Rosas Azuis

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-Então me prometa que quando voltarmos tudo volta ao seu lugar. - implorou ela.
-Eu prometo Any, prometo. - disse sussurrando em seu ouvido e se abaixando pra um beijo apaixonado.
A boca dele se uniu a dela, e ela se entregou como se não fosse existir amanhã, como se nada no mundo pudesse tira-los dali...
-Anyca? Acorda querida, seu despertador ta atrasado eu acho. Lucas ta lá em baixo te esperando. - disse sua mãe com delicadeza lhe tirando a coberta.
Ai que ótimo, perdeu a hora. Aquele sonho de novo, será que toda noite seria igual? Seu subconsciente estava lhe pregando uma peça.
Levantou apressadamente, correu para o banheiro, lavou o rosto e foi pegar a roupa.
-Avisa ele que já estou descendo mãe, por favor. - pediu ela correndo de um lado para o outro.
Roupas jogadas por todo lado, estranhou a mãe não ter reclamado pela milionésima vez sobre a bagunça toda.
Se vestiu, pegou a bolsa, olhou no celular, 3 novas mensagens.
"Bom dia bela adormecida, ta dormindo ainda? Já já estou aí. Acorda, beijos L."
Ele já sabia que ela estava atrasada, aposto que estava se revirando no sofá da sala cansado de esperar e a chingando mentalmente.
"Any preciso da sua ajuda, vestido verde ou azul? Falta dois dias pra festa. Espero que você já tenha escolhido o seu. Te vejo na escola, L."
Azul, com certeza azul. Era sua cor favorita. Mas claro que não ia dizer, Luísa gostava do verde, então diria que o verde caía perfeitamente.
Última mensagem, e a mais enigmática.
"Bom dia Any, por favor me diga que você gosta de rosas azuis, te encontro mais tarde, R."
Rosas azuis? Como assim? Claro que gostava, eram suas preferidas. Ele estava impressionando muito. O que esses caras via nela? Estavam querendo se aproximar dela pra conhecer Luísa, deduziu.
Desceu as escadas e viu Lucas sentado no sofá rindo com Patrick, ele estava vendo algo no livro de desenho. Mais uma das maluquices de Patrick. Ele amava desenhar desde quando aprendeu a pegar em uma lapis. E isso causava bastante problema, tudo que ele via ele desenhava, como Luísa tomando banho, algum rapaz na porta de casa, ou beijos inesperados.
-Bom dia meninos. - disse com um sorriso no rosto. -Diga que não me atrasei muito e que você não está cansado de esperar.
Ele a olhou de cima a baixo, parou seus olhos na pulseira de pedrinhas em seu braço, a pulseira que ele tinha dado a ela de natal. Sorriu.
-Claro que não Any, estou só criando raízes no sofá. Podemos ir? - disse olhando pra ela.
-Estou morrendo de fome na verdade. - admitiu ela com os olhos piscando freneticamente. Era uma tática que tinha de fazer ele rir e aceitar as coisas.
E ele riu.
-Eu te pago um café na escola. Se denotarmos muito acho que não consigo chegar a tempo da segunda aula. - disse já puxando ela pela porta.
Quando estavam saindo sua mãe saiu da cozinha chamado.
-Calma Any, tem uma coisa pra você, um cara muito bonito deixou aqui hoje logo cedinho. - disse ela com um buquê de rosas azuis na mão.
Era incrivelmente lindo, já tinha ganhado várias flores arrancadas de jardins, mas nada se comparava com aquilo. Era realmente lindo. E tinha um cartão. Pegou o cartão em sua mão, viu que todos estavam observando.
"Querida Any, espero que goste. R."
Só isso? Queria pelo menos uma explicação pra aquilo tudo. Um pouco de exagero pensou, mas gostou, eram muito lindas.
-Não me diga que é daquele tal de Richard. - disse o  Lucas. Ela nem precisava olhar pra ele pra saber que ele tinha revirado os olhos.
-É sim, e marquei um encontro com ele hoje a tarde depois da aula. Acho que quer conhecer a cidade. - disse fingindo indiferença.
-Ou quer conhecer sua língua Any. - gritou Patrick lá da sala rindo feito bobo. Sua mãe riu, e Lucas deu um sorriso incomodado.
Não estava acostumada a receber flores assim, mas aquilo agradou muito.
Colocou o cartão de volta no lugar, pegou sua bolsa. -Tchau mamãe, coloque em um vaso pra mim por favor, e não volto pro almoço, até mais. Saiu batendo a porta.

Que palhaçada era essa? Flores? Serio? E as preferidas dela. Como ele sabia? E como sabia aonde era a casa dela? Tinha algo errado com esse cara, ninguém podia ser tão perfeito assim. Se tivesse algo estranho ele descobriria.
Ligou o carro, e percebeu que ela estava pensando em algo.
-Vão pra onde então? - perguntou.
-Na verdade não sei, fiquei de encontrar ele no estacionamento da escola depois da aula e ele iria me levar pra algum lugar. - disse mechendo nos fios soltos.
Ela parecia estar animada, estava fingindo que não se importava, mas conhecia ela bem demais pra cair nessa farsa.
-Não faça besteira que vá se arrepender depois Any, ele é novo na cidade mas pelo visto já conhece bastante gente.
-Como assim?
-Ele conseguiu seu número com alguem. Ele descubriu o seu endereço. Sabe quais são suas flores preferidas. Não acha estranho? - disse num tom verdadeiramente preocupado.
-Na verdade até acho, mas ele parece ser um cara legal. - disse ela olhando pra ele. -Por favor Lucky, não fique colocando coisas na minha cabeça.
-Tudo bem querida, vamos correr então antes que a bruxa nos deixe pra fora. - disse desligando o carro e saindo.
Correram em direção ao corredor da escola, realmente estava fechado, ficaram esperando alguns minutos, e tiveram que esperar a primeira aula acabar pra poder entrar.
Vibra o celular.
"Oi meu amor, o que acha de um cineminha hoje a tarde? Te encontro as 5. Sua B."
Beatriz Demétrio, era uma das garotas que Lucas ficava de vez enquando, ela não o precionava, e só mandava mensagem quando estava a fim de sexo, isso era um ponto a mais pra garota.
-Beatriz mandou mensagem. Acho que vou sair com ela hoje a tarde. - disse.
Eles sempre contavam tudo um pro outro, e se queria que as coisas ficassem normais de novo teria que se esforçar pra continuar assim.
Any riu, ela não gostava de Beatriz, dizia que ela era aproveitadora e manipuladora.
-Vejo que já voltou ao normal com a pegação. - disse cerrando os olhos. -Boa sorte garanhão.
Ela sempre se incomodava quando ele saía com alguem, mas com Beatriz ela odiava.
Ficou lá olhando pra ela com aquela cara de brava, logo bateu o sinal pra segunda aula e eles entraram na sala.

Beatriz? Aff isso não acabava nunca, Any não gostava dela. Já sabia que ela só mandava mensagem pra ele quando queria sexo, e sabia que ele não resistia a uma boa transa. Isso a deixava louca.
Sem contar a história da caneta estourada, Beatriz odiava Any também, o ano passado fez questão de esbarrar nela no corredor com uma caneca estourada sujando ela inteirinha e disse que foi um acidente. Falsa.
Entraram na sala, a primeira pessoa que viu foi Richard, ele a olhava curioso, atento, e com um sorriso.
Sentou no seu lugar, o professor continuou a explicação. Estava distraída quando percebeu um papel voando em cima da sua mesa. Luísa tinha aprendida essa técnica desdo primeiro ano quando foram separadas.
"Any me diga que fisgou o bonitão. Ele não para de olhar pra você."
Any riu baixinho sozinha. Olhou pra Luísa que estava do outro lado e disse com o olhar "nada ver", as duas sorriram.
-Com licença senhorita Carter, tem algo pra contar pra gente? - o professor disse com cara fechada.
-Ãh, não senhor. Apenas um sisco no meu olho. - mentiu ficando vermelha quando todos se voltaram pra ela.
Professor virou de costa demonstrando insatisfação e continuou a explicar.
-Se sempre que entrar um sisco no seu olho você sorrir assim acho que vou ter que fazer isso acontecer sempre. - uma voz rouca atrás dela. Ela sabia que era Richard. Apenas sorriu.
Os minutos se passavam demoradamente, em alguns momentos Lucas olhava pra trás lá da outra fileira e sorria pra ela. Sentia falta dele sentado por perto.

Lei De MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora