Fuga

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Any tentou correr o mais rápido que podia na direção da única casa na praia que parecia estar ocupada. Suas pernas já estavam pesando, e parecia não sair do lugar. As luzes da casa pareciam estar mais perto, mas tinha a impressão de que não conseguiria chegar até lá.
Suas pernas... Seus pulmões ardiam... Os batimentos do seu coração...
Somente o terror a mantinha em movimento.
Correndo o máximo possível, olhou de relance por cima dos ombros, viu Robert ainda mais perto, agora podia ouvir os passos dele atrás dela.
Não ia conseguir, percebeu.
Agora ela cambaleava, tinha câimbras na panturrilha, tudo o que conseguia fazer era permanecer em pé.
E ele ainda se aproximava...
Onde estava todo mundo? Queria gritar, mas sabia, com desanimadora certeza que o barulho das ondas abafaria o som da sua voz.
Ele estava ainda mais perto. Não conseguia mais continuar.
Virou-se em direção as dunas, esperando que daquele lado tivesse algum lugar para se esconder.

Robert
Robert via os cabelos de Any voando atrás dela. Agora estava ainda mais perto, o suficiente para tentar agarrá-los.
Estava quase lá, subitamente ela virou e começou a correr em direção as dunas. Perdendo o equilíbrio, Robert tropeçou de leve. Deu uma gargalhada. Garota esperta. Tanta energia, tanto esforço. Any era igualzinha a ele. Quase bateu palmas deslumbrado.

Any viu uma casa se elevando atrás das dunas, subir pela areia seria quase impossível pra ela, seus pés estavam escorregadios, precisava usar as mãos pra se apoiar.
Por um momento, examinou a casa, era muito aberta, ampla e clara, não teria como se esconder por ali. Olhou mais adiante, o imóvel seguinte tinha uma vegetação densa, poderia se esconder ali. Se virou pra aquela direção.
Foi quando sentiu as mãos de Robert agarrando seu tornozelo. Perdendo o equilíbrio, caiu pro outro lado. Quando Robert a alcançou, curvou-se e a segurou pelos braços, ajudando-a a se levantar.
-Você é realmente um prêmio. - disse com um sorriso no rosto. -Soube disso no momento em que a conheci.
Any de debateu, e sentiu os dedos de Robert se afundarem ainda mais nos seus braços. Lutou ainda mais.
-Não faça isso querida. - disse ele. -Não percebe que isso sempre esteve destinado a acontecer?
Any se contorceu tentando se soltar dele. As lágrimas queimavam nos seus olhos.
-Me largue! - gritou.
Robert a segurou com ainda mais força, provocando-lhe uma expressão de dor. Deu um sorriso como se estivesse se divertindo e perguntando : não está vendo como isso é inútil?
-Acho que devemos ir. - sugeriu calmamente.
-Não vou a lugar nenhum com você!
Ela se contorceu ainda mais, conseguindo se soltar, mas quando conseguiu se afastar dele, sentiu suas mãos lhe empurrando forte pro chão.
Olhando-a de cima, ele encarou suavemente ela, como se estivesse realmente apaixonado.
-Você está bem meu amor? - perguntou. -Sinto muito ter tido de fazer isso, mas precisamos conversar.
Ela falava calmamente, com doçura na voz e no olhar, como se não fosse o maluco psicopata que a estava perseguindo.
Ele queria conversar. Apenas conversar. Talvez se parasse de correr e conversasse com ele do jeito que ele queria conseguiria esclarecer e finalmente terminar com essa confusão.
Não! Dane-se! Pensou.
Assim que ele começou a se mover em sua direção, Any se levantou e tentou correr, mas Robert agarrou seus cabelos e os puxou com força. Ela o ouviu dar uma risada de espanto.
-Por que está dificultando as coisas? - perguntou.
-O que você quer comigo? - disse soando desesperada. -Se você quer o seu dinheiro eu te entrego tudo, não preciso desse dinheiro, me solte apenas, te devolvo cada centavo.
-Não minha querida, eu não quero o dinheiro, quero você! - disse se aproximando e pegando em seu rosto.
Any começou a lutar furiosamente, atingindo Robert no rosto e no peito. Ele puxou seus cabelos de novo a fazendo gritar.
-Por que você continua lutando contra mim? - perguntou com voz e expressão tristes, como se tentasse acalmar uma criança rebelde. -Não vê que acabou? Agora somos só nos dois. Não há nenhum motivo pra você agir assim.
-Me largue! - gritou. -Fique longe de mim.
-Pense em tudo que podemos fazer juntos. - disse ele. -Sabe, nós somos iguais. Sobreviventes.
-Não vou fazer nada junto com você! - gritou. -Eu odeio você!
Ele a puxou violentamente pelos cabelos mais uma vez, fazendo-a cair de joelhos.
-Não diga isso.
-Odeio você! - gritou ela de novo.
-Estou falando serio. - falou ele mais baixo e ameaçadoramente. -Sei que está chateada, mas não vou machucá-la querida.
-Vá pro inferno. - gritou ela com ainda mais ódio.
Any sentia seus joelhos arderem em protesto. Estava cansada. Mas queria fugir.
Robert a olhou com expressão curiosa, como se quisesse entender o que ela estava sentindo. Ficou encarando-a como se fosse a primeira vez que a estava vendo.
-O que você disse?
-Vá pro inferno. - respondeu com mais raiva em sua voz.
Robert levou suas mãos pra trás das costas, e Any viu ele tirando uma arma de trás de si.

Lei De MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora