecoou pela praia. Uma mulher. Meu Deus. Era ele.
-Lucky, Pete. - gritou correndo pra dentro de casa.
-O que aconteceu Anyca?
-Alguém gritou lá fora, uma mulher. Aconteceu alguma coisa. Em direção as dunas. - disse desesperada.
-Eu vou ver o que é. - disse Lucas indo em direção a porta.
-Não. Pode ser Robert. Fica aqui. - implorou ela com os olhos cheios de lágrimas.
-Pete vai ficar com você e te proteger. Fique aqui por favor. As vezes não é nada. Ele não mataria alguém pra nos chamar tanta atenção assim. Se acalme Any. Eu já volto. - disse saindo porta à fora.
Pete se juntou a ela na varanda.
-O que está fazendo? - disse olhando ao redor.
-Estou esperando Lucas voltar. Ele está demorando.
O policial assentiu e eles ficaram em silencio. Estava se perguntando aonde Lucas estava, quando ouviu o namorado chamando seu nome, mesmo de longe podia sentir o pânico em sua voz. Um momento depois, Lucas apareceu vindo das dunas.
-É uma garota. - gritou ele. -Há algo errado! Venha aqui!
Demorou um instante pra Any registrar as palavras.
-O que quer dizer? O que há de errado? - gritou de volta. O medo tomava conta dela.
-Não sei! Venha logo! - gritou Lucas.
Com um súbito medo, Any começou a caminhar pela areia.
-Espere. - disse Pete. Tentou agarrar o braço dela para fazê-la parar, mas Any já havia passado por ele correndo em direção ao namorado.
-Merda! - o ouviu dizer, e depois viu que ele estava vindo atrás.

Robert
Robert observou os três correndo pela praia. Vendo-os se afastando cada vez mais da casa sentiu a adrenalina correr pelo seu corpo. Estavam fora do seu campo de visão. Se mantendo nas sombras, pegou um martelo e foi em direção a casa.

Ofegante, tentando alcançar Lucas, Any sentiu as garras do pânico. Atrás dela, ouvia Pete gritando seu nome, inplorando-lhe que voltasse pra casa.
Segundos depois entendeu pra onde Lucas se dirigia, quando viu uma mulher caída na areia.
-O que aconteceu? - perguntou Pete exausto.
-Não sei, vim na direção em que Any mandou e encontrei essa garota caída. Eu a reconheci. Ela foi uns dois dias para a escola. Se chama Julie.
-Está viva? - perguntou conferindo os batimentos.
-Está respirando com dificuldade.
Os olhos da garota estavam arregalados em total pânico.
-Ele ... Ele... Ele está aqui. Fujam... Ele vai matar todos vocês. - disse com muita dificuldade. Any sentiu o tremor tomando conta de si novamente.
A garota tentou falar mais, mas fechou os olhos e ficou inconsciente. Todos não falaram nada. Ficaram parados em choque. O medo percorria todo seu corpo. Ele. Robert. Ele estava ali. Agora ela tinha certeza.
-Pete, vá pra casa, ligue pra uma ambulância, rápido! - disse Lucas parecendo mais nervoso do que de costume.
-Não devo deixar vocês sozinhos...
-Apenas vá! - gritou Lucas. -E rápido!
Logo Pete estava correndo na escuridão deixando Lucas e Any sozinhos com a garota.

Robert
Da varanda, Robert ouviu Any gritando por causa da garota. Por um momento sorriu ao ouvi-la. Fazia muito tempo que queria se livrar de Julie, ela tinha lhe servido muito bem.
Na praia viu um súbito movimento. Sabendo o que significava Robert foi para o canto se escondendo nas sombras.
Viu Pete entrando correndo para dentro de casa. Ele abriu uma gaveta e pegou uma lista telefônica começando a folhear rapidamente.
-Vamos, vamos - disse Pete, desesperado.
Conseguiu achar o número certo. Precisava de Patinson, ele manteria sigilo.
Segundos depois viu Pete desligando o telefone, estava tão destraído que mal notou a sombra que se movia atrás de si.

-Por que Pete está demorando tanto? - perguntou aflita. -O que ele está fazendo?
Lucas não respondeu, sabendo que Any estava falando mais com ela mesma do que com ele. Em vez disso tentou tranquilizá-la.
-Ela vai ficar bem. - sussurrou.

-Talvez eu deva ir atrás de Pete, ver por que ele está demorando. - sugeriu Lucas.
Any mal o ouviu, mas fez que sim com a cabeça preocupada. Alguém precisava ficar com a garota. Ela tremia inconsciente. O que será que havia acontecido com ela? Não queria mais ninguém morrendo.

Robert
Robert olhou para a figura causa de Pete. Sim, uma coisa horrível, mas necessária e de certo modo inevitável.
E é claro que também havia o fato de Pete ter uma arma, tirou a arma de sua cintura e pensou em atirar em sua cabeça. Mas não tinha nada contra Pete, ele só estava fazendo seu trabalho.
Robert se virou, estava se dirigindo à escada quando viu Lucas vindo pela praia.
Olhando para o corpo do policial percebeu que isso seria a primeira coisa que Lucas veria. Sua mente analisou o problema, e ele se agachou, esperando os passos pesados de Lucas pela escada.

Lucas olhou pra cima, justamente quando um vulto se jogou contra ele do alto da escada. Os dois rolaram no chão chegando a areia.
Lucas caiu torcendo o pé, a dor era horrível. Não conseguia abrir os olhos. Sentiu alguém se aproximando dele. Sua vista estava embaçada. O homem pegou em seu pescoço o levantando, pode ver quem era.
Robert.
Any! Quis gritar pra ela correr. Mas Robert apertava sua garganta impedindo-o de respirar ou até mesmo falar. Com as duas mãos livres começou a socar os braços de Robert tentando se soltar. Nada. Um chute. Chutou a coxa e ele se curvou. Era o que precisava para de soltar. Empurrou Robert pra trás fazendo ele cair de costas na areia. Correu. Correu em direção as dunas. Mas estava fraco. A queda havia mortificado todo seu corpo. Ouviu um estralo. Uma arma. Um tiro. Sentiu uma dor em sua perna e caiu.
Tentou gritar.
-Any...
Seu grito saiu mais como um chiado.
Mais tonto.... Mais fraco... Tenho que salvá-la ... Tenho que protegê-la ....
Um chute na cabeça, e depois não houve nada.

Lei De MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora